(Sicilian Ghost Story, Itália/França/Suíça, 2017) Luna e Giuseppe (Julia Jedlikowska e Gaetano Fernandez) têm 12 para 13 anos de idade e se adoram. Apesar das objeções de suas respectivas famílias (a dele é bem mais rica e, também, escusa que a dela), toda tarde os dois saem da escola e vão andar pelo bosque que circunda sua cidadezinha. Ela desenha, ele anda a cavalo. Juntos, circulam de lambreta pelas estradinhas dos arredores. Repentinamente, entretanto, Giuseppe deixa de ir às aulas. A professora não sabe dizer por que ele sumiu. Na casa do rapaz, fecham a porta à cara de Luna — que, nos sonhos e visões alimentados por sua angústia, imagina aparições de Giuseppe, vê o amigo nos animais, enxerga-o afundando lentamente num lago ou fantasia o salvamento dele, em uma obsessão cada vez mais intensa e urgente. Feito numa chave fantástica e repleto de cenas oníricas, o filme dos diretores italianos Fabio Grassadonia e Antonio Piazza (de Salvo) trata, na verdade, de um caso chocante e célebre ocorrido em seu país entre 1993 e 1995, e é um testemunho inequívoco da habilidade da dupla que uma das imagens mais terríveis do desfecho seja também uma das mais poéticas do filme.