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Base aliada corre para esvaziar CPI do Cachoeira

Instalação da comissão era dada como certa até a semana passada. Mas, agora, Planalto avalia que investigação traz mais riscos do que benefícios ao governo

Por Gabriel Castro
17 abr 2012, 07h56

“Se houver um entendimento, diminui o ímpeto pela CPI”.

Vital do Rêgo Filho, senador cotado para presidir a comissão

A criação da CPI para investigar as ligações do contraventor Carlinhos Cachoeira com políticos parecia apenas uma questão de tempo na semana passada: tanto na Câmara quanto no Senado, representantes de todos os partidos apoiavam a instalação da comissão. Seria a primeira grande CPI da atual legislatura, mas o consenso construído por questões pragmáticas hoje está ameaçado. De início, a base aliada embarcou na ideia porque o senador Demóstenes Torres, que ainda pertencia ao DEM, era o principal alvo das denúncias – que tinham ainda potencial para atingir o tucano Marconi Perillo, governador de Goiás. Já a oposição aceitou a investigação apostando na máxima de que, em uma CPI o governo sempre sai mais desgastado, sobretudo porque áudios da Polícia Federal indicavam que a máfia de Cachoeira se infiltrou no governo do petista Agnelo Queiroz no Distrito Federal, além de manter relações com parlamentares do PT.

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Base e oposição aceitaram a CPI, portanto, porque pretendiam empurrar a investigação para o terreno adversário – para os governistas, havia ainda a vantagem de ter como certo o comando dos trabalhos. Nos últimos dias, porém, o ímpeto de instaurar a comissão passou a diminuir. Do lado governista, o recuo é visível. A explicação: ao Palácio do Planalto, a CPI traz mais riscos do que vantagens. A Delta, a principal empreiteira do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), aparece nas investigações da PF com fortes ligações com a quadrilha de Cachoeira.

A movimentação para enterrar a CPI foi notada no Congresso: “Houve muitos bombeiros tentando apagar o incêndio. Mas acho que é tarde demais”, avalia Álvaro Dias (PSDB-PR), líder tucano no Senado. A coleta de assinaturas teve início na última quinta-feira – e a expectativa é de que o número mínimo necessário (171 deputados e 27 senadores) seja atingido já nesta terça. A partir daí, a decisão ficará nas mãos do presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), que prometeu dar prosseguimento imediato à criação da comissão. O peemedebista, porém, está temporariamente fora do jogo, recuperando-se de uma cirurgia cardíaca.

Quem assume o posto interinamente é Marta Suplicy (PT-SP). O imprevisto pode ajudar o governo a segurar a instalação da CPI, mas é pouco provável que o freio seja suficiente para impedir o avanço da comissão. Além dos líderes partidários, o próprio Sarney e Marco Maia (PT-RS), presidente da Câmara, haviam fechado um acordo pela investigação.

Hesitação – Mas poucos reclamariam se, por alguma razão, a Comissão Parlamentar de Inquérito afundasse. Até o senador Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB), cotado para presidir a CPI, diz “torcer” para que a investigação não seja necessária. Na avaliação dele, a comissão só existirá se o Supremo Tribunal Federal (STF) se recusar, pela segunda vez, a remeter o inquérito da operação Monte Carlo ao Senado. A primeira decisão foi tomada pelo relator do caso, o ministo Ricardo Lewandowski. Ele alegou que, em investigações sigilosas, apenas uma Comissão Parlamentar de Inquérito pode requisitar os autos.

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“Até certo ponto, o pontapé inicial da CPI foi a resposta que veio do ministro Lewandowski”, diz Vital. “Se houver um entendimento, diminui o ímpeto pela CPI”, admite ele. Nesta terça-feira, os senadores Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), presidente do Conselho de Ética, Humberto Costa (PT-CE), relator do processo contra Demóstenes no colegiado, e o próprio Vital, corregedor do Senado, têm um encontro marcado com Lewandowski. O trio tentará convencer o ministro a liberar o acesso às investigações – o que esvaziaria o apelo pela CPI.

Já o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (PT-SP), pertence ao grupo que pretende usar a comissão para atingir o grupo oposicionista – com Demóstenes Torres fora do DEM, o alvo principal passa a ser o tucano Marconi Perillo. Mas Tatto quer poupar outro governador: Agnelo Queiroz: “Não vejo necessidade de chamar o Agnelo. Na minha convicção, daquilo que eu já li, é diferente do Marconi Perillo, que tem uma relação com o Carlinhos Cachoeira”.

Ciente do uso partidário que alguns petistas pretendem dar à investigação, a oposição tem pleiteado uma divisão no comando do colegiado. PT e PMDB dividiriam a relatoria e a presidência da comissão, como define o critério da maior bancada. Mas PSDB, DEM e PPS pedem um dos cargos-chave da CPI. “Temos que manter uma postura de isenção”, diz Álvaro Dias.

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