Babuínos tomam decisões de forma democrática
Seguir a maioria é a regra básica que os primatas adotam para decidir que rumo tomar
Em estudo publicado ontem (18) na revista Science, pesquisadores da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, descobriram uma nova característica sobre a sociedade dos babuínos. Pode parecer mentira, mas o grupo de primatas tem como base para seus movimentos uma regra bem clara e simples: seguir a maioria. Ou seja, são democratas.
Coordenados pela bióloga Ariana Strandburg-Peshkin, os pesquisadores confeccionaram colares munidos de aparelhos de GPS para monitorar a movimentação de um grupo de 25 babuínos selvagens em busca de comida e água. Os animais, que vivem no Centro de Pesquisa Mpala, no Quênica, pertencem à espécie Papio anubis.
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Apesar de parecer que os babuínos não seguem um modelo de democracia, já que, com frequência, machos e fêmeas disputam entre si o comando da hierarquia do bando, os resultados das análises mostraram algo nunca constatado. Os aparelhos mediram, de segundo a segundo, a movimentação dos primatas, baseando-se em conceitos de “iniciadores”, aqueles que puxam o grupo, e “seguidores”, os que seguiam.
As análises mostraram que, independente de idade, sexo ou posição do primata na hierarquia do bando, os babuínos deslocam-se no sentido em que a maioria está indo. Mesmo que os líderes tenham maior poder de decisão, a direção que escolhem em nada adianta se os “seguidores” não forem atrás.
Quando não existe consenso, os babuínos não se movem até os “iniciadores” entrarem em acordo. Mas, caso esses líderes sigam para direções muito diferentes, seguidores dividem-se entre mais de um “iniciador”. Já quando os deslocamentos não são exatamente idênticos, os primatas escolhem um caminho no “meio termo”.
Membro da família Cercopithecidae, o babuíno-anúbis é a espécie com distribuição mais brangente desse grupo. Eles podem ser encontrados em 25 países, como o Quênia, a Etiópia e a Tanzânia. Populações isoladas desses primatas também têm como habitat savanas e florestas. O nome da linhagem foi escolhido devido a semelhança com o antigo deus egípicio Anúbis, representado com frequência por uma cabeça de cachorro semelhante à face do babuíno.
Mais que ajudar a compreender a vida dos babuínos, as conclusões do estudo podem indicar que a noção de democracia deve ter surgido entre primatas (grupo a qual pertence os humanos) naturalmente, mesmo antes do surgimento do homem moderno.
(Da redação)