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Pesquisadores sequenciam DNA completo de espécie de hominídeo extinta

Segundo estudo alemão, os denisovanos, espécie de 'primos' dos neandertais, cruzaram com ancestrais humanos na Oceania

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h27 - Publicado em 30 ago 2012, 16h35

Um novo estudo publicado nesta quinta-feira, na revista Science, descreve o genoma completo dos denisovanos, uma espécie antiga de humanos próxima aos neandertais. Com essa análise, os cientistas conseguiram explicar sua relação com os humanos modernos e como eles se espalharam pelo mundo. Os fósseis dos denisovanos são extremamente raros. O grupo só foi descoberto em 2010, e os únicos indícios de sua existência são um pedaço de um osso de um dedo e dois molares que foram escavados na caverna Denisova, no sul da Sibéria, na Rússia.

Segundo pesquisas anteriores, denisovanos, neandertais e humanos dividiram a Terra entre 400.000 e 50.000 anos atrás. Enquanto os denisovanos ocupavam grande parte da Ásia, os neandertais habitavam a Europa e os humanos a África. Nesse meio tempo, eles se encontraram e até se reproduziram entre si. Análises genéticas anteriores haviam mostrado que os neandertais transmitiram genes para os humanos que vivem fora da África e os denisovanos para os habitantes do sudoeste asiático e Oceania. Agora, a nova pesquisa utilizou um método muito mais preciso de análise de DNA antigo, que conseguiu obter mais informações a partir desses dados.

Parentes – Por causa do pouco material disponível para análise, os pesquisadores desenvolveram uma técnica que “desembrulha” o DNA, tornando possível o estudo separado de cada uma das ‘fitas’ que compõem o seu genoma. Desse modo, eles conseguiram uma sequência genética extremamente completa. “Agora, não há nenhuma diferença entre o que podemos aprender sobre o genoma de uma pessoa que viveu há 50.000 anos e uma que vive hoje, desde que tenhamos material suficiente”, disse Svante Pääbo, pesquisador do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, na Alemanha, e um dos autores do estudo.

A caverna de Denisova, localizada nas montanhas Altai, na Sibéria. Nela foram encontrados ossos de uma espécie de hominídeos — nem humanos, nem neandertais — que viveram até 30 mil anos atrás ()

Os pesquisadores compararam o DNA dos denisovanos com o de onze indivíduos vindos de várias partes do mundo. A maior semelhança genética encontrada foi com os habitantes de Papua Nova Guiné, na Oceania – pelo menos 6% dos genes carregados pelos habitantes do país foram obtidos dos denisovanos.

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Os cientistas também descobriram que a maior parte desses genes transmitidos aos humanos da região eram repassados pelos pais. Uma das possibilidades levantadas pelos pesquisadores é que o cruzamento entre as duas espécies se deu primariamente entre homens denisovanos e mulheres humanas. Outra possibilidade é que os genes maternos foram retirados do DNA humano pela seleção natural, pois causavam mutações danosas.

Além dessa relação, os pesquisadores também descobriram mais genes semelhantes entre os denisovanos e os habitantes da Ásia e América do Sul do que em populações europeias. Eles dizem que, no entanto, esses mesmo genes estão presentes nos neandertais. Portanto, concluem que isso se deve mais ao cruzamento de ancestrais humanos com essa espécie.

Outras descobertas – Usando os dados levantados, os pesquisadores estimam que os fósseis tenham entre 74.000 e 82.000 anos. Eles também conseguiram estimar quais as características determinadas pelos genes transmitidos aos habitantes de Papua Nova Guiné. Descobriram assim que eles estão ligados à pele escura, cabelos e olhos castanhos.

O método desenvolvido pelos pesquisadores permitiu separar quais genes do indivíduo analisado foram repassados pelo pai e quais foram pela mãe. Desse modo, puderam descobrir que os denisovanos eram extremamente parecidos geneticamente. O dado surpreendeu os cientistas, uma vez que a baixa variabilidade genética é comum em espécies isoladas, com populações pequenas que somente cruzam entre si em. Os denisovanos, no entanto, se espalhavam entre a Sibéria, onde seus restos foram encontrados, e a Oceania, onde seu DNA foi detectado.

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Os pesquisadores teorizam que a semelhança genética se deve ao fato de ter existido uma população pequena que cresceu de modo muito rápido, sem haver tempo para aumentar a diversidade. Agora, eles pretendem usar o mesmo método para estudar o DNA de outros humanos antigos. Se a análise genética dos neandertais se mostrar parecida, isso pode provar que ambas as espécies descendem de uma mesma população africana, que se espalhou rapidamente pelo mundo.

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Humanos modernos – A pesquisa também possibilitou o aumento do conhecimento sobre nossa própria espécie. Mais especificamente, sobre o que nos torna únicos no mundo. O estudo apresentou uma lista de genes exclusivos dos humanos modernos, que surgiram após as duas espécies se diferenciarem. “O mais surpreendente é que não é uma lista astronomicamente longa. São cerca de 100.00 mudanças únicas de nucleotídeos do genoma”, disse Svante Pääbo.

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