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Governo de Hosni Mubarak amplia o toque de recolher

Oposição nomeia ElBaradei como negociador e EUA pedem transição ordenada

Por Da Redação
30 jan 2011, 14h58

“Queremos ver uma transição ordenada para que ninguém preencha um vazio e sim para criar um plano muito bem pensado que traga um governo democrático e participativo”

Hillary Clinton, secretária de Estado dos EUA

O presidente do Egito, Hosni Mubarak, ordenou que o toque de recolher no Cairo, Alexandria e Suez seja ampliado em uma hora. A partir desta segunda-feira a população deve ficar em casa das 15h às 8h. A informação foi veiculada pela televisão estatal. O toque de recolher foi instaurado na sexta-feira para tentar conter os protestos que exigem a renúncia de Mubarak. Mas não funcionou. Neste domingo, manifestantes saíram às ruas pelo sexto dia consecutivo, e o Exército ampliou sua presença nas ruas, com mais soldados e tanques. Dois caças e um helicóptero das Forças Armadas sobrevoaram diversas vezes a praça Tahrir, principal ponto de encontro da oposição, em uma possível demonstração de força do governo. Já os Estados Unidos, que sempre viram no Egito um aliado, afirmaram que desejam uma transição ordenada de poder no país.

O Exército enviou centenas de homens e veículos blindados para as ruas da capital. Entre eles, uma “fila de tanques”, que se dirigiu à praça Tahrir. A polícia, que havia diminuído a sua presença depois de reprimir os protestos populares, voltou a patrulhar os bairros do Cairo. Pelo menos cem pessoas morreram nos confrontos entre as autoridades e os manifestantes nos últimos seis dias.

O reforço no patrulhamento aumentou a tensão no país. De acordo com a rede britânica BBC, há um clima de desconfiança entre os opositores, que acusam o Exército de tentar intimidá-los.

Protestos – Durante a mobilização deste domingo, os manifestantes gritaram slogans como “Mubarak, o seu avião te espera”. Outros escalaram os veículos das Forças Armadas.

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A rede de televisão Al-Jazeera, que tem transmitido ao vivo a revolta contra Mubarak, informou que as autoridades egípcias ordenaram o fechamento de seus escritórios. O canal árabe é considerado por alguns como um possível fórum para inspirar os manifestantes.

Diante do caos que se instaurou no país nos últimos seis dias, o governo informou que prisioneiros dominaram os carcereiros e escaparam de diversos presídios do país. Oito detentos morreram na fuga.

Política – Também neste domingo, as diferentes forças de oposição concordaram em apoiar o Nobel da Paz Mohamed ElBaradei como negociador diante o governo Mubarak. A informação é da Irmandade Muçulmana, a principal força política de oposição no Egito. “Os grupos políticos apoiam ElBaradei para negociar com o regime”, disse Essam el-Eryan. Um outro representante da Irmandade, Saad al-Katatni, afirmou à agência Efe por telefone que “o comitê poderá fazer na próxima segunda-feira uma reunião com responsáveis militares para avaliar uma possível mudança no regime do Egito”.

ElBaradei, ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e Nobel da Paz, voltou ao Egito na última quinta para participar dos protestos que começaram dois dias antes. Segundo a rede americana CNN, ele disse para Mubarak deixar o país ainda neste domingo e “salvar a nação”. “O país está entrando em colapso. O Egito está entrando em um período de transição, e um governo de unidade nacional é necessário para preencher o vazio e realizar eleições livres e justas”, afirmou. Antes, o opositor já havia dito que lideraria o Egito no governo de transição, se fosse solicitado.

Mubarak, por sua vez, se encontrou, também neste domingo, com militares de alto escalão em uma tentativa de se manter no poder. Ele se reuniu com o vice-presidente, Omar Suleiman, cuja nomeação no último sábado pode ter aberto caminho para uma sucessão. Ele se reuniu ainda com o ministro da Defesa, Mohamed Hussein Tantawi, com o chefe de gabinete Sami al-Anan, e com outros altos comandantes. Mais cedo, fontes do centro de imprensa oficial egípcio informaram que o novo gabinete do Egito seria anunciado neste domingo.

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Omar Suleiman, chefe dos serviços de Inteligência, assumiu o posto e o também general Ahmed Shafiq foi designado primeiro-ministro. Ele recebeu a incumbência de formar o novo governo, após a renúncia do gabinete anterior, presidido pelo civil Ahmed Nazif. Essas nomeações, porém, não satisfizeram os dirigentes da oposição nem os manifestantes egípcios, que reivindicam mudanças mais profundas na política nacional.

Reações – A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse neste domingo que os Estados Unidos querem ver uma transição ordenada de poder no Egito. “Queremos ver uma transição ordenada para que ninguém preencha um vazio e sim para criar um plano muito bem pensado que traga um governo democrático e participativo”, afirmou Hillary ao programa “Fox News Sunday”. “Queremos ver eleições livres e honestas e esperamos que este seja um dos resultados do que está acontecendo agora”, disse ela em uma outra entrevista.

Já o governo de Israel se manifestou pela primeira vez, após cinco dias de silêncio. “Nossos esforços se concentram em manter a estabilidade em nossa região”, disse o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. A paz entre Israel e Egito “continuou durante mais de três décadas e é nosso objetivo garantir que essas relações continuem, haja o que houver no Egito”, acrescentou.

O Egito é um dos dois únicos estados árabes que possui relações com Israel – o outro é a Jordânia. E é peça fundamental no processo de paz entre israelenses e palestinos, pois tem posição moderada no quadro político do Oriente Médio e faz fronteira com Israel e com a Faixa de Gaza. Além disso, fornece recursos energéticos ao estado judaico.

(Com agências France-Presse, Reuters e Estado)

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