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João Doria no Datafolha: aprovação recorde e sinal de advertência

Para 43%, gestão é ótima ou boa; para 20%, é ruim ou péssima. Dizem que ele fez menos do que esperavam 47% — entre os pobres, 61%

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 9 abr 2017, 09h18 - Publicado em 9 abr 2017, 09h04
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Há umas três semanas, conversando ao telefone com um amigo que também é muito amigo do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmei: “A pesquisa Datafolha sobre os 100 dias ainda não saiu, mas eu já sei que ele baterá recorde de aprovação. E eu vou escrever que isso indica que a maioria dos paulistanos quer que ele continue na Prefeitura”.

Pois é… Nem é preciso que eu diga isso em lugar do povo. Este mesmo o diz em seu próprio nome na pesquisa Datafolha divulgada neste domingo. Mais: espero que os números confiram um pouco de realismo e prudência aos mais exaltados. A pesquisa é muito boa para o prefeito, sim. Mas só um tolo, um imprudente, um irresponsável não veria nos números alguns sinais amarelos de advertência. Doria, felizmente, não é nada disso. Precisa é conter certo alarido que gera muito calor e nenhuma luz. Adiante.

Doria obteve o maior índice de “ótimo/bom” desde que a eleição direta foi reinstituída na capital: 43%. Antes dele, o recorde era de Marta Suplicy, hoje no PMDB: 34%, seguida pelo petista Fernando Haddad (31%). O tucano, no entanto, não é o que exibe o menor índice de ruim/péssimo: 20%. Justamente Marta e Haddad tinham um número melhor: 14%. Para ficar atento: no início de fevereiro, só 13% reprovavam a gestão. Em dois meses, pois, houve um salto de sete pontos percentuais.

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Quer que fique
Notem que não preciso, de fato, ser eu a interpretar a vontade da população da cidade. O Datafolha indagou se ela quer que Doria fique no cargo ou se candidate a governador ou presidente. Nada menos de 55% dizem que o querem onde está. Defendem que tente o Palácio dos Bandeirantes 13% dos entrevistados, e 14% preferem a Presidência. O que isso significa? O óbvio! Deixar o mandato antes da metade do tempo tem um enorme potencial de desgaste. Inicialmente, na cidade; depois, a coisa se espalha. José Serra conhece isso muito bem, embora entre a saída da Prefeitura e a disputa de 2010 à Presidência, ele tenha sido eleito governador de São Paulo no primeiro turno (2006).

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Há outro número ao qual cabe ficar atento. Segundo o instituto, os que demonstram entusiasmo por sua candidatura à Presidência e votariam nele com certeza não são compatíveis com o alarido das redes sociais — acho Doria inteligente o bastante para não confundir as coisas. Votariam nele com certeza, para a Presidência 26% (32% para o governo); talvez votassem para esses cargos, respectivamente, 29% e 31%. Mas é inequivocamente alto o índice dos que dizem que não o escolheriam para a Presidência de jeito nenhum (42%) nem para o governo (35%).

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Reitere-se: estamos falando da população da cidade de São Paulo, que confere ao prefeito uma avaliação positiva recorde e que, majoritariamente, o quer no cargo. O potencial para uma eventual renúncia atingir fortemente a sua reputação é grande. E ninguém precisa ser muito esperto para intuir que a onipresença do prefeito nas redes sociais exerce um duplo papel, não? Reafirma, sim, sua condição de pré-candidato, mas também exalta a figura do prefeito operante.

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Expectativas
O prefeito pode ficar satisfeito ao avaliar as expectativas, ainda que quase a metade — 47% — afirmem que ele está abaixo do que esperavam. Dizem estar acima 20%. Para 28%, ele faz o que esperavam que fizesse. Diziam que Serra fazia menos do que o esperado 70% (e, depois, deixou a Prefeitura com alto índice de aprovação e se elegeu governador); no caso de Haddad, 49%. Mas que se reconheça: para que aqueles 47% não cresçam, muita coisa tem de acontecer.

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Dizem que nada mudou no seu bairro 71% dos entrevistados; para 11%, houve piora, e, para 16%, melhora. Ora, é evidente que, em três meses, não se pode esperar muito mais do que isso. O prefeito ainda não teve tempo de fazer grandes coisas pela cidade. Mas isso também deve pôr em perspectiva sua pré-candidatura à Presidência.

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Doações
Mesmo uma atuação que, até hoje, só vi ser criticada pelas esquerdas é vista com suspicácia nada discreta: para 45%, as doações feitas por empresas não são nada transparentes; dizem ser pouco 31%, e só 16% as consideram muito transparentes.

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Atenção!
Há outros dados que precisam ser levados em consideração quando se tomam três meses de gestão de uma cidade como evidência de que se está diante de um candidato imbatível à Presidência: aqueles 43% de aprovação chegam a 67% entre os mais ricos e a 56% entre os que têm ensino superior.

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Mais um número? Como vimos, 47% acham que o prefeito fez pela cidade menos do que esperavam. Ocorre que entre os mais pobres, esse índice chega a 61%.

Acho que não preciso lembrar que o Brasil é composto de uma maioria de pobres, com baixa escolaridade.

Caminhando para a conclusão
O prefeito de São Paulo tem motivos para ficar satisfeito com o seu desempenho. É considerado pela população, nos três primeiros meses, o melhor em muitos anos.

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Os sinais de insatisfação, no entanto, estão presentes também. Acho os números bons para Doria, além de realistas, mas os mais entusiasmados talvez se decepcionem e invistam no erro de optar por ainda mais alarido.

Uma sólida maioria quer que o prefeito continue no cargo. Há tempo até a definição da candidatura do PSDB à Presidência, e é evidente que Doria é um dos pré-candidatos. Mas também isso depende da qualidade de sua gestão, certo? Esses três meses levaram a população a considerar que o copo está meio cheio e meio vazio.

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A pesquisa foi feita com 1.067 pessoas com 16 anos ou mais na cidade de São Paulo, nos dias 6 e 7 de abril. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

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