Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Assad promete referendo e mão de ferro contra o terrorismo

Por -
10 jan 2012, 17h36

O presidente sírio Bashar al-Assad voltou a se defender das acusações de ter ordenado atirar contra seu próprio povo e prometeu uma reforma, com um referendo em março, mas acusou os estrangeiros de tentar desestabilizar seu país e prometeu combater o terrorismo com “mão de ferro”.

Em um discurso de 45 minutos transmitido pela televisão estatal nesta terça-feira, o presidente sírio, que enfrenta há meses uma rebelião popular, anunciou a organização de um referendo em março para mudar a atual Constituição, que confere um papel dominante ao partido Baath.

“Quando a comissão sobre a nova Constituição encerrar seus trabalhos, acontecerá um referendo na primeira semana de março”, afirmou Assad.

“E esta consulta poderá ser seguida por eleições gerais em maio, já com a nova Carta Magna em vigor”, completou.

Antes de anunciar o referendo, Assad atacou as potências estrangeiras.

“Interesses regionais e internacionais que estão tentando desestabilizar a Síria não podem mais falsificar os fatos e os eventos”, afirmou Assad em um discurso exibido pela televisão síria.

Continua após a publicidade

“Nenhuma autoridade deu ordem alguma para abrir fogo contra os manifestantes. Governo com a vontade do povo e, se renunciar ao poder, também será pela vontade do povo”, completou.

Assad acusou fundamentalmente os meios de comunicação regionais e internacionais de “tentar incessantemente que a Síria caia”.

“Apesar do fracasso, não se dão por vencidos”, acrescentou.

“Tentaram atingir o líder falsificando minha entrevista ao canal americano ABC”, completou.

No início de dezembro, o regime sírio acusou a emissora de ter alterado deliberadamente as declarações de Bashar al-Assad na exibição de uma entrevista com o presidente sírio, para apresentar o país sob um ângulo negativo.

Continua após a publicidade

No mesmo discurso, Assad prometeu usar “mão de ferro” para enfrentar o terrorismo, poucos dias depois de um atentado que matou 26 pessoas em Damasco, um ataque atribuído pela oposição ao próprio regime.

“Não pode existir alívio para o terrorismo, o combateremos com mão de ferro. A batalha contra o terrorismo é uma batalha nacional, não uma batalha do governo”, concluiu o chefe de Estado.

“Não podemos tolerar aqueles que aterrorizar as pessoas, ou aqueles que são cúmplices com (partes) estrangeiras”, disse ainda.

“A batalha com o terrorismo é a nossa luta de todos, todos devem participar, mas um Estado forte é um Estado que sabe perdoar”, acrescentou.

Mas voltou a negar que tenha ordenado às forças de segurança agir com violência durante as manifestações contra seu governo.

Continua após a publicidade

“Nenhuma ordem foi dada da parte de qualquer autoridade para abrir fogo contra os manifestantes”, afirmou Assad, enfatizando que, “segundo a lei, ninguém pode abrir fogo exceto em caso de autodefesa”.

“Eu governo com a vontade do povo e se eu renunciar ao poder, também será pela vontade do povo”, acrescentou al-Assad, que sucedeu seu pai em 2000.

Pouco depois da fala de Assad, o secretário-adjunto da ONU B. Lynn Pascoe, citado pela embaixadora americana na organização, Susan Rice, informou que outras 400 pessoas teriam morrido no país desde que observadores árabes chegaram para monitorar a situação, no fim de dezembro, e que se somariam aos 5.000 mortos registrados pelas Nações Unidas desde o início dos conflitos, em março do ano passado.

Mais cedo, em discurso na Igreja de Santa Cruz de Damasco, transmitido pela televisão, o Grande Mufti da Síria, Sheikh Ahmad Badreddine Hassoune, convidou os adversários a “depor as armas” durante uma missa muçulmanos e cristãos em memória de 26 vítimas mortas na sexta-feira em um atentado suicida em Damasco.

“Se quiserem participar no poder apresentem seus programas, sem empunhar as armas, e, se nos convencerem, nós os aplicaremos”, afirmou o mufti, cujo filho, Sariah Hasun, foi morto em outubro passado numa onda de atentados contra os aliados do governo.

Continua após a publicidade

Opositores sírios, por sua vez, chamaram de “incitação à violência” o discurso do presidente sírio.

Para o Conselho Nacional Sírio (CNS), que reúne a maioria da oposição a Assad, “há uma incitação à violência, uma incitação à guerra civil” no discurso.

“Também há palavras sobre a divisão religiosa que o próprio regime fomentou e estimulou”, declarou em uma entrevista coletiva em Istambul Basma Qodmani, integrante do CNS.

“Isto indica que o regime segue para um comportamento ainda mais criminoso e irresponsável”, completou.

Para os Estados Unidos, em sua fala, Assad “parece negar energicamente qualquer responsabilidade” na violência “de suas próprias forças”.

Continua após a publicidade

O discurso de Assad acontece em plena controvérsia sobre a missão de observadores da Liga Árabe, presente na Síria desde 26 de dezembro para elaborar um relatório sobre a situação no país.

Apesar das críticas pela repressão que nos últimos dias continuou cobrando vítimas – foram dez civis mortos nesta terça-feira, segundo a oposição -, esse organismo decidiu no domingo manter e reforçar sua missão.

Mas o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al Arabi, denunciou nesta terça os atos de violência contra os osbservadores de sua organização, considerando que o regime Assad tem a responsabilidade de defender a delegação árabe.

“A Liga Árabe denuncia ações irresponsáveis e atos de violência contra seus observadores”, indicou Arabi em um comunicado.

“A organização considera que o governo sírio é totalmente responsável pela proteção dos membros da missão de observadores da Liga. Alguns membros da missão foram vítimas de violentos ataques realizados por partidários do regime em Latakia e Deir Ezzor, e por indivíduos considerados membros da oposição em outras zonas do país”, afirma o texto.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.