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Marrocos: prisão de líder do movimento popular agrava protestos

Manifestantes, que denunciam a marginalização da região do Rif, no norte do país, acusam o governo de tratar Nasser Zefzafi como terrorista

Por Angela Nunes Atualizado em 30 Maio 2017, 19h23 - Publicado em 30 Maio 2017, 18h52

A prisão de Nasser Zefzafi, líder do movimento popular que denuncia a marginalização da região do Rif, no norte do Marrocos, na segunda-feira, agravou a onda de protestos que há seis meses abala o país. Zefzafi era procurado desde a sexta-feira, quando interrompeu o sermão do imã durante a oração na mesquita de Mohammed V, a principal da cidade de Alhucemas. De acordo com a ordem de detenção, ele é acusado de “insultar um pregador, pronunciar discurso provocador e incentivar distúrbios”. Outros 40 integrantes do movimento também foram detidos.

Nos últimos meses, protestos organizados por pequenos grupos locais que seguiam Zefzafi ganharam um caráter mais social e político, com demanda por medidas econômicas, sanitárias e políticas do governo para o desenvolvimento local. A região, que teve um breve período de independência nos anos 1920 e foi dominada pela Espanha até meados do século passado, já enfrentou diversas revoltas contra o governo marroquino, acusado pelos manifestantes de ser negligente com o Rif.

Em resposta à contestação, o Estado relançou nas últimas semanas um catálogo de projetos de desenvolvimento para a região, que se tornou uma “prioridade estratégica”, afirmando querer “favorecer a cultura do diálogo”, mas o anúncio não acalmou os protestos.

Desde outubro de 2016, quando um vendedor de peixes morreu triturado acidentalmente por um caminhão de lixo, Zefzafi de 39 anos, se tornou o símbolo da revolta e indignação popular. Conhecido, principalmente entre os jovens, por ter conseguido mobilizar milhares de manifestantes, era criticado por suas declarações, por vezes violentas, e pela maneira como excluiu vários partidários do movimento.

Zefzafi também realizou inúmeras “coletivas de imprensa” ao vivo nas redes sociais, nas ruas de sua cidade natal, Alhucemas, ou na casa de sua família, sob as cores da bandeira vermelha e branca da efêmera república do Rif dos anos 1920 e o retrato de seu fundador Abdelkrim el-Khattabi, que venceu o colonialismo espanhol. Em seu vídeo mais recente divulgado no Facebook, o líder dos protestos pede “a manutenção do caráter pacífico das manifestações”.

Para a Associação Marroquina de Direitos Humanos, foi “a insistência” do imã em mobilizar fiéis contra os protestos que provocou a ira dos militantes.  Zefzafi conseguiu escapar dos policiais na saída da mesquita, antes de se refugiar na casa de sua família, e desaparecer. As autoridades informam que, depois de detido, ele foi transferido para Casablanca.

Em Alhucemas, onde desde o sábado centenas de jovens tomaram as ruas em defesa de Zefzafi, que o governo estaria tratando como terrorista, o número de manifestantes aumenta a cada dia.  Nesta terça-feira, mulheres protagonizaram discursos pedindo paz nos protestos e denunciando a prisão de “nosso filhos e maridos”, e dezenas de pessoas carregaram cartazes com o slogan “Somos todos Nasser”.

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