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Padilha passou endereço para entrega de dinheiro, diz delator

Atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), era responsável por fornecer todos os endereços de membros do PMDB que deveriam receber propina

Por Da redação
Atualizado em 24 mar 2017, 14h55 - Publicado em 24 mar 2017, 10h32

Em depoimento prestado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-executivo da Odebrecht José de Carvalho Filho disse que o atual ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), passou a ele todos os endereços para o pagamento de 4 milhões de reais destinados ao PMDB durante a campanha eleitoral de 2014.

Um dos locais indicados por Padilha foi o escritório de José Yunes, amigo e ex-assessor de Michel Temer (PMDB), informou Carvalho Filho ao ministro Herman Benjamin. Benjamin é o relator no TSE da ação que apura se a chapa de Dilma-Temer cometeu abuso de poder político e econômico para se reeleger.

Esse pagamento teria sido realizado no dia 4 de setembro de 2014. “Todos os endereços, esses e os outros que eu não me lembro me foram dados pelo Eliseu Padilha”, disse Carvalho Filho. Segundo o ex-executivo da Odebrecht, a distribuição dos recursos foi determinada pelo executivo Marcelo Odebrecht.

“Procurei depois o Eliseu Padilha, no escritório dele, comentei o fato, ele já sabia, evidente, e solicitei dele os endereços que eles poderiam receber e quem fez essa operação foi a Operações Estruturadas. A sistemática era: eu chegava até ele e ele me fornecia o endereço, eu transmitia ao sistema de Operações Estruturadas a sra. Maria Lúcia (ex-secretária da Odebrecht), que uns dias depois, me entregava uma senha. Eu pessoalmente entregava essa senha, entreguei essa senha ao sr. Eliseu Padilha”, afirmou José de Carvalho Filho.

“E a partir dali, eu não tinha como e nem sabia como as coisas eram operacionalizadas. Então, esclarecendo que tive com ele (Padilha) quatro ou cinco vezes para pegar esse endereço e voltei novamente para pegar essas senhas”, completou o ex-executivo da Odebrecht. De acordo com Carvalho Filho, os valores seriam repassados ao PMDB via Eliseu Padilha.

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Discussão

Carvalho Filho também afirmou ter recebido na época uma “ligação extemporânea” do então deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), comentando que não havia recebido 500 mil reais.

“Tivemos uma discussão acalorada ao telefone. Achei estranho e comuniquei ao Cláudio (Claudio Melo, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht): ‘Cláudio, o fato foi esse e vamos esclarecer junto ao Eliseu’. Logo depois fomos ao Eliseu e esclarecemos. Ele achou muito estranho este fato e disse: ‘Olha, se o endereço que eu dei e se fosse realmente entregue, o Sr. Yunes é uma pessoa de mais ou menos setenta anos, é de minha confiança, dificilmente não teria registrado isso”. Isso causou um constrangimento a mim. O mal-estar permaneceu e a empresa tomou, deliberou fazer outro pagamento de 500 mil reais no valor, aquele que deu origem ao processo em discussão”, afirmou o ex-executivo.

Carvalho Filho disse não ter controle da planilha de distribuição de recursos. “A minha ação é entregar, tomar o endereço do Sr. Padilha e entregar à Sra. Lúcia e a Sra. Lúcia me dava uma senha que eu repassava”, explicou.

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O ex-executivo da Odebrecht também não soube dizer quais outros parlamentares do PMDB foram beneficiados com parte dos 4 milhões de reais. Sobre o lobista Lúcio Funaro, apontado por investigadores da Operação Lava Jato como operador de Eduardo Cunha, Carvalho Filho respondeu: “Nunca vi o Lúcio Funaro, nunca estive com o Lúcio Funaro e não sei quem é o Lúcio Funaro”.

Procurada pela reportagem, a assessoria de Padilha comunicou que o ministro “não vai se pronunciar sobre o vazamento do depoimento.”

Depoimentos

No dia 14 deste mês, o ministro Herman Benjamin negou pedido apresentado pela defesa de Dilma Rousseff para que Padilha e Yunes prestassem depoimentos na Justiça Eleitoral.

“Não houve referência, no conjunto probatório até aqui produzido, de fatos concernentes à atuação de Eliseu Padilha ou José Yunes que tenham correlação direta com o objeto desta causa, isto é, o financiamento da chapa Dilma-Temer em 2014”, escreveu Benjamin em sua decisão.

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(Com Estadão Conteúdo)

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