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A disputa de ‘pesos-pesados’ pelo Senado em SP

José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (PSD) enfrentarão Eduardo Suplicy (PT), que está há mais de uma década na cadeira numa acirrada disputa no Estado

Por Felipe Frazão 13 jul 2014, 21h40

A disputa pela vaga única de senador por São Paulo nas eleições de outubro reunirá três nomes de peso: além do atual ocupante da cadeira, Eduardo Suplicy (PT), ingressaram na campanha o ex-governador José Serra (PSDB) e o ex-prefeito da capital paulista Gilberto Kassab (PSD). O cenário, alterado de última hora, faz desta a mais concorrida campanha paulista ao Senado, após 24 anos de mandatos consecutivos de Suplicy.

Antes mesmo de Serra assumir a candidatura, Suplicy já esperava que a disputa acabaria polarizada entre ele e o tucano: “Já esperava que o Serra se candidatasse quando saiu a pesquisa Datafolha”, disse em conversa com jornalistas. A pesquisa a que o petista se refere foi realizada no início de junho e mostrou o tucano em vantagem, ainda que sua candidatura não fosse oficial à época. Serra apareceu com 41% das intenções de voto, e Suplicy marcou 32% – o nome de Kassab não foi testado na ocasião.

Pelo menos dois fatores tornam a disputa mais complicada para Suplicy desta vez: a menor exposição na TV e a perda do favoritismo para Serra. Condição decisiva para o tucano ter aceitado integrar a chapa do governador Geraldo Alckmin (PSDB), o tempo de televisão deve ser dividido de forma equilibrada entre os três principais candidatos ao Senado, com ligeira vantagem para Kassab. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) ainda definirá o espaço a que cada candidato terá direito no horário eleitoral, mas Kassab deve aparecer, em cada bloco de propaganda, por cerca de 2 minutos e 50 segundos; Serra terá 2 minutos e 20 segundos; e Suplicy, 2 minutos e dois segundos. A propaganda na TV deve ser uma das principais armas de Serra e de Kassab.

Outro fator pesou na decisão de Serra: Suplicy não deu a largada na campanha como favorito ao cargo, como ocorreu em 2006, quando partiu de mais de 30 pontos de vantagem nas pesquisas de intenção de voto, ante o então concorrente pelo PFL (atual DEM) Guilherme Afif Domingos. A ex-vice-prefeita paulistana Alda Marco Antonio concorreu pelo PMDB na chapa de Orestes Quércia. Oito anos depois, Afif e Alda figuram na cúpula do PSD, aliados a Gilberto Kassab.

Afif foi o candidato que chegou mais perto de tirar Suplicy do Senado, desde que o petista foi eleito pela primeira vez, em 1990. Há oito anos,Suplicy já sofreu uma desidratação ao longo da campanha e superou Afif por uma diferença de apenas 4,1% dos votos válidos (774.626 votos), pouco menos do que a votação obtida pela terceira colocada, Alda Marco Antonio, que recebeu 4,9% dos válidos ou 929.179 votos. Apesar de discreta, a votação de Alda seria a diferença necessária para uma vitória de Afif – assim como ele, a quercista obteve seus melhores resultados no interior paulista, sobretudo na região administrativa de Franca. Afif conquistou votos dispersos no interior e no litoral norte, mas não conseguiu vencer nas principais cidades das regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas e na Baixada Santista. Suplicy dominou as áreas de maior densidade eleitoral do Estado. Só na capital paulista obteve 622.179 votos a mais que Afif, o equivalente a 80% de sua vantagem sobre o adversário. Como de praxe, a votação dos senadores acompanhou o desempenho eleitoral dos candidatos a governador. A diferença é que Suplicy sagrou-se vitorioso em cidades-chave da Grande São Paulo, mesmo nas que Serra, então candidato ao governo paulista, superou Aloizio Mercadante, candidato petista ao Palácio dos Bandeirantes.

Os caminhos do Senado em São Paulo

Em 2006, Suplicy elegeu-se pela 3ª vez com 774.626 votos a mais que Afif Domingos e votação expressiva nas Regiões Metropolitanas de São Paulo, Campinas e Baixada Santista

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Fonte: Tribunal Superior Eleitoral – 2006

Uma das avaliações de estrategistas dos concorrentes é que Serra e Kassab possam embaralhar a disputa no interior, onde Suplicy já não consegue desempenhos superlativos. Aliados de ambos também avaliam que Serra e Kassab devem disputar um eleitorado comum, refratário ao PT. A pesquisa Datafolha de junho, sem o nome de Kassab, indicou que 46% dos potenciais eleitores do candidato do PMDB ao governo do Estado, Paulo Skaf, preferiam votar em Suplicy – e 31% em Serra.

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Na mesma pesquisa, é possível perceber que a preferência pelo ex-governador tucano cai para 33% na região metropolitana da capital paulista, área em que Suplicy sobre para 35%. A maior diferença entre eles é no interior do Estado, local em que Serra atinge 18 pontos porcentuais na dianteira: 48% contra 30%. A discrepância é impulsionada nas pequenas cidades (com até 50.000 moradores), nas quais Serra atinge 54%, e Suplicy despenca para 23%.

Kassab e Serra possuem recall de eleições anteriores e preparam bases de campanha no interior paulista. Serra conta com a simpatia do eleitorado que também prefere o governador Geraldo Alckmin, e a dedicação de prefeitos e deputados do PSDB. Kassab, por sua vez, trabalha com deputados de PSD e PMDB e aposta capilaridade das associações comerciais – grupo crucial para o desempenho de Afif em 2006. Os representantes do comércio paulista já se reuniram com o ex-prefeito para estruturar a campanha.

“Eu não vou olhar para o lado”, diz Kassab sobre os adversários. “Vou focar a minha campanha, mostrando a minha conduta e minhas ideias, além do que acho importante para o Estado de São Paulo recuperar, com a atuação do senador em Brasília. Quero manter minha relação com Serra no mesmo padrão que está. E o Suplicy também sempre foi muito respeitoso comigo.”

De rejeitado a amuleto – Suplicy venceu três eleições consecutivas com o voto ideológico do PT e uma parcela dos eleitores mais escolarizados. O senador protagonizou nos últimos anos cenas ao estilo “maluco-beleza” no Senado e em eventos públicos de movimentos sociais, o que lhe rendeu simpatia de militantes e críticas tanto de opositores quanto de correligionários. Na convenção estadual do PSD, por exemplo, pouco antes de Kassab assumir a candidatura, apoiadores do ex-prefeito, como o sindicalista Ricardo Patah (PSD) e o deputado estadual major Olímpio (PDT), dispararam contra Suplicy, dizendo que o pestista “canta e faz musiquinha” no Senado e é motivo de “chacota e gozação”.

Durante a costura de alianças para o candidato do PT ao governo paulista, Alexandre Padilha, a direção do PT chegou a admitir que pretendia ceder a vaga de Suplicy para um partido aliado, relegando ao recordista de vitórias uma candidatura à Câmara dos Deputados. Para se manter candidato pela quarta vez, o senador cobrou a realização de prévias publicamente, procurou o ex-presidente Lula e usou do apoio de militantes e da ampla base que cultiva na juventude do partido. Meses depois, o movimento contra Suplicy não vingou, e ele figura como um “amuleto” para alavancar Padilha entre a base petista. Enquanto a campanha do ex-ministro da Saúde patina, o senador é um dos únicos parlamentares petistas que acompanha Padilha em agendas públicas. “Nunca abri mão de ter o Suplicy como meu candidato ao Senado”, afirma o ex-ministro, ao menos publicamente.

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