Exército sírio enfrenta rebeldes apesar de cessar-fogo
Kofi Annan pede a regime de Assad a abertura de 'corredores humanitários'
O Exército sírio e os rebeldes protagonizaram nesta sexta-feira os primeiros confrontos diretos desde o início do cessar-fogo na quinta-feira, após uma mediação respaldada pela ONU, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Na quinta-feira, apesar da trégua, desertores mataram dois soldados que tentavam dispersar um protesto, e vários civis foram mortos, mas não houve ataques diretos entre as duas partes.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março para protestar contra o regime de Bashar Assad, no poder há 11 anos.
- • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança, que já mataram mais de 9.400 pessoas no país.
- • A ONU alerta que a situação humanitária é crítica e investiga denúncias de crimes contra a humanidade por parte do regime.
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“Combates com metralhadoras pesadas aconteceram em Jirbet al-Joz, na fronteira com a Turquia, entre os soldados do regime e desertores”, afirmou Rami Abdel Rahman, do OSDH.
O ‘número dois’ do Exército Livre Sírio (ELS), Malek Kurdi, afirmou que os combates, que não deixaram vítimas, começaram quando os tanques do regime sírio dispararam contra membros de seu grupo e assediaram a população de Jarbat al Guz, em Idlib.
De acordo com Kurdi, embora houvesse uma ordem para que os soldados do ELS se retirassem do local, ‘eles foram obrigados a enfrentar os soldados sírios para pôr fim ao assédio’. Após os choques, tanto os tanques do regime como os rebeldes retornaram a suas posições, informou o subcomandante-em-chefe do ELS.
Diplomacia – Diante dos confrontos, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou nesta sexta-feira que não acredita na sinceridade do ditador sírio, Bashar Assad, nem no cessar-fogo, que, a princípio, está em vigor há 24 horas. “Não acredito na sinceridade de Bashar Assad nem, infelizmente, no cessar-fogo. Penso que temos que enviar observadores, pelo menos para saber o que acontece”, declarou Sarkozy.
Corredores humanitários – Também nesta sexta-feira, o enviado da ONU e da Liga Árabe à Síria, Kofi Annan, pediu ao regime sírio que permita a abertura de “corredores humanitários”, informou seu porta-voz, Ahmad Fawzi. “Annan está consciente de que, neste momento, não temos uma situação perfeita no país. Há detidos que devem ser libertados e é necessário abrir corredores humanitários”, disse Fawzi, depois de recordar que mais de um milhão de pessoas precisam de ajuda humanitária na Síria, segundo a ONU.
A porta-voz do Programa Mundial de Alimentos (PAM), Elisabeth Byrs, afirmou que, no momento, a organização distribui ajuda humanitária por meio do Crescente Vermelho sírio.
(Com agências EFE e France-Presse)