O governo boliviano classificou nesta terça-feira de desatinada a decisão do Brasil de conceder asilo político ao senador opositor Roger Pinto, que ainda se encontra na legação diplomática em La Paz, à espera de um salvo-conduto para sair do país.
“Considero que é uma decisão desatinada a que o governo do Brasil assumiu de conceder asilo a uma pessoa que aqui na Bolívia é acusada, não por suas ideias, uma pessoa que aqui é acusada por crimes de assassinato”, afirmou o presidente em exercício Álvaro García em uma coletiva de imprensa.
García, que substitui no cargo o presidente Evo Morales, em viagem pela Europa, afirmou que o senador Pinto está envolvido em um julgamento “pelo massacre” de uma dúzia de indígenas pró-governistas no departamento amazônico de Pando em 2008, durante um conflito político.
Além disso – insistiu – também “é acusado pelo uso corrupto de recursos públicos e não é acusado por concepção política de direita, e sim por ter roubado o Estado”, em uma primeira reação do governo esquerdista de La Paz sobre o caso.
O Brasil concedeu na última sexta-feira asilo político ao senador opositor Pinto, que 11 dias antes entrou na legação diplomática em La Paz denunciando perseguição política, já que seu partido, o Convergência Nacional, disse que o governismo abriu contra ele cerca de vinte processos.
Pinto ainda permanece na sede diplomática brasileira à espera de que a chancelaria boliviana conceda a ele um salvo-conduto para sair do país.
“É um procedimento que está nas mãos da chancelaria”, confirmou García.
Segundo opositores, uma dúzia de políticos obteve asilo ou refúgio em Brasil, Peru, Argentina e Estados Unidos, entre eles um ex-candidato, ex-governadores e ex-parlamentares.