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Organização contra armas químicas ganha Nobel da Paz

Opaq (Organização para a Proibição de Armas Químicas), fundada em 1997 e com 189 países-membros, está supervisionando destruição do arsenal sírio

Por Da Redação
11 out 2013, 06h10

O Prêmio Nobel da Paz de 2013 foi concedido à Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq). O anúncio foi feito na manhã desta sexta-feira em Oslo, na Noruega. O Comitê do Prêmio justificou a escolha mencionando os “extensos esforços” da organização na luta pelo fim das armas químicas.

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Criada em 1997 com o objetivo de ser o “cão de guarda” responsável para fazer a valer a Convenção sobre Armas Químicas de 1993 – que baniu a fabricação e estocagem desse tipo de armamento -, a Opaq recebeu destaque nas últimas semanas depois que o uso de gases tóxicos contra a população síria quase provocou uma intervenção dos Estados Unidos na guerra civil que assola o país do Oriente Médio. O prêmio também ocorre justamente vinte anos depois da assinatura da convenção.

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Recentemente, funcionários da organização analisaram amostras recolhidas por funcionários das Nações Unidas que investigaram o uso de armas químicas em um subúrbio de Damasco – uma ação que resultou na morte de mais de mil pessoas em 21 de agosto. Após as análises, técnicos apontaram o uso de gás sarin no ataque.

Nos últimos dez dias, duas equipes de inspetores da Opaq passaram a supervisionar a destruição do arsenal químico da Síria, depois que o ditador Bashar Assad concordou em entregar suas armas por causa das ameaças dos EUA e a assinatura de um tratado proposto pela Rússia. Estimativas de serviços de inteligência apontam que a Síria possui cerca de mil toneladas de armas químicas.

Ao justificar a escolha, o comitê do prêmio, na Noruega, afirmou em comunicado que “os recentes acontecimentos na Síria, onde as armas químicas foram novamente colocadas em uso, enfatizam a necessidade de aumentar os esforços para acabar com essas armas”.

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Trabalho – Apesar do destaque por causa da crise síria, o presidente do comitê do prêmio Nobel, Thorbjorn Jagland, disse que o prêmio foi concedido pelo esforços contínuos da organização, afastando eventuais críticas que podem surgir, já que a atuação da Opaq na Síria ainda é recente e está em sua fase inicial.

O trabalho da Opaq, de fato, foi bastante intenso nos últimos dezesseis anos. Coube à organização supervisionar a destruição de antigos arsenais químicos dos EUA e da antiga União Soviética.

Segundo números da organização, após a Guerra Fria a Rússia mantinha 40.000 toneladas de armas desse tipo, e os EUA, 30.000 toneladas. Com a ajuda da organização, a Rússia destruiu até o momento 75% desse arsenal, e os EUA, 90%. De acordo com a organização, 81,7% das armas químicas declaradas pelos estados-membros da convenção foram destruídas desde que a Opaq começou a funcionar, em 1997. A Opaq também já realizou mais de 5.000 inspeções em 86 países. Em seu comunicado, o comitê do Nobel mencionou que a Rússia e os EUA ainda não completaram a destruição de seus arsenais.

A convenção que deu origem à Opaq foi ratificada nos últimos anos por 189 países (190, se incluída a recente adesão da Síria, que ainda não foi totalmente formalizada). Apenas seis estados, entre eles Israel, Egito, Coreia do Norte e Angola não assinaram ou ratificaram o tratado.

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Baseada em Haia, na Holanda, a organização emprega cerca de 500 pessoas, e é chefiada pelo turco Ahmet Uzumcu. O orçamento anual é de 74 milhões de euros (219 milhões de dólares), custeado pelos estados-membros, em um esquema similar de financiamento ao que existe na Organização das Nações Unidas (ONU) – apesar das duas organizações cooperarem mutuamente, a Opaq é totalmente independente.

O primeiro diretor da Opaq foi o brasileiro José Maurício Bustani, que atualmente serve como embaixador do Brasil na França. Em abril de 2002, ele acabou deixando o cargo após pressão dos EUA, que à época, em um episódio controverso, pediram sua destituição ao acusá-lo de exceder as funções da organização. À época, a Opaq negociava com o regime do ditador iraquiano Saddam Hussein para a inspeção do seu suposto arsenal químico, e os EUA já se movimentavam para invadir o país.

Após o anúncio, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, parabenizaram a Opaq pelo prêmio. Ban disse que os recentes episódios na Síria mostram que as armas químicas continuam um “perigo real e imediato”.

O Governo dos EUA também felicitou a organização e afirmou que oprêmio reconhece sua “coragem” e “determinação” para realizar sua “vital missão” na Síria. “O mundo nunca esquecerá a perda dos mais de mil sírios inocentes assassinados sem sentido com armas químicas em 21 de agosto”, disse o secretário de Estado, John kerry.

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Malala – Esta foi a segunda vez seguida que o Comitê do Nobel optou por laurear uma instituição. No ano passado, a União Europeia levou a honraria por “colaborar com o estabelecimento da democracia e dos direitos humanos no continente”. Apesar da escolha ser imprevisível, muitos apostavam que o prêmio deste ano iria para a jovem paquistanesa Malala Yousafzai, de 16 anos. Defensora do direito das meninas de seu país à educação, Malala sobreviveu a um atentado do Talibã no ano passado e venceu o Prêmio Sakharov de Direitos Humanos, concedido pelo Parlamento Europeu, nesta semana.

Segundo o canal de televisão norueguês NRK, que noticiou a vitória da Opaq minutos antes do anúncio oficial, o Comitê decidiu não premiar Malala por causa de sua juventude, suas poucas conquistas e pelo temor de que a honraria a transformasse em um alvo ainda maior de terroristas.

A entrega do Prêmio Nobel será realizada, segundo a tradição, em 10 de dezembro, em Oslo.

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