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A PM falhou, mas o mendigo anotou a placa

Morador de rua anotou placa do Siena atropelador. Para delegada, "se descuido foi além do aceitável", jovens poderão responder por crime doloso

Por Léo Pinheiro
21 jul 2010, 21h08

Amigos que andavam de skate com Rafael serão ouvidos novamente para dar detalhes sobre o momento do atropelamento

Se a Polícia Militar não ajudou muito, a participação de um morador de rua foi decisiva para descobrir a identidade do motorista que atropelou e matou o jovem Rafael Mascarenhas, 18 anos, filho da atriz Cissa Guimarães. Foi um “mendigo que caminhava dentro do túnel”, segundo um bombeiro que socorreu a vítima, quem anotou a placa do Siena preto conduzido pelo jovem Rafael de Souza Bussamra, que confessou o atropelamento.

De acordo com o cabo Cunha, que participou do resgate, no momento do atendimento o morador de rua informou a placa do veículo. O bombeiro também informou que, diferentemente do que dizem os jovens envolvidos no atropelamento, não veio de um celular a ligação que originou o atendimento. “Recebemos o chamado de um telefone fixo da região, de um morador que assistiu parte da cena pela janela de seu prédio”, disse Cunha.

A falha da Polícia Militar ficou evidente com a apreensão do Siena pela Polícia Civil. O veículo chegou na manhã desta quarta-feira à 15ª DP (Gávea) com a frente destruída. Os policiais que abordaram o veículo momentos após o atropelamento afirmaram que “não suspeitaram” de nada estranho e, como não presenciaram o acidente, deixaram os jovens seguir viagem. A postura da PM inicialmente foi a de justificar a explicação dos policiais com a tese de que, à noite, não seria possível perceber avarias no carro. Mas, assim que o carro foi mostrado, os dois policiais foram afastados do serviço de rua.

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A delegada Bárbara Lomba, que conduz a investigação sobre o atropelamento, usará o resultado da perícia no Siena, concluída na tarde desta quarta-feira, para avaliar a velocidade em que o veículo trafegava no momento do choque que matou o jovem. A falta de isolamento do local – o que poderia ter sido feito pelos policiais que abordaram os jovens – foi, segundo Bárbara, uma perda irreparável para a compreensão do que se passou dentro do Túnel Acústico.

“Poderíamos fazer uma perícia no local. Mas sem a preservação das características da área logo após o acidente, a investigação fica prejudicada. Usaremos os laudos periciais e informações de radares e câmeras de trânsito”, explicou.

A investigação sobre o que se deu nas horas que antecederam o atropelamento vai incluir, segundo a delegada, um levantamento dos bares e lojas de conveniência da região do Leblon, Lagoa e áreas próximas. O objetivo é saber se os jovens do Siena e do Honda Civic que entraram na parte interditada ao tráfego consumiram bebidas alcoólicas.

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Caso fique comprovado consumo de álcool ou que os jovens disputavam um racha, a situação dos motoristas e caronas pode se complicar. “Se a falta de cuidado que contribuiu para o acidente passar dos limites aceitáveis, isso configura dolo eventual. Isso tem sido usado para qualificar crimes e o homicídio deixaria de ser culposo”, explicou Bárbara. Na prática, os envolvidos deixariam de ser indiciados por um crime de trânsito comum – um acidente – e poderiam ser considerados assassinos, levados a júri popular e com penas de prisão.

Depoimentos – Nesta quinta-feira deve ser ouvido, na 15ª DP, o jovem identificado apenas como André, que viajava no carona do Siena. Um advogado informou à delegada que o rapaz está chocado e pediu para que o depoimento, previsto para quarta-feira pela manhã, fosse adiado.

Durante o velório de Rafael, os amigos que acompanhavam o jovem, Luiz e João Pedro, afirmaram que chegaram a ouvir gritos quando os dois carros passaram pelo túnel, em direção à Barra da Tijuca – sentido em que o trânsito estava liberado – e que acreditam que os carros apostavam um pega. Segundo Bárbara Lomba, o que os rapazes disseram à polícia foi simplesmente um relato do que se passou, e não pode ser considerado depoimento. Passado o choque da perda do amigo, eles poderão dar detalhes como a velocidade dos carros e o local do choque – que será comparado com o local para onde Rafael foi lançado.

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