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Tipnis, a ‘Terra Prometida’ defendida por indígenas da Bolívia

Por Da Redação
29 abr 2012, 10h09

Javier Aliaga.

La Paz, 29 abr (EFE).- O parque nacional Tipnis, epicentro de um confronto entre o presidente boliviano, Evo Morales, e indígenas da Amazônia, é a ‘Terra Prometida’ que os nativos dessa região defendem como espaço próprio, ideal para viver.

O Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis) abrange 1,2 milhões de hectares do centro da Bolívia, entre os departamentos de Cochabamba e Beni, onde vivem 14 mil índios das etnias trinitaria-moxeña, yuracaré e chimán, no meio de um extraordinário habitat animal e vegetal.

‘É nosso espaço de vida, é um território que nos custou luta e sacrifício para conquistá-lo e consolidá-lo’, disse à Agência Efe o líder indígena Adolfo Moye, moxeño de 32 anos, sobre o lugar ao qual chegaram seus antepassados após anos de busca.

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‘Percorreram grande parte do departamento do Beni procurando um espaço onde viver tranquilos, onde não houvesse interferências de grupos de pessoas estranhas e que permitisse compartilhar uma convivência harmônica entre etnias’, detalhou Moye.

Após serem evangelizados por missionários jesuítas, cansados de sofrer abusos de brancos e mestiços que colonizaram essa região, os nativos encenaram sua própria busca pela Terra Prometida, como nas histórias bíblicas que escutaram, segundo o líder moxeño.

O lugar escolhido foi batizado como Loma Santa, por estar em uma zona onde há altitudes propicias para lavouras, no meio de planícies baixas, habitualmente inundadas.

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Desde 1990 se chama oficialmente Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure e ganhou em 2011 as manchetes da imprensa internacional pela luta de seus habitantes contra a estrada promovida por Morales, financiada pelo Brasil e que partirá essa reserva ecológica ao meio.

O território adquiriu o status de Parque Nacional e Território Indígena após uma primeira passeata de nativos que subiram da Amazônia até La Paz em 1990, para se queixar das primeiras invasões de camponeses, criadores de gado e madeireiros.

Foi sua primeira travessia até os Andes ao longo de mais de 500 quilômetros, passando por pontos de montanha de cinco mil metros de altitude.

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Em 2011 ocorreu a oitava passeata, desta vez para rejeitar a estrada que o governo boliviano tenta construir entre Cochabamba e Beni, passando pela metade do Tipnis.

Os amazônicos começaram na sexta-feira outra passeata em direção a La Paz, a nona, porque Morales insiste na obra apesar de, em 2011, ter assinado uma lei que a proíbe, e embora a disputa manche sua imagem de ecologista e indigenista.

Moye, que entre 2007 e 2011 foi o principal líder do Tipnis, sustenta que a estrada representará um grande perigo para a preservação da fauna e a flora do local.

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Relatórios oficiais identificaram no Tipnis 714 espécies de fauna e três mil de flora.

Outros estudos detalham 108 espécies de mamíferos, 470 de aves, 39 de répteis, 53 de anfíbios e 188 de peixes e mamíferos nadadores como o boto cor-de-rosa, em risco de extinção, segundo dados citados pela Fundação Terra.

A biodiversidade é favorecida por 170 lagoas e as diversas altitudes do parque, entre os 180 metros em que estão os rios Isiboro e Sécure e os três mil das serras subandinas.

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Os indígenas e o governo polemizam sobre se esse território, com forma de um triângulo invertido, desconhecido por quase todos os bolivianos, é em grande parte virgem ou não, no meio da briga para rejeitar ou justifica a estrada.

Os nativos acusam Morales, de origem aimara, de querer a estrada para facilitar as exportações do Brasil através da Bolívia e para permitir assentamentos de produtores de coca, matéria-prima da cocaína.

Além disso, para abrir as portas à prospecção e exploração de hidrocarbonetos.

Morales nega as acusações e diz que a via permitirá a integração da Bolívia, mas Moye replica que a política ‘desenvolvimentista’ do líder se choca contra a forma de vida dos indígenas e põe em risco a existência de sua cultura. EFE

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