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Por Sérgio Praça
A partir do que há de mais novo na Ciência Política, este blog do professor e pesquisador da FGV-RJ analisa as principais notícias da política brasileira. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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A transformação de Edson Fachin

Inicialmente visto como pró-PT, Edson Fachin tornou-se o possível salvador da Operação Lava Jato

Por Sérgio Praça 2 fev 2017, 15h27

Edson Fachin, o ministro de nomeação mais recente para o Supremo Tribunal Federal (STF), foi escolhido hoje, por sorteio, para ser o relator do processo da Operação Lava Jato no Supremo. Não é como ser relator de um projeto de lei no Legislativo. Conforme Ivar Hartmann (FGV-RJ) afirmou, em entrevista ao Nexo Jornal, que “as características da Lava Jato fazem com que o timing das decisões de liminar e mérito [feitas pelo relator] seja ainda mais decisivo. Também os despachos, normalmente irrelevantes se comparados com a liminar e o mérito, adquirem importância enorme na Lava Jato”.

Este é, para o STF, o momento mais delicado da Lava Jato. As delações da Odebrecht vazadas até agora indicam forte envolvimento de parlamentares e ministros do PMDB e PSDB em atos corruptos. Senadores como Aécio Neves (PSDB) e Romero Jucá (PMDB) estão entre os citados. Dependendo das denúncias a serem oferecidas pelo Ministério Público Federal – e tudo indica que serão incisivas –, Edson Fachin poderá ser responsável por enviar políticos graúdos para a cadeia.

Teori Zavascki não teve medo de fazê-lo. Decidiu, sozinho, prender Delcídio Amaral (e sua decisão foi posteriormente referendada pela maioria dos onze juízes). Demorou cinco meses para destituir Eduardo Cunha (PMDB) da presidência da Câmara dos Deputados, mas tomou a decisão condizente com as provas apresentadas (e o clamor popular – nem sempre o povo está errado…).

Para chegar ao STF, Fachin fez intenso lobby com os senadores, os responsáveis finais por aprovar sua indicação. São duas votações secretas no processo: uma na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal, com 27 senadores, e outra no plenário, com todos os senadores. Sua aprovação pela CCJ foi a mais apertada desde a de Gilmar Mendes: 20 votos a favor, 7 contra. (Mendes foi aprovado por 16 e rejeitado por 6.)

Fachin foi indicado por Dilma Rousseff (PT) para o ST em maio de 2015. O senador Aécio Neves (PSDB) foi seu crítico mais contundente. Afirmou estar preocupado com as “vinculações e compromissos partidários” de Fachin, que gravou vídeo de apoio a Dilma em 2010. Membro da comissão que sabatinou Fachin (e poderia ter rejeitado seu nome), Aécio preferiu bajular FHC em Nova York em vez de fazer perguntas ao indicado.

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Até agora, o juiz não tomou nenhuma decisão relevante que pode ser considerada partidária ou pró-PT. É tido como mais equilibrado e isento do que Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski. Aliás, Fachin discordou deste último com relação à possibilidade de prender condenados em segunda instância – um dos pilares da Lava Jato, pois incentiva investigados contra os quais há provas contundentes a fazer delações premiadas.

Já que o Brasil oferece foro privilegiado para políticos envolvidos em crimes de corrupção (e é somente por isso que Sérgio Moro não julga Aécio Neves, Jucá etc.), a Lava Jato precisava, após a morte de Teori, de um juiz simpático à operação no STF. Fachin já elogiou o comportamento do tribunal durante o “Mensalão”, quando ainda não era membro. Sorteio auspicioso.

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