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Ipea produz mais uma cantilena para ninar bandidos e abrir as portas das cadeias

Instituto divulga um estudo sobre violência que é um primor da má-fé intelectual e da vigarice técnica

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 00h03 - Publicado em 23 nov 2015, 16h40

No ano passado, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), aquele órgão do governo que mantém uma sucursal na Venezuela e sustenta que o modelo econômico de Nicolás Maduro é viável e progressista, divulgou uma pesquisa estarrecedora, que fazia dos brasileiros potenciais estupradores de mulheres, incluindo as… mulheres. Segundo o IPEA, 65,1% concordavam com a frase de que uma saia curta justificava ataques a suas portadoras.

Foi um fuzuê. Notei, então, que, para que fosse verdade, a quase totalidade dos homens tinha de concordar com aquilo, claro!, mas também um número expressivo de mulheres. Bem, não era verdade. O Ipea se corrigiu. Era um erro. Só 26% concordavam com a afirmação.

Como notei à época em que se divulgou o número escandaloso, ele era incompatível com outros, revelados pela própria pesquisa: 91,4% concordavam total (78,1%) ou parcialmente (13,3%) que homem que bate na própria mulher tem de ser preso. Nada menos de 70% discordavam total (58,4%) ou parcialmente (11,6%) da tese de que mulher que é agredida e fica com o marido gosta de apanhar. Enormes 81,1% discordavam total (69,8%) ou parcialmente (12,3%) da afirmação de que a mulher que apanha deve se calar para preservar os filhos. Mesmo diante de tais dados, o Ipea não percebeu que seus números sobre a minissaia estavam errados.

E por que não? Porque existe uma diferença entre pesquisar e descobrir o que está na realidade e torcer os dados para adaptar essa realidade a uma tese.

Agora vem a público um novo estudo do Ipea. Segundo informa a VEJA.com,  o instituto aponta que “o Brasil continuará apresentando altas taxas de violência até 2023. A perspectiva se baseia em uma lista de ‘tendências que dificilmente serão revertidas’ em oito anos, como a alta desigualdade social, o fácil acesso a arma de fogo, o avanço da criminalidade no interior do país, a baixa confiança na polícia, o problema de governança na segurança pública, entre outros motivos. A consideração foi feita no relatório intitulado de ‘Violência e segurança pública em 2023: cenários exploratórios e planejamento prospectivo’, divulgado nesta segunda-feira.”

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Bem, o problema já está dado no enunciado, que atribui como principais causas da violência a desigualdade social, o fácil acesso à arma de fogo, a baixa confiança na polícia etc.

Notem o método da pesquisa: os doutores selecionam aqueles que acreditam ser o fatores que induzem a violência, afirmam que eles não serão brevemente corrigidos e, com base nisso, tiram suas conclusões. Bem, e por que assim seria até 2023, quando haveria estagnação ou reversão? Bem, vai ver aqueles fatores passarão por alterações.

É uma falácia em sentido técnico: trata-se de uma conclusão verossímil com base em raciocínio falso. A violência no Brasil explodiu no Nordeste, região do país que mais cresceu nos últimos dez anos e onde se diz ter havido redução da desigualdade. O Ipea está obrigado a provar em que medida a desconfiança na ação da polícia – que coisa boa não é – faz aumentar a criminalidade. Se os indivíduos sitiados pelo crime nos morros do Rio, por exemplo, confiassem mais na polícia, conseguiriam se libertar de seus algozes? Como?

Calma! O estudo tem um objetivo: produzir proselitismo. Informa a VEJA.com:
“O estudo também conclui que o endurecimento da legislação penal, diante das medidas que vem sendo propostas no Congresso, não deve diminuir o índice de criminalidade. ‘A opção por uma política mais repressiva, punitivista e encarceradora (…) e maior utilização da prisão pode diminuir a nossa liberdade e aumentar a exclusão, sem reduzir as taxas de criminalidade’, diz o texto. O relatório também ressalta que a repressão policial direcionada à população mais vulnerável cria ‘um sentimento generalizado de injustiça’, o que afasta a polícia dessas comunidades. O Ipea também critica o que chama de “encarceramento em massa”, dizendo que esse processo ‘facilita o recrutamento do jovem no negócio do crime organizado, além de permitir um aprendizado das tecnologias criminosas, cujo resultado retorna às ruas’”.

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O vocabulário é típico do sociologês mixuruca na esquerda bocó. Se a política mais repressiva não é boa, então a menos há de ser. Aí é preciso provar. Vejam no que deu a política de segurança pública do Rio, que:
a: não investiu na punição;
b: não investiu no encarceramento;
c: investiu na integração da polícia à comunidade sem reprimir o pequeno tráfico.

Quem disse que há uma política “encarceradora” no Brasil? A ideia de que se prende demais no país é uma piada grotesca. Que, de resto, desafia a realidade: a taxa de homicídios nos estados brasileiros é inversamente proporcional à de presos. Ou por outra: nos Estados em que se prende mais, mata-se muito menos; nos Estados em que se prende menos, mata-se muito mais. O Mapa da Violência deixa isso muito claro, com um desvio ou outro da evidência, que só confirma a relação inversamente proporcional entre uma coisa e outra.

O estudo do Ipea não serve pra nada. É pura ideologia rombuda. Segundo consta, foi produzido com a participação de pesquisadores do instituto e com a colaboração do Ministério da Justiça. Pé de jaca não produz maçãs, não é mesmo?

O petismo não tem como explicar a carnificina em que se transformou o país em sua gestão e agora busca culpar aqueles que acham que lugar de bandido é na cadeia.

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Bem, não me estranha que muitos deles possam achar que lugar de bandido é no governo, nas estatais, nos ministérios e concedendo entrevistas sobre o nosso futuro. O Ipea deveria estudar o impacto que a roubalheira oficial tem na formação da moralidade média do brasileiro.

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