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Mais 26 mortos em presídio. E o que temos com isso?

O que está em risco é a nossa segurança. É preciso dar uma resposta adequada pensando, sobretudo, em quem não é bandido

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 6 fev 2017, 17h01 - Publicado em 16 jan 2017, 05h41

Você está descontente com o estado privatizado pelas empreiteiras, leitor amigo? É? Eu também! A sociedade brasileira está dando uma resposta a isso — ora certa, ora errada, mas o problema está ao menos identificado. E que tal o estado privatizado pelo crime organizado, aquele barra-pesada mesmo, aquele que corta cabeças, aquele que estripa humanos como quem diz “hoje é segunda-feira”?

Pois, saibam, caminhamos para isso. Segundo o governo do Rio Grande do Norte, são 26 os mortos em decorrência da rebelião havida no sábado na Penitenciária de Alcaçuz, que opôs bandidos ligados ao PCC àqueles filiados ao Sindicato do Crime. As vítimas pertencem a esta segunda facção.

Só nos primeiros 16 dias do ano, já são 134 os mortos em presídios no país.

O Brasil abriga mais de 600 mil presos onde caberiam apenas 300 mil. Atenção! Há mais de 400 mil — isto mesmo! — mandados de prisão sem cumprimento no país. Numa conta sumária, mais verdadeira, isso eleva o déficit prisional a estupendas 700 mil vagas. Querem outra conta? Especialistas apontam que as cadeias deveriam ter, no máximo, 500 presos para ser administráveis. O país precisaria construir 1.400 presídios, ao custo de R$ 30 milhões cada um. Estamos falando da bagatela de R$ 42 bilhões só com a construção. Não se falou ainda na gestão dessa máquina.

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Ainda que o país libertasse todos os presos provisórios, estimados em 250 mil, a situação continuaria alarmante e sem uma resposta rápida e eficaz, como exige a sociedade. De resto, que fique a pergunta: quem disse que os provisórios deveriam ser automaticamente soltos? O desejável é que fossem logo julgados.

Essa é a hora em que um governante — e convido o presidente Michel Temer a fazê-lo — tem de vir a público para dizer verdades realmente inconvenientes. Até porque as soluções simples e erradas para problemas difíceis emergem com espantosa fúria em tempos assim. Nas redes sociais, ouvimos o alarido da selvageria discursiva: “Que morram todos! Quanto mais mortos, melhor! Que se esfaqueiem à vontade! São todos bandidos”.

Os que vociferam com essa ligeireza não se dão conta de que estamos assistindo a uma disputa entre facções do crime organizado que encontram nos presídios o seu ambiente ótimo. Mas a eles não se restringem, é claro! A disputa que há nos ambientes fechados traduz a competição pelo mercado do crime que está fora das cadeias. E isso ameaça toda a sociedade.

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O Brasil não precisa corrigir as aberrações do sistema carcerário apenas para proporcionar uma vida mais decente aos presos, ainda que isso seja necessário. É preciso pôr um fim à desordem para garantir a segurança de todos nós, dos cidadãos comuns. Ou a guerra que se trava intramuros salta aquelas barreiras e vai para as ruas. Em parte, convenham, isso já acontece. Ou este não é o país que conta mais de 50 mil homicídios a cada ano? Essa é a nossa guerra particular.

Ou a sociedade brasileira, estimulada por governantes e políticos, se conscientiza da gravidade do problema e entabula uma resposta maiúscula, estrutural, que chame à responsabilidade os Três Poderes e cada um dos brasileiros, ou assistiremos à naturalização da barbárie.

Neste sábado e neste domingo, por exemplo, os eventos do Rio Grande do Norte já chocaram muito menos do que os de Amazonas e Roraima.

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Afinal, isso está ficando tão corriqueiro, não é mesmo?

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