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Serra candidato.

José Serra decidiu apresentar seu nome como pré-candidato à Prefeitura de São Paulo. Não havendo a desistência de todos os postulantes, deve disputar as prévias, e a tanto ele já se disse disposto se necessário. São dadas como certas as desistências de Andrea Matarazzo — em quem eu votaria com convicção se candidato fosse — […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 09h28 - Publicado em 26 fev 2012, 07h39

José Serra decidiu apresentar seu nome como pré-candidato à Prefeitura de São Paulo. Não havendo a desistência de todos os postulantes, deve disputar as prévias, e a tanto ele já se disse disposto se necessário. São dadas como certas as desistências de Andrea Matarazzo — em quem eu votaria com convicção se candidato fosse — e de Bruno Covas. O primeiro pertence ao mesmo grupo político de Serra no PSDB; Bruno, muito próximo do governador Geraldo Alckmin, abre certamente mão de sua postulação, atendendo ao comando de Alckmin, que se esforçou por essa solução. José Aníbal e Ricardo Trípoli não deram sinais de que podem seguir o mesmo caminho. Com ou sem prévias, não há no PSDB, agora, quem conte com a possibilidade de que o nome possa ser outro: é Serra. Acho isso bom ou ruim? Depende. Para a cidade, caso ele vença, é bom. Para o país… Vamos ver.

Não é, já disse, o que eu faria no lugar dele, mesmo reconhecendo que a solução pode ser muito boa para a cidade em caso de vitória. Por que digo isso? Não sou político. Não me meto, à diferença do que acusam os petralhas, com partidos. Escrevo como um cidadão brasileiro cuja profissão permite um posto de observação privilegiado. Serra segue sendo a cabeça mais lúcida da oposição brasileira e aquele que tem uma visão mais sólida do conjunto dos problemas — e das respostas possíveis — do Brasil. É evidente que a sua entrada na disputa pela Prefeitura torna mais distante a possibilidade de que venha a se candidatar de novo à Presidência. As circunstâncias de agora impõem que, se eleito, exerça os quatro anos de mandato. Ele deve saber disso. Também deve ter claro que os adversários insistirão na tecla de que pode não concluir o mandato para disputar a Presidência. Curiosamente, até aqueles que o combatem enxergam nele mais um presidenciável do que um “prefeiturável”.

As circunstâncias locais e nacionais convergiram, reconheço, para a sua candidatura. Os exércitos estão se armando para tomar São Paulo. O nome do ex-governador surgiu como aquele capaz de manter unida a aliança que venceu as disputas mais recentes na cidade e no Estado. Já se escreveu à farta sobre o fator Gilberto Kassab: Serra era o único nome que poderia demovê-lo de lançar um candidato próprio ou de compor com o petismo. Isso só nos informa que Lula e sua turma estão dispostos a qualquer aliança — mesmo com aqueles a quem tanto combateram — para derrotar o PSDB. É fato inquestionável: amplos setores do partido, também o governador Geraldo Alckmin, quiseram Serra candidato.

Compreendo tudo isso; voto, sim, nele entendendo que é o melhor para São Paulo e para as forças que se opõem ao petismo — e eu acho vital para a democracia brasileira que a oposição se fortaleça —, mas temo pelos rumos da oposição na esfera nacional. A reação do PSDB no caso das privatizações dos aeroportos, por exemplo, é, para dizer pouco, preocupante. Por quê? Contentou-se em acusar as incoerências do PT, que teria, finalmente, se rendido ao óbvio e aderido a um modelo que antes criticava. Declarou-se, então, a vitória intelectual do PSDB. Faz sentido? Faz, sim! Apontar o discurso farisaico do petismo era uma obrigação? Sem dúvida! Mas só isso?

Serra foi o único a tratar a questão na sua devida dimensão. A privatização dos aeroportos não é a primeira efetuada pelo petismo, não! Há outras, como a das estradas federais, que se mostrou um desastre. No caso dos aeroportos, o agora pré-candidato à Prefeitura pelo PSDB lembrou em artigo: trata-se de uma privatização malfeita, potencialmente danosa para o setor, para o país e, por conseqüência, para os usuários — todos nós. Que o PSDB apontasse as incoerências do PT, muito bem! Que tenha limitado a sua crítica a essa questão, sem atentar para as barbeiragens do processo, aí não dá! É preciso dizer um “sim” às privatizações — mas às privatizações bem-feitas. Falta, como se nota, rumo.

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É evidente, e os colunistas já apontaram isso à farta, que o caminho fica mais livre para o senador Aécio Neves (MG) se firmar como o provável candidato do PSDB à sucessão de Dilma. Pode ser que venha ainda a demonstrar liderança, descortino, habilidade para reunir uma massa crítica que o torne uma alternativa de poder. Mas não há, até agora, dentro ou fora do PSDB, no governo ou na oposição, quem vislumbre isso, embora haja uma grande vontade de apostar nessa possibilidade. Como possível candidato do PSDB à Presidência, Aécio assume a condição de quem dá o tom. E se ouve muito pouco a sua voz nos embates nacionais. Não que faltem motivos. Essa voz se alevantará a partir de agora? Vamos ver.

Sim, eu preferia um Serra envolvido com os temas nacionais, e só nesse particular a sua candidatura de agora me desagrada.  Se eleito, há de ficar ao menos quatro anos na Prefeitura de São Paulo, o que seria um bem enorme para a cidade se considerarmos a sua atuação como prefeito e como governador. A população aprovou o seu trabalho, e ele venceu Dilma em 2010 no estado e na capital.

Não será uma disputa fácil. Justamente porque vêem em Serra uma rara capacidade de trabalho, os petralhas e os “JEGs” — Jornalistas da Esgotosfera Governista (essa me chegou num comentário) — vão aloprar. Não por acaso, alguns de seus notórios detratores exibem, em suas respectivas páginas, publicidade não menos notável de estatais e do governo federal. Arma-se, com dinheiro público, a mão da tropa de choque contra adversários. É prática similar ao que se vê hoje na Argentina, na Venezuela, na Bolívia ou no Equador.

Que Serra seja eleito! Para o bem de São Paulo. E resta-nos também torcer para que a oposição encontre um rumo e ganhe uma voz capaz de se posicionar com firmeza sobre temas nacionais.

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