Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

E se Hillary Clinton e Donald Trump terminarem empatados?

A Constituição dos EUA estabelece que, se nenhum dos candidatos alcançar a maioria absoluta de delegados, a eleição ficaria a cargo da Câmara dos Deputados

Por Da redação
Atualizado em 8 nov 2016, 07h52 - Publicado em 8 nov 2016, 07h51

Os americanos elegem nesta terça-feira os 538 delegados do Colégio Eleitoral, órgão encarregado de votar no presidente, e, devido ao acirramento da campanha entre a democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump, surge a dúvida sobre o que aconteceria se ambos empatassem com o apoio de 269 delegados.

Embora um cenário assim jamais tenha acontecido, não é nada improvável. Deixando de lado os estados teoricamente garantidos pelos dois candidatos, se Hillary ganhasse na Pensilvânia e no Colorado, e Trump levasse os demais estados decisivos (Flórida, Ohio, New Hampshire, Nevada, Carolina do Norte e Iowa), o resultado seria de empate em 269.

Caso Trump vença em Pensilvânia e Colorado e a ex-primeira-dama ficasse com a Flórida, o desfecho seria o mesmo, e nenhum deles conseguiria assim o mágico número de 270 que determina a maioria. A 12ª Emenda da Constituição dos Estados Unidos, aprovada em 1804, estabelece que, se nenhum dos candidatos alcançar a maioria absoluta de delegados, a eleição do presidente ficaria a cargo da Câmara dos Deputados, e a do vice-presidente, do Senado.

Leia também
Com país dividido, EUA escolhem hoje o novo presidente
Quais são, afinal, as chances de Trump vencer as eleições?
Conheça os escândalos que Hillary e Trump querem esconder

Os republicanos contam atualmente com uma ampla maioria na Câmara dos Deputados (247 a 188), razão pela qual a eleição de Trump, mesmo com alguma dissidência interna, pareceria um fato. No Senado, o partido de Abraham Lincoln também desfruta de maioria sobre os democratas — 54 a 46 — suficiente para assegurar a vice-presidência ao governador de Indiana e companheiro de chapa de Trump, Mike Pence.

E se um terceiro candidato entrasse em cena e nenhum conseguisse a maioria de delegados? A resposta volta a ser a 12ª Emenda. Os 538 delegados do Colégio Eleitoral são divididos por estados conforme sua população, e o candidato mais votado em cada um dos estados fica com todos os seus delegados (sistema conhecido como ‘winner takes all’), com exceção de Maine e Nebraska, que têm distritos, motivo pelo qual o surgimento de outros candidatos não é habitual.

Continua após a publicidade

Especiais
Conheça as principais propostas dos candidatos
Videográfico explica o complexo processo eleitoral americano

Apesar disso, se um terceiro nome impedisse que Hillary e Trump chegassem à maioria absoluta, o mecanismo que seria ativado é o mesmo no caso de empate: a Câmara dos Representantes e o Senado teriam o poder e sem a obrigação de escolher o mais votado dos três.

Embora o libertário Gary Johnson seja o terceiro nas pesquisas (sem possibilidades aparentes de vitória em nenhum estado), é o ex-agente da CIA Evan McMullin quem desponta em Utah como alternativa conservadora a Trump. McMullin tem 25% de intenções de voto, segundo a média de pesquisas da RealClearPolitics, ainda longe de Trump.

A única vez na qual o Congresso elegeu o presidente em virtude da 12ª Emenda foi em 1824, depois que uma disputa entre quatro concorrentes deixou o mais votado, Andrew Jackson, longe da maioria absoluta. A Câmara dos Representantes optou naquela ocasião por John Quincy Adams, que tinha ficado em segundo e em 1828 perdeu a reeleição justamente contra Jackson.

Leia mais
Nove Estados americanos votarão liberação da maconha
Saiba o que mais estará em jogo nas eleições americanas
Saiba quais Estados decidirão as eleições nos EUA

Continua após a publicidade

Mas 1824 está muito longe e, ao longo de sua história, os Estados Unidos consolidaram um sistema bipartidário. O último candidato de fora dos dois partidos hegemônicos que conseguiu delegados foi George Wallace, em 1968, ao ganhar nos estados de Geórgia, Arkansas, Louisiana, Mississipi e seu Alabama natal, todos no sul. Apesar da irrupção de Wallace, com 46 delegados, o republicano Richard Nixon conseguiu 301 e a maioria absoluta, e não foi necessário que o Congresso interviesse como em 1824.

E os desertores? Os Estados Unidos têm uma extensa lista de delegados desertores ao longo de sua história, mas nenhum deles custou a Casa Branca ao ganhador das eleições. No entanto, em um cenário de equilíbrio, como o que as pesquisas preveem para as eleições de hoje, o surgimento de desertores poderia ser decisivo.

Em uma hipotética e possível vitória de Hillary por 270 a 268 sobre Trump, um desertor democrata forçaria a ativação da 12ª Emenda, o que deixaria a eleição do presidente nas mãos do Congresso de maioria republicana. Conseguir 270 seria algo perigoso para Hillary, já que um delegado democrata do estado de Washington — que com toda segurança ficará do lado da ex-primeira-dama — já advertiu que não tem nenhuma intenção de votar nela no Colégio Eleitoral, mesmo que dele dependa a presidência para seu partido. Trata-se de Robert Satiacum, um indígena da tribo Puyallup que durante as primárias democratas apoiou o senador Bernie Sanders.

(Com agência EFE)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.