Vândalos viveram clima de ‘festa e adrenalina’ na Inglaterra, diz estudo
Pesquisa indica que atmosfera de festa e trapaça encorajou saques
Uma pesquisa encaminhada pelo governo britânico concluiu que os jovens que participaram dos atos de vandalismo na Grã-Bretanha em agosto foram motivados por uma combinação de excitamento, oportunismo e insatisfação com a polícia, informou nesta quinta-feira o jornal The Guardian. O estudo foi baseado em entrevistas com 206 jovens envolvidos nas confusões.
Entenda o caso
- • No dia 4 de agosto, um homem negro de 29 anos morreu após ser baleado por policiais em Londres. A polícia diz que estava tentando prender Mark Duggan quando ele reagiu, mas há versões que desmentem que a vítima estivesse armada.
- • Dois dias depois, 120 pessoas se reuniram em uma marcha para protestar contra a morte de Duggan e pedir justiça. Porém, duas horas depois, gangues começaram a atacar policiais e depredar prédios, carros e bancos da cidade.
- • Desde então, a onda de vandalismo se espalhou por diversos bairros de Londres e chegou até a outras cidades britânicas, com convocações feitas por meio de redes sociais na internet e mensagens de celular.
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Segundo o documento divulgado, muitos vândalos viam as desordens como “algo para se fazer”. “A atmosfera de festa, adrenalina e trapaça foram vistos como os fatores que encorajaram e explicaram o envolvimento dos jovens”, diz o estudo, que também avaliou as motivações de saques em áreas onde não houve desordem.
Os jovens foram motivados pela “excitação de conseguir coisas de graça que eles não teriam condições de comprar” e pela antipatia em relação à polícia, diz o estudo. O gatilho da confusão foi a morte de Mark Duggan em seis de agosto, mas fora de Londres os atos de vandalismo não teriam relação com o incidente. “Contudo, a atitude em relação à polícia local foi consistentemente citada como um gatilho dentro e fora de Londres”, diz o documento.
Além disso, a investigação sublinhou fatores sociais como a pobreza e o materialismo. “Os jovens falaram sobre a dificuldade de administrar dinheiro quando eles estavam desempregados ou em treinamento, ao mesmo tempo em que uma cultura materialista foi citada como contribuição para os saques”, afirma.