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Filme de brasileiro condenado à morte é um ‘alerta’, diz diretora

Diretora Emília Silveira falou a VEJA sobre o processo de produção do filme 'Galeria F', que estreia nesta quinta-feira

Por Rafael Aloi 30 mar 2017, 16h20

Estreia nesta quinta-feira o documentário brasileiro Galeria F, dirigido por Emília Silveira (Setenta), que reconta a história de Theodomiro Romeiro dos Santos, ex-preso político condenado à morte que escapou da prisão durante a ditadura militar. “O Brasil precisa conhecer a sua história. Esse filme, de certa maneira, funciona como um alerta, para que esses fatos que ocorreram no passado não se repitam.“, falou a diretora do filme a VEJA.

O documentário é conduzido principalmente pelo filho de Theodomiro, Guga, que acompanha o pai em uma viagem de carro refazendo o percurso de sua fuga. Durante o trajeto eles encontram antigos parceiros do ex-preso que o ajudaram.

Theodomiro tinha apenas 18 anos quando, em 1970, foi abordado por quatro homens, sendo algemado a um companheiro e jogado no fundo de um carro sem identificação. Ao reagir à detenção, ele acabou matando um sargento do exército. Condenado à morte, ele ficou preso por nove anos e descobriu que estavam planejando seu assassinato. Em 1979, Theo resolveu fugir, virando notícia em todo o país. Livre, graduou-se em direito e se tornou juiz, atuando em Pernambuco.

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Confira abaixo a entrevista completa com a diretora Emília Silveira:

Por que você decidiu contar essa história? Ela tinha uma força de resistência, superação, uma pessoa que passou por tantas coisas e no final conseguiu sair, e depois virar um juiz de direito. É um personagem que tem força, que dá um bom filme.

Por que a história do Theodomiro é importante ainda hoje? A memória dessa época está muito pouco contada. O Brasil precisa conhecer a sua história, principalmente esse passado recente. Trabalho com memória e a importância dessa memória para os nossos tempos. É importante a exibição desse filme hoje por causa da conjuntura que a gente está vivendo – é muito difícil, com resquícios autoritários, com a Justiça com poder acima do que teriam direito. Esse filme, de certa maneira, funciona como um alerta, para que esses fatos que ocorreram no passado não se repitam.

O Brasil está esquecendo o próprio passado? O Brasil desconhece totalmente os seus personagens e sua história. Toda essa história (da ditadura) que a gente viveu ficou vinte anos afogada. Não se tinha acesso a documentos e as pessoas que viveram essa época começaram a cuidar da sua própria vida. Não é que o Brasil esqueça o passado, ele não o conhece. O cinema, assim como a literatura, é uma maneira de se chegar a essas histórias.

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Tem alguém, em especial, que você gostaria que visse o documentário? Se eu tivesse que escolher alguém, seriam os jovens, porque é com eles que a gente conta para construir um Brasil melhor no futuro.

Como surgiu a ideia de deixar o filho de Theodomiro conduzir o filme? Em um documentário, você tem que pegar a pessoa em seus momentos mais íntimos. Em uma viagem, contando uma história para o filho, e revivendo com os amigos que o ajudaram, temos mais condições de conhecer essa história do que se ele simplesmente contasse tudo para uma câmera. Ali ele está revivendo tudo. Quando o Theo pega um carro, com a nossa equipe junto, ele traz uma emoção diferente e o espectador consegue acompanhar essa viagem de forma lúdica.

O que deu mais trabalho e o que mais te surpreendeu ao fazer o documentário? O que deu mais trabalho, como sempre, foi conseguir recursos para fazer o filme. Isso é sempre um grande trabalho. Depois, foi trabalhar e conseguir parceiros em uma cidade que eu não conhecia, que é Salvador. O que mais me surpreendeu foi a paciência do Theo de andar 25 dias com a gente. Eu fiquei tensa porque ele tem uma personalidade muito forte e não está acostumado a ser comandado.

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