Descoberto mecanismo que regula células de defesa
Pesquisa australiana pode ser o primeiro passo para o desenvolvimento de novos tratamentos contra doenças autoimunes
Cientistas australianos conseguiram identificar o mecanismo responsável por controlar a quantidade de células presentes no sistema imunológico. De acordo com o estudo, publicado neste domingo no periódico Nature Immunology, entender como o organismo regula o volume dessas células pode ajudar no desenvolvimento de tratamentos novos e mais eficazes para doenças autoimunes, como o lúpus e o diabetes tipo 1.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Antiapoptotic Mcl-1 is critical for the survival and niche-filling capacity of Foxp3+ regulatory T cells
Onde foi divulgada: periódico Nature Immunology
Quem fez: Antonia Policheni, Daniel H D Gray, Adrian Liston e outros
Instituição: Instituto de Pesquisa Médica Walter e Eliza Hall, na Austrália, e outros
Resultado: Os pesquisadores descobriram que as proteínas da família Bcl-2 regulam a morte das células T reguladoras, que são capazes de “desativar” a resposta imunológica. Uma redução significativa na quantidade de células T reguladoras está relacionada ao surgimento de doenças autoimunes e inflamações, pois sem elas o sistema imunológico responde de forma exagerada. Por outro lado, uma concentração excessiva dessas células faz com que o organismo não consiga combater as infecções de forma efetiva.
O controle do sistema imunológico está relacionado às células T – as responsáveis pela resposta do organismo a infecções e corpos estranhos. Um tipo específico dessas células, as células T reguladoras, é imunossupressor, ou seja, pode “desligar” a resposta imunológica. Esse processo é importante porque evita que o sistema imunológico ataque tecidos do próprio organismo – o que ocorre nas doenças autoimunes, como lúpus.
Por isso, a redução significativa na quantidade de células T reguladoras está relacionada ao surgimento de doenças e inflamações. Sem essas células, o sistema imunológico acaba por responder de forma exagerada e ataca o próprio organismo. Por outro lado, uma concentração excessiva das células T faz com que o organismo não consiga combater as infecções de forma efetiva.
Pesquisa – Os cientistas Daniel Gray e Antonia Policheni, do Instituto de Pesquisa Médica Walter e Eliza Hall, na Austrália, descobriram que as células T reguladoras são constantemente produzidas pelo organismo. Sua quantidade, no entanto, é regulada por um processo de morte celular conhecido como apoptose. É pela apoptose que as células defeituosas e as em excesso são removidas do organismo.
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A decisão entre a vida e a morte dessas células é controlada por uma família de proteínas denominadas Bcl-2. “A morte das células T reguladoras depende da atividade de duas proteínas da família Bcl-2, denominadas Mcl-1 e Bim. Sem a Mcl-1, a quantidade de células T reguladoras cai, o que pode causar uma doença autoimune. Sem a Bim, as células T reguladoras se acumulam em quantidades muito elevadas”, explica Gray.
Segundo os pesquisadores, a descoberta pode abrir novas possibilidades para o controle da quantidade dessas células no organismo. “Se um agente que pode influenciar a sobrevivência das células T reguladoras for desenvolvido, poderíamos ter novas formas de tratar doenças autoimunes, aumentando a quantidade dessas células, ou aumentar uma resposta imunológica benéfica, silenciando as células T reguladoras”, afirma Liston.