Galo tem festa para Alceu e Chacrinha e críticas a Trump e Temer
Compositor pernambucano é homenageado pelo bloco de Recife, um dos maiores do país; foliões criticam propostas de presidentes dos Estados Unidos e do Brasil
O Galo da Madrugada, que disputa com o Cordão da Bola Preta o título de maior bloco do país em número de foliões no Carnaval, começou a desfilar pelos bairros centrais da capital pernambucana. São 30 trios elétricos e seis alegorias, sem cordas para separar os foliões.
Este ano os homenageados do tradicional bloco são os músicos Jota Michilles – com 50 anos de carreira, é compositor de váriso frevos tradicionais – e Alceu Valença, que completou 70 anos de vida, além da lembrança ao centenário do nascimento do apresentador José Abelardo Barbosa de Medeiros, o Chacrinha.
Na concentração, que começou às 9h em frente ao Forte das Cinco Pontas, no bairro de São José, os mais animados eram os grupos organizados de foliões fantasiados, que todo ano saem no Galo usando um tema da atualidade.
Trinta e sete velhinhos de cabelos e sobrancelhas brancas, de pijamas e pantufas, carregavam uma placa “aposentados 2067”, em referência à reforma da Previdência, proposta pelo presidente Michel Temer, e réplicas da Carteira de Trabalho – é o grupo O Brasil Vai Temer e Ninguém Vai se Aposentar. “Esse grupo sai há mais de 30 anos no Galo, sempre procurando um tema atual e polêmico do país”, explica Luiz Fernando Miranda, professor universitário. “A gente junta protesto com irreverência. Porque Carnaval é alegria, mistura de ritmos. Então, a gente aproveita a tragédia para fazer a parte cômica da coisa”.
Outro grupo de amigos que sai há dez anos no Galo sempre com fantasia combinando se dividiu em dois. Os homens vieram de muro e as mulheres, de mexicanas, em referência à intenção do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de construir uma nova barreira na fronteira com o México. Até um frevo e uma coreografia foram organizadas para fazer a sátira. “Presidente, deixa disso e vem pra cá, vem brincar no Galo da Madrugada. Porque no Carnaval pernambucano, o Trump abre o muro para os mexicanos”, diz a letra, enquanto o muro se desfaz e as mulheres passam.
O agrônomo Gustavo Bruno Moreira de Castro, 57, representou Trump, com uma maquiagem alaranjada no rosto e uma peruca loira. “É uma coisa que todo mundo é contra, essa ideia de criar um muro entre países irmãos”, opina, imitando um sotaque em inglês.
Dragão × Galo
Uma atração que deve animar também é uma surpresa programada pelo bloco. O presidente do Galo da Madrugada, Rômulo Menezes, disse que este ano um dragão chinês vai aparecer no meio da multidão. “A China tem um calendário que associa cada ano com um animal. Este ano é do Galo, então vamos fazer a homenagem”.
Por outro lado, a estátua gigante do Galo, instalada na Ponte Duarte Coelho, é alvo de críticas e piadas nas redes sociais, porque tem um porte menor que o de anos anteriores. Nesta edição houve mudança no idealizador da escultura. Menezes defendeu o projeto atual: “Quando você muda a cozinheira, alguém reclama que a comida está diferente. É normal. A gente tem que mudar, sair da mesmice”.
O bloco percorre 6 quilômetros por quatro bairros do Recife e acaba apenas no fim da tarde. A dispersão acontece por volta das 18h30 na Rua do Sol, bairro de Santo Antônio.
(Com Agência Brasil)