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PT: dinossauros carnívoros e herbívoros

Tiranossauro (à esquerda), com a boca arreganhada, e o quase bucólico brontossauro: escolher qual dos dois? Nenhum! Esse tempo já passou Um amigo me manda um e-mail um tanto azedo, afirmando que estou fazendo o jogo da ala radical do PT ao não dar o devido peso ao que considera “choque na Radiobras entre a […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 22h58 - Publicado em 27 nov 2006, 05h55

Tiranossauro (à esquerda), com a boca arreganhada, e o quase bucólico brontossauro: escolher qual dos dois? Nenhum! Esse tempo já passou
Um amigo me manda um e-mail um tanto azedo, afirmando que estou fazendo o jogo da ala radical do PT ao não dar o devido peso ao que considera “choque na Radiobras entre a canalha stalinista e o jornalismo profissional”. Como se noticiou aqui há alguns dias, Eugenio Bucci, presidente da estatal, parece estar com um pé fora de lá, tangido pela ala heavy metal do stalinismo tardio. Jesus!!! Eu já havia interpretado as notícias a respeito como parte do esforço de Bucci de deixar claro esse confronto. Também recupero o que escrevi à época: sei que qualquer substituto do atual presidente será necessariamente pior do que ele. Mas vai certa distância entre reconhecer essa disputa e me mobilizar. Não arrancarão de mim um “Fica aí, Bucci”. Sabem por quê? Porque acho que ele não deve ficar. Bucci me parece o petismo civilizado. E eu não acredito nisso. Embora possa condescender que ele acredite. Nessa hipótese, ele é um homem equivocado. E eu não tenho compromisso com o equívoco. Se ele romper com a camarilha, terá todo o meu apoio, ainda que seja inútil. Como sabem, pertenço àquela fatia da humanidade que aceita arrependimento. Meu mestre é São Paulo, o Apóstolo.

A questão volta hoje aos jornais, em texto de Paulo Moreira Leite, no Estadão: “Apareceu um novo lance na guerra interna do governo Lula sobre o comando da Radiobrás, estatal que controla três emissoras de TV, seis estações de rádio e um site de notícias. No fim de semana, o jornalista Bernardo Kucinski, ex-assessor do Planalto, encarregou-se de trazer a polêmica a público, divulgando no site Carta Maior um artigo com críticas à gestão de Eugênio Bucci, presidente da Radiobrás que decidiu deixar o posto a partir de 2007. O alvo de Kucinski é a cobertura da Radiobrás que, longe do jornalismo chapa branca que marca sua história, teve uma postura equilibrada durante o primeiro mandato. Noticiou greves de funcionários, fez denúncias de meio ambiente e acumulou 3.500 reportagens sobre a crise do mensalão, aquele evento que, conforme a cartilha do PT, é uma ‘construção jornalística’. Para Kucinski, a Radiobrás fez uma ‘comunicação estatal que tem vergonha de ser estatal’. Ele também acusa a Radiobrás de não ter aproveitado a chance de ‘contextualizar e hierarquizar melhor os fatos’.”

Já troquei alguns textos azedos com Kucinski e também nos estranhamos num debate. Eu me meto em cada roubada… Ele detestava Primeira Leitura. Num lance mais ousado, mas que lhe fica bem, mandou uma carta me esculhambando. Mas não me elegeu como interlocutor, não. Preferiu vituperar contra mim, mas se dirigindo a Luiz Carlos Mendonça de Barros, dono, à época, da revista. Na sua cabeça, as coisas funcionam assim: o negócio é falar com o patrão. Era a prova de que um empresário como Mendonça de Barros não cabia no manual de Kucinski. Eu decidia os caminhos da revista com liberdade plena. Kucinski representa a ala Tiranossaurus Rex do PT. O que não quer dizer que os brontossauros me interessem só porque são herbívoros…

Existe uma óbvia escalada do PT contra a mídia. Ainda no artigo de Moreira leite: “Kucinski escreveu que, numa cobertura de ‘caráter metafísico’, a Radiobrás não produziu ‘uma narrativa própria do governo Lula’, raciocínio que leva à defesa de um noticiário politicamente dirigido.” E Bucci responde: “O governo não pode dirigir o noticiário. Governo é fonte e alvo de investigação. Deve ser fiscalizado e deve dar respostas.” Sim, é claro que eu concordo com o presidente da Radiobras. E, porque concordo, digo: “Sai daí, Bucci. Ou não lhe restará outra coisa a fazer a não ser se comportar como um brontossauro para provar que não é um tiranossauro”. Não existe meio petismo. Não existe o petismo do B; não existe a versão não virulenta deste mal; não tente ser a vacina.

Vejam lá o texto de Kucinski: ele quer uma “narrativa própria do governo Lula”; ele acredita que uma nova história está em curso, que pede a narrativa de uma gesta. Pertence àquela categoria de homens que acreditam piamente na existência de duas morais: a “deles”, dos inimigos, e a “nossa”, do petismo. Não existe, Bucci, bom inquisidor no Tribunal do Santo Ofício Ideológico. Cedo ou tarde, acaba-se alimentando a fogueira. A suposição de que é melhor um “moderno” na máquina do atraso do que um, vá lá, atrasado perfeitamente adaptado a ela constitui um erro elementar de lógica. O máximo que se pode conseguir é ser uma espécie de vanguarda do retrocesso.

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Lula, o PT e os aloprados da “nova metafísica” — com Marco Aurélio Garcia como rainha da bateria — querem, e terão, a mídia estatal a serviço do governo e do partido e, na prática, mobilizam recursos públicos para sustentar os amigos da iniciativa privada.

Ouça, a propósito, o Podcast do Diogo Mainardi (para ouvir, clique aqui), de que transcrevo trechos: “O Ibope Monitor mede os investimentos publicitários de todos os anunciantes na TV, no rádio, nos jornais e nas revistas. (…) de maio a outubro de 2006, a TV Bandeirantes se tornou a segunda maior arrecadadora de verbas publicitárias da Petrobras, superando a Record e o SBT, que têm uma audiência três vezes maior. Coincidentemente, em maio a Bandeirantes fez uma parceria com a empresa do filho do Lula para a gestão do Canal 21.”

Para ler mais a respeito, clique aqui

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