Além das dúvidas sobre o destino do intercâmbio e as dificuldades financeiras, os universitários que planejam estudar fora ainda se perguntam se vale a pena interromper um curso no Brasil e passar uma temporada no exterior. Érica Saboya, de 23 anos, defende a experiência. Em agosto de 2007, ela trancou matrículas nas carreiras de jornalismo e história e carimbou o passaporte para a Irlanda.
A ideia era passar um ano em Dublin para estudar inglês e, em seguida, procurar estágio em jornalismo. “Quando cheguei lá, vi que não seria tão fácil. Eles não costumam contratar quem não é formado e, principalmente, quem não tem cidadania europeia”, lembra. Ainda assim, não se arrependeu. “A experiência de vida é muito rica. Você sai da rotina brasileira e aprende a se virar”, diz.
De acordo com Tereza Fulfaro, diretora educacional da Central de Intercâmbio (CI), os cursos de idiomas são os principais atrativos para os universitários que querem sair do país. Em segundo lugar, vêm os programas de estágio e, em seguida, o trabalho voluntário. “A melhor época para a viagem é entre o início e o meio do curso universitário, quando a maior parte dos estudantes ainda não trabalha e pode voltar e se inserir no mercado de trabalho com muito mais experiência”.
Maturidade – O receio de não conseguir um estágio na volta, porém, ainda é um dos maiores temores que o intercâmbio traz ao universitário. Maria Cavichioli, responsável pela divisão de recursos humanos da consultoria Relacional RH, tranquiliza os estudantes. “Morar em outro país é muito bem visto em qualquer circunstância. Até experiências como turista contam na hora da contratação.”
Segundo ela, o que as empresas valorizam é a vivência internacional e toda a formação pessoal que um período fora do país pode proporcionar aos estudantes. “Eles ficam mais maduros, aprendem a enfrentar melhor os problemas e entram em contato com outras visões de mundo. Isso conta muito para as empresas, sem dúvida alguma”, afirma Marisa.
Se a dúvida já não é mais sobre interromper ou não a universidade, resta outra questão: que tipo de curso fazer no exterior? “Certamente, algo relacionado à área que se estuda no Brasil é o melhor tipo de experiência internacional que se pode ter. Mas garanto que um curso de idioma ou apenas um trabalho temporário fora do país também ajudam muito na hora da contratação.”
(Marina Dias)