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Mortadelas 10 X Coxinhas 1: como cortejar idiotas e ser rejeitado

A pauta que foi às ruas no domingo foi aviltada: as reformas foram deixadas de lado em benefício da militância contra a política

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 28 mar 2017, 10h39 - Publicado em 28 mar 2017, 10h22

E meu pingo final ainda vai para a desastrada manifestação de domingo.

Tudo aquilo de que as forças que combatem o PT e as esquerdas não precisavam era de um vexame. E alguns grupos o buscaram com determinação, com afinco, com audácia.

Resultado: “os coxinhas”, brincando com a terminologia que acabou ficando popular, levaram uma surra dos “mortadelas” mais feia do que aqueles 7 a 1. Viu-se na Paulista algo em torno de 10 a 1. Já elenquei aqui os motivos. A agenda era ampla e confusa. Pior: os radicais de Facebook forçam uma pauta que está descolada dos anseios da população.

E os líderes, de maneira tragicômica, se deixam liderar por aqueles que deveriam ser os liderados. E aí se fabrica o mico que se viu.

Há um elemento adicional. Sei de muito perto o trabalho que deu, nas manifestações pró-impeachment, para isolar a extrema direita, que anda de braços dados com a extrema ignorância. À medida que os brucutus foram perdendo peso relativo nas ruas, o homem comum foi chegando. Reduzidos os trogloditas à insignificância — não custa lembrar que havia irresponsáveis incentivando a invasão do Palácio do Planalto —, então o povo virou protagonista.

No domingo, o que se viu? O peso relativo da extrema direita não corresponde, em absoluto, ao peso que essas correntes de pensamento têm na sociedade brasileira. Quem andou pela Paulista sabe. A porcentagem de inimigos de uma pauta liberal e democrática era de fazer inveja a uma manifestação de esquerda.

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Os atos pró-impeachment reuniram milhões porque as pessoas sabiam que estavam indo às ruas para lutar contra o partido que tinha o governo da República, mas que também detinha o comando da maior máquina de assalto aos cofres públicos e às instituições da história. Mais: a presidente da República, membro desse partido, havia conduzido o país ao caos econômico.

Milhões foram às ruas em busca de futuro. Em busca de oxigênio.

Ainda que modestamente, a economia vai retomando seu curso. Os indicadores estão melhorando. As reformas são vitais para que a gente consiga sair do atoleiro. Não serão feitas sem o concurso do Congresso. Ao mesmo tempo, caminha-se para uma eleição que não pode ser disputada numa delegacia de polícia.

E, no entanto, nota-se, o Ministério Público e setores da Polícia Federal preferem ter a sua própria agenda, não é? Justamente aquela que criminaliza a política. Rodrigo Janot deve achar que sua obra ainda não está completa. Ele e seus bravos da Lava Jato, com o aplauso da direita xucra, transformaram o PT em apenas mais um dos partidos corruptos do país. Conseguiram vender a sua agenda podre, que criminaliza a política sob o pretexto de combater a corrupção.

As pessoas podem não fazer o percurso mental que faço aqui, mas idiotas não são. Disseram, ainda que pela ausência e pelo silêncio, que querem estabilidade, normalidade, cumprimento de regras. E, claro!, o combate à corrupção é parte dessa normalidade.

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E há, é evidente, muitas, digamos, “celebridades” de redes sociais, movimentos, sites e aiatolás da própria loucura que constataram, consternados, que não mobilizam quase ninguém.

Confundiram likes, curtidas e cliques com pensamento e influência.

Sabem o mais triste, o mais patético, o mais assombroso?

Muita gente rebaixou a pauta, adaptou-a ao gosto dos trogloditas, tornou-a francamente reacionária na esperança de juntar muitos milhares, ávidos por soluções simples e erradas para problemas difíceis — como sacar uma pistola, por exemplo —, e, ainda assim, o povo não compareceu.

Alguns podem escrever um tratado: “Da arte de cortejar idiotas e ser rejeitado”. Trata-se de um desastre e de uma humilhação também intelectuais.

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