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Ronaldo Caiado dispara: “Kassab quer vender o DEM”

Parlamentar goiano também ataca Rodrigo Maia, presidente da legenda, e Jorge Bornhausen, presidente de honra do partido. E adverte: "Vou do céu ao inferno nessa luta"

Por Gabriel Castro
12 nov 2010, 20h04

O deputado federal Ronaldo Caiado (DEM – GO) declarou guerra a Gilberto Kassab, seu colega de partido e prefeito de São Paulo. Em entrevista ao site de VEJA, o parlamentar – um dos vice-presidentes da legenda – atribuiu a Kassab a tentativa de “vender” o DEM. Para Caiado, a fusão do partido com o PMDB significaria o fim da oposição no país. Ex-líder do partido na Câmara e candidato derrotado à Presidência em 1989, o deputado tem sido a voz mais incisiva contra o grupo de Kassab – e deixa claras as tensões internas dentro da legenda. O presidente do partido, Rodrigo Maia, e o presidente de honra da legenda, Jorge Bornhausen, também são alvo das críticas de Caiado. Além do parlamentar, outros nomes do partido, como os senadores Agripino Maia e Demóstenes Torres, criticaram a ideia de fusão. O deputado se diz preparado para um confronto. E adverte: “Eles ainda não nos conhecem no combate”.

O DEM corre o risco de uma divisão?

Se essas pessoas continuarem com esse pensamento, ou se Kassab conseguir atrair mais alguém para esse plano de entregar o partido ao PMDB, acho que vai ter uma ruptura. Não dá para conviver com pessoas que querem desestabilizar a oposição no país. São fisiológicos e governistas. Se o Kassab der conta de levar o grupo dele, vai ter uma ruptura inevitável. Mas eu acredito que vai prevaler o bom senso e que os demais líderes pensarão no partido como um todo.

O partido perdeu muitas cadeiras na Câmara e no Senado. É o caso de se refundar o DEM?

Quando o Jorge Bornhausen era presidente, nós caímos de 105 para 83 deputados. Foi uma grande perda. Naquele momento ninguém teve que refundar o partido. Qual é a pauta que foi feita pelo Rodrigo Maia? Você conhece alguma? Você sabe de algum dia que o Rodrigo Maia pautou a agenda da executiva nacional do partido? Ele foi 100% pautado pelo Kassab e pelo Jorge. Ou por acaso o projeto Serra era a executiva do partido? Era a fatura do Kassab, apoiado pelo Serra na disputa pela prefeitura de São Paulo, em 2008, que nós tínhamos de pagar.

O senhor era contra o apoio a José Serra?

Não estou falando que era contra. A questão é como as coisas se articularam. O apoio veio como um prato feito, empurrado goela abaixo do partido.

Por que o partido parece ter dificudade em defender mais claramente seu programa?

Infelizmente nós temos ainda uma gama de políticos que têm esse perfil. O partido está escalado para ser oposição pelas urnas. Mas tem cidadão que não consegue viver como oposição. É o caso do Kassab. Ele é um homem que imagina que na democracia só pode ter governo. Ele é da tese do Golbery [ex-ministro Golbery do Couto e Silva]: “Fora do poder não há salvação”. Não tem noção de democracia. É preciso ter um mínimo de respeito pelos eleitores que votaram em nós. A posição do Kassab é essa: marcar gol contra para levar a cabo o que o Lula disse, provocar a total extinção do partido.

A fusão com o PMDB tem chances de ocorrer?

É inimaginável. Tanto é que eles estão acovardados com essa tese, estão mudando o discurso: agora não é fusão mais, é fortalecimento partidário. Eles viram que não têm como levar essa tese para a população. Então eles vêm com essa enganação, que é falar em o fortalecimento do partido para tomar a presidência, convocar uma convenção nacional e aderir ao PMDB antes de 30 de setembro, para ter tempo de rádio e televisão nas eleições de 2012.

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Até onde o senhor está disposto a brigar pelo DEM?

Se o Kassab acha que é dono do partido e pode olhar para o umbigo dele e pisar na história política dos outros está muito enganado. Ele, em Goiás, vai ter o Ronaldo Caiado pela frente.

Se houver a fusão, que rumo o senhor tomaria?

Você pode ter certeza absoluta que isso não vai acontecer. Eles ainda não nos conhecem no combate. Eles não têm força nem credibilidade moral para fazer isso. É um processo deplorável, deprimente. Um partido de ser oposição ser negociado, vendido. É fazer o jogo daqueles que capitulam, como na Venezuela. Entregar a oposição apenas para 53 parlamentares do PSDB, que nunca foi um partido de oposição. O partido de oposição acirrada é o Democratas. Matar o partido é calar a oposição no Brasil. Isso é muito grave. Não é um assunto interno do Democratas, é um assunto da sociedade brasileira. Todo brasileiro deveria repudiar essa atitude. É um partido de oposição querendo entrar pelas portas do fundo do Palácio do Planalto. Não foi para isso que nós fomos eleitos.

O senhor não teme que essa disputa interna deixe sequelas irreconciliáveis?

A minha história não vai ser rasgada e nem desmoralizada pelo senhor Kassab. Tenho vida política, tradição em política e vou do céu ao inferno nessa luta.

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