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Sexo com homens das cavernas garantiu aos humanos salto imunológico, diz estudo

Por Por Kerry Sheridan
Atualizado em 6 Maio 2016, 17h02 - Publicado em 25 ago 2011, 16h49

As relações sexuais com humanos arcaicos, como os neandertais, geraram filhos que herdaram genes-chave que ajudaram os humanos modernos a combater males e doenças, indica um estudo publicado na edição desta quinta-feira da revista Science.

“O acasalamento interracial não foi apenas um evento ocorrido ao acaso, legou algo útil à reserva genética dos humanos modernos”, disse Peter Parham, da Universidade de Stanford, principal autor do estudo.

Dotados de conhecimento sobre o genoma dos neandertais e dos hominídeos de Denisova, dos quais um dente e o osso de um dedo foram descobertos em uma caverna da Rússia, no ano passado, cientistas vasculharam os dados em busca de pistas sobre quais genes se combinaram.

Os cientistas já sabiam que cerca de 4% do DNA do neandertal e até 6% do DNA do hominídeo de Denisova estão presentes em alguns humanos.

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Este estudo possibilitou um estudo mais aproximado dos chamados genes classe I HLA, que ajudam o sistema imunológico a se adaptar de forma a repelir novos patógenos que poderiam causar várias infecções, viroses e doenças.

Os cientistas rastrearam a origem de um tipo deste grupo de genes, o HLA-B*73, aos hominídeos de Denisova, que provavelmente copularam com humanos que chegaram ao oeste da Ásia ao saírem da África. A variação é rara em populações africanas modernas, mas é comum nas pessoas do oeste da Ásia.

“Achamos que isto teve muito a ver com o ambiente patogênico em diferentes partes do mundo”, explicou Laurent Abi-Rached, cientista francês e principal autor do estudo.

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“Quando os humanos modernos deixaram a África, eles ingressaram em um novo ambiente. Isto deu a eles uma vantagem. Foi uma forma rápida de adquirir defesas”, acrescentou, em declarações à AFP.

Segundo o estudo, estes genes HLA remotos se multiplicaram entre as populações modernas e hoje são detectados em mais da metade dos euroasiáticos.

“Se tudo se tratou de namoro, estamos falando de uma quantidade tremenda de genes”, disse Milford Wolpoff, paleoantropólogo da Universidade de Michigan, que não participou do estudo, mas disse sustentar as descobertas.

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“A isto se chama evolução multirregional. Estamos falando disso há 30 anos”, afirmou à AFP.

“Muitos dos genes que encontramos estão fazendo algo útil. A única resposta para isto é seleção natural”, emendou.

Os neandertais desapareceram cerca de 30 mil anos atrás. Eles e os hominídeos de Denisova partilharam um ancestral comum com os humanos modernos há cerca de 400.000 anos.

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Os humanos modernos ofuscaram estes primos remotos quando nossos contemporâneos começaram a se espalhar pela Ásia e pela Europa, procedentes da África, há cerca de 65.000 anos.

Algum acasalamento deve ter acontecido, tendo em vista as evidências que permanecem em nosso DNA, mas mesmo as últimas descobertas lançaram pouca luz sobre a natureza destes relacionamentos: se foram violentos ou consensuais, curtos ou longos.

“Mesmo que tenha provavelmente havido cruzamentos, não necessariamente foram muito frequentes”, disse Abi-Rached.

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“Mas eles tiveram um papel importante na formação da imunidade humana moderna”, acrescentou.

Abi-Rached disse esperar que futuras pesquisas revelem mais sobre o papel que os genes imunológicos podem ter desempenhado, ao dar proteção àqueles que sobreviveram, e também sobre sua relação com as doenças autoimunes que afetam os humanos hoje.

O trabalho de estudar o legado deixado por ancestrais remotos nos nossos corpos pode levar a novas opções de tratamento para doenças modernas, o que tem animado os cientistas quanto ao potencial deste campo emergente.

“A maior parte do dinheiro investido em genética se relaciona com doenças”, disse Wolpoff.

“A paleoantropologia é como a política. Vai-se onde está o dinheiro”, brincou.

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