A cada dois dias, três fios de alta tensão caem em SP
Carga de energia pode chegar a 13.000 watz, segundo bombeiro; fiação acumulada em poste pode ter causado incêndio em favela da Zona Sul
A cada dois dias, são registradas três quedas de fios elétricos que ficam pendurados em postes na região metropolitana de São Paulo, segundo relatório do Corpo de Bombeiros feito a pedido do jornal O Estado de S. Paulo. O balanço da corporação foi realizado entre o primeiro dia de janeiro e 10 de julho deste ano e registrou 92 ocorrências.
Na capital, foram registrados 63 casos de queda de fiação em 2014 entre os meses de janeiro e julho, segundo o levantamento do Corpo de Bombeiros. A concessionária responsável pela fiação e fornecimento de energia é a AES Eletropaulo. A empresa também é a responsável pela instalação dos postes usados por ela e diversas empresas de telecomunicações para pendurar fios.
Incêndio – A queda de um fio de alta tensão pode ter sido a causa de um incêndio de grandes proporções que atingiu uma favela no bairro Campo Belo, na Zona Sul de São Paulo, na noite deste domingo. O estopim do incêndio ainda não é conhecido, porém moradores relatam a possibilidade de problemas elétricos terem levado ao início do fogo. As chamas destruíram centenas de moradias e deixaram cerca de 2.000 pessoas desabrigadas.
Para o Corpo de Bombeiros, as estruturas de barracos contribuíram para que as chamas se espalhassem rapidamente. Vinte equipes do Corpo de Bombeiros foram enviadas para a favela, localizada na Avenida Jornalista Roberto Marinho. Após horas de trabalho, os bombeiros conseguiram controlar as chamas no início da madrugada de segunda-feira.
Segundo os bombeiros, os fios que se partem e caem sobre as vias públicas podem estar energizados com até 13.000 watts de potência. “Uma fiação elétrica quando cai libera uma grande quantidade de energia. Ela se dissipa e pode colocar fogo em um carro”, explicou o capitão Marcos Palumbo, porta-voz do Corpo de Bombeiros. Em julho uma pessoa morreu eletrocutada no Tatuapé, na Zona Leste, após um fio de energia cair sobre seu carro.
Ainda segundo ele, quedas de galho, tempestades, obras e outras interferências podem fazer com que esses fios se partam. “O que verificamos nesses casos é que não são ocorrências causadas pela fiação. Geralmente são fatores externos que caem sobre o fio, como árvores, muros e construções irregulares. É um problema do crescimento desordenado da cidade”, disse.
Atualmente, segundo a Prefeitura e as concessionárias, são 69.000 quilômetros de fios na rede aérea. Por ano, a concessionária lucra 100 milhões de reais com o aluguel dos postes. A empresa afirma que o lucro é usado para deduzir o valor da conta de eletricidade dos clientes.
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Enterramento – O problema dos rompimentos de fios energizados vem ao encontro de uma discussão da cidade: o enterramento da rede aérea das ruas da capital. Apenas 40% dos fios na cidade de São Paulo estão no subterrâneo.
A prefeitura e as concessionárias envolvidas travam uma briga para saber de quem é a responsabilidade sobre o enterramento de fios – o alto custo é um grande entrave. A administração municipal repassa a responsabilidade para as empresas e as concessionárias alegam que são reguladas por órgãos federais e dizem que as obras são de alto custo.
Mais cara – O presidente da Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Fonseca Leite, afirmou que, se não houvesse postes para pendurar os fios de energia e de outros serviços, a conta da eletricidade do consumidor final seria mais cara.
“O dinheiro do aluguel dos postes não fica com a concessionária. O dinheiro abate o valor da conta que é repassada para o consumidor. Se o poste não fosse compartilhado com outros serviços, a conta seria mais cara”, explicou.
(Com Estadão Conteúdo)