Ao lado do estádio de abertura da Copa, 2.500 pessoas invadem terreno em tempo recorde
A invasão, batizada de ‘Copa do Povo', ocupa um terreno de 150.000 metros quadrados na Zona Leste. Tendas foram montadas em 40 horas
Com cerca de 2.500 barracos montados em menos de 40 horas, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto batizou o espaço invadido em um terreno na Zona Leste da capital paulista de “Copa do Povo”. A ocupação iniciada no sábado, no Parque do Carmo, fica a apenas quatro quilômetros da Arena Corinthians, conhecida como Itaquerão, estádio que abrigará a cerimônia de abertura da Copa do Mundo. Centenas de famílias montaram suas tendas em um terreno particular de 150.000 m² que estava desocupado há 29 anos.
Quem coordena a ocupação do terreno é Guilherme Boulos, líder do MTST que também comandou as ocupações Faixa de Gaza e Nova Palestina, ambas na Zona Sul da capital paulista. Agora, o movimento quer pressionar a Câmara Municipal de São Paulo a incluir o terreno invadido em Itaquera como Zona Especial de Interesse Social (Zeis) no Plano Diretor, em discussão no Legislativo municipal. Isso reservaria a área para a construção de conjuntos habitacionais destinados às famílias da ocupação.
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Boulos também está incentivando as famílias a compartilhar notícias e fotos da ocupação nas redes sociais para pressionar o poder público. Os líderes do MTST dizem para as pessoas ainda não ligarem as fiações clandestinas por causa do risco de incêndio. Os sem-teto que ocupam o terreno, localizado na Rua Malmequer do Campo, são formados por moradores de áreas de risco e favelas.
Desde o ano passado, a cidade de São Paulo registra um aumento no número de invasões de imóveis por sem-tetos. No primeiro ano de governo, o prefeito Fernando Haddad (PT) fez 81 decretos de áreas de interesse social, para que sejam construídas moradias populares.
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto é um braço do MST. Como já mostrou VEJA em diversas reportagens, o MST é comandado por agitadores profissionais que, a pretexto de lutar pela reforma agrária, se valem de uma multidão de desvalidos como massa de manobra para atingir seus objetivos financeiros. Sua arma é o terror contra fazendeiros e também contra os próprios assentados que se recusam a cumprir as ordens dos chefões do movimento e a participar de saques e atos de vandalismo. Com os anos, o movimento passou por um processo de mutação. Foi-se o tempo em que seus militantes tentavam dissimular as ações criminosas do grupo invocando a causa da reforma agrária. Há muito isso não acontece mais. Como uma praga, o MST ataca, destrói, saqueia – e seus alvos, agora, não são mais apenas os chamados latifúndios improdutivos.
(Com Estadão Conteúdo)