Processar? Sistema COC deveria é contratar mãe de aluna para rever suas apostilas
É preciso ler o post abaixo para estender este:O sistema COC de ensino, até onde posso alcançar, existe porque existe o capitalismo — a menos que se candidatasse a Ministério da Doutrina no caso de um regime comunista no Brasil. Fosse eu o dono da EMPRESA, em vez de processar Mirian Macedo — e os […]
O sistema COC de ensino, até onde posso alcançar, existe porque existe o capitalismo — a menos que se candidatasse a Ministério da Doutrina no caso de um regime comunista no Brasil. Fosse eu o dono da EMPRESA, em vez de processar Mirian Macedo — e os sites que divulgaram seu texto —, eu a contrataria para revisar as apostilas.
Os trechos que ela selecionou do material didático são mesmo constrangedores, vexaminosos, vergonhosos. Os donos da empresa COC, empresários que são, sentem-se devidamente retratados nesta seqüência de verbos: “Acordou, barbeou-se… beijou, saiu, entrou… despachou… vendeu, ganhou, lucrou, lesou, explorou, burlou… convocou, elogiou, bolinou, estimulou, beijou, convidou… despiu-se… deitou-se, mexeu, gemeu, fungou, babou, antecipou, frustrou… saiu… chegou, beijou, negou, etc., etc.” ???
Do conjunto, sem dúvida, duas coisas me deixaram particularmente encantado: descobrir que o capitalismo começou no neolítico (eu sempre disse que o modelo é antigo, mas não achei que fosse tanto…) e que o dilúvio foi uma punição para Sodoma e Gomorra. O Deus do Velho Testamento era mesmo padrasto! Imagino que quem afirmou a besteira nunca pôs os olhos numa Bíblia, mas escreve a respeito. Como de costume…
Por que o sistema COC está processando a mãe da aluna? Não lhe reconhece o direito de contestar as sandices que imprime? Defende, segundo entendi, o método crítico, “dialético”, sei lá o quê, desde que COC fique livre de qualquer escrutínio? Mírian inventou aquelas informações? Mais: não basta ao “sistema” o espaço para defender o seu ponto de vista?
Pobre Weber
Eu lamento um tanto pelo sistema COC. Classificar Max Weber de “idealista”, como fez José Henrique del Castillo Melo, não é opinião, mas ignorância. Pior, depreende-se da resposta dada que qualquer análise que releve a importância da cultura na história é, necessariamente, uma manifestação do “idealismo”. Parece que o COC prefere processar a argumentar, mas, se Castllo Melo quiser me provar que Weber integra a corrente do “idealismo alemão”, é só mandar o texto pra cá, que eu o publicarei. Só espero que ele me garanta o direito de resposta…
Direito achado na rua
Escrevi anteontem um texto sobre o tal Direito Achado na Rua e inscrevi esta, vá lá, corrente de pensamento jurídico na perspectiva gramsciana de construção da hegemonia do pensamento de esquerda. Aliás, Roberto Lyra Filho, o idealizador da estrovenga, era um leitor de Gramsci. Espero que o sistema COC reconheça o meu direito de considerá-lo parte dessa mesma construção — ou, ao menos, contaminada por ela.
Leiam este trecho:
“Sabemos que a história é escrita pelo vencedor; daí o derrotado sempre ser apresentado como culpado ou condições de inferioridade (sic). Podemos tomar como exemplo a escravidão no Brasil, justificada pela condição de inferioridade do negro, colocado (sic) como animal, pois era ‘desprovido de alma’. Como catequizar um animal? Além da Igreja, que legitimou tal sandice, a quem mais interessava tamanha besteira?”
Gostaria que o professor Castillo tentasse me provar (pode ser no mesmo texto em que o convido a dissertar sobre Weber) que o que vai acima é história rigorosa — sem contar, é fato, o trato lamentável da língua portuguesa. Não há história ali. Ao contrário: há só juízo moral. Pior de tudo: induz-se o aluno a julgar o passado segundo critérios do presente. A história consiste, entre outras coisas, em tentar entender a mentalidade de um período para que as ocorrências e as decisões sejam compreendidas em seu próprio tempo. Sabem o que é mais triste? Nem o tarado furunculoso, Marx, endossaria aquela besteira. Ele escreveu bobagens brutais, gigantescas, mas não era estúpido.
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