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Otan deixa 61 imigrantes morrerem de fome e de sede

Um navio que tentava chegar à ilha de Lampedusa ficou à deriva por 16 dias

Por Da Redação
9 Maio 2011, 09h37

“Todas as manhãs, nós acordávamos e encontrávamos mais corpos, que deixávamos lá por 24 horas e depois jogávamos no mar. Nos últimos dias, não nos reconhecíamos mais, todos estavam rezando ou morrendo”, contou um dos sobreviventes

Unidades militares da Otan ignoraram os pedidos de 72 imigrantes africanos que ficaram à deriva no Mar Mediterrâneo depois que o combustível da embarcação acabou. Apesar de os passageiros terem alertado a guarda costeira italiana e de entrado em contato com um helicóptero da Otan que sobrevoava o local, nenhum esforço foi feito para resgatá-los e 61 deles acabaram morrendo em alto-mar. As informações são do jornal britânico The Guardian, em reportagem exclusiva publicada nesta segunda-feira.

A embarcação saiu de Trípoli no dia 25 de março com 47 etíopes, sete nigerianos, sete pessoas da Eritréia, seis de Gana e cinco do Sudão – entre eles, havia vinte mulheres e duas crianças. O capitão do navio pretendia chegar à ilha italiana de Lampedusa, a 290 quilômetros da capital da Líbia, mas após 18 horas de viagem o navio começou a perder combustível, ficando à deriva por 16 dias.

Apenas 11 chegaram a ser resgatados com vida, mas dois deles morreram logo depois: um, assim que o navio alcançou a costa da cidade líbia de Zlitan, próximo a Misrata, e o outro, na prisão, quando as tropas do ditador Muamar Kadafi capturaram os sobreviventes. “Todas as manhãs, nós acordávamos e encontrávamos mais corpos, que deixávamos lá por 24 horas e depois jogávamos no mar. Nos últimos dias, não nos reconhecíamos mais, todos estavam rezando ou morrendo”, contou um dos sobreviventes, Abu Kurke, ao The Guardian.

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Investigação – Militantes dos direitos dos refugiados exigiram uma investigação sobre as mortes e a agência de refugiados da ONU pediu maior cooperação dos navios militares e comerciais do Mediterrâneo para salvar vidas. “O Mediterrâneo não pode virar o velho oeste, aqueles que não resgatarem pessoas no mar não podem escapar da punição”, destacou a porta-voz da agência da ONU, Laura Boldrini.

Segundo o relato de sobreviventes, um helicóptero militar apareceu sobrevoando a região onde estava o navio, entregou garrafas de água e biscoitos aos tripulantes e fez sinais informando que uma embarcação iria resgatá-los – o que não aconteceu. Os imigrantes usaram o telefone para contatar a guarda costeira italiana, que assegurou que o alerta havia sido feito, porém sem resultados. Quase todos os tripulantes acabaram morrendo de fome ou sede.

Um porta-voz da Otan afirmou que a organização não recebeu sinais do navio e que não tinha conhecimento do incidente. “Os navios da Otan têm total consciência de suas responsabilidades em relação à lei naval internacional quando se trata de salvamentos de vidas no mar. Salvar vidas é a nossa prioridade”, disse o oficial. Um porta-voz da guarda costeira italiana, por sua vez, garantiu que a guarda alertou a ilha de Malta, também em território italiano, que a embarcação estava se encaminhando a sua zona de resgate, pedindo para a guarda do local iniciar uma busca e salvar os tripulantes. As autoridades maltesas, porém, negaram qualquer envolvimento com o navio. Até o momento, nenhum país admitiu ter enviado o helicóptero que contatou os imigrantes.

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