Chef do ‘Larica Total’ diz que ‘cozinha é como um necrotério’
Paulo Oliveira, o personagem que o ator e diretor encarna no programa do Canal Brasil, é o tipo de solteiro que dorme em colchão, acorda de ressaca e resolve a fome com o que estiver sobrando na geladeira - princípio basilar da sua “culinária possível"
Como você definiria a cozinha do Larica?
É uma cozinha sem frescuras. E o Paulo é aquele cozinheiro que improvisa. Usa faca velha e ingredientes que todo mundo tem. Uma vez, trocamos a faca por uma melhor e alguns fãs reclamaram: “Ei, você está nos traindo”. Tivemos de voltar atrás.
Você já fez estrogonofe de salsicha e sushi de feijoada no programa. As receitas ficam boas mesmo?
Claro. A gente tem um chef profissional que dá as ideias. Mas nem tudo é invenção nossa. A receita da caesar salad, por exemplo, é a mesma de um dos maiores restaurantes do Rio de Janeiro.
Sério?
Claro. É por isso que, quando alguém me fala: “Ah, aquela porcaria que você faz na TV…”, eu digo: “Minha querida, veja bem…”. Se ela for comer no restaurante, vai pagar caro por aquela mesma porcaria.
Mas a bagunça na cozinha do restaurante não é igual à da sua cozinha.
Quem disse? Você nunca vê como a comida é feita por aí. Ela chega pronta e arrumada à mesa, e é isso que importa.
O que os cozinheiros de verdade acham do seu programa?
Eles me elogiam. Dizem que também ficam mais à vontade em casa, que cozinham para a mulher de cueca. Sabem que o negócio é diferente no mundo real.
Como assim?
Cozinhar não tem essa beleza toda. A cozinha é como um necrotério. Você pega um peixe morto, uma faca, corta a barriga dele, tira as tripas… Não é bonito. Só quem não tem intimidade com a cozinha é que vê coisas nojentas no programa.