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Doria 1- Barrar volta da esquerda: dever que direita xucra ignora

O prefeito é parte, sim, da desconstrução da política, mas é seu capítulo virtuoso. Não é um daqueles tradicionais que a Lava Jato gostaria de enforcar

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 23 fev 2017, 12h26 - Publicado em 21 fev 2017, 07h05

 

Vamos ver. O prefeito de São Paulo, João Doria, de volta dos Emirados Árabes — esteve lá em busca de investimentos —, foi ao Palácio dos Bandeirantes nesta segunda. Disse ao governador Geraldo Alckmin que ele próprio, Doria, não pensa na Presidência. Por que o fez? Porque, ainda que não pense, outros certamente estão pensando.

É evidente que Doria não vai esquecer — e ele tem uma memória e tanto — o que Alckmin fez por sua candidatura, não? O governador a bancou contra tudo e contra todos. Comprou briga no próprio PSDB. Rachou o partido.

As almas penadas de sempre, que que se refestelam na lama das teorias conspiratórias, chegaram a lançar uma das suas: o governador, então, só teria apostado no nome do empresário para viabilizar, em São Paulo, a vitória de Fernando Haddad, que carregava como vice Gabriel Chalita, amigo de Alckmin há muitos anos.

Assim, João Doria estaria deixando, então, a sua condição de empresário bem-sucedido para ser um mero cavalo de Troia. Bem, não creio que tenha ficado rico sendo o bobo que se imaginava.

E aconteceu um fenômeno como nunca antes da história eleitoral de São Paulo e do país. O quase desconhecido — do grande eleitorado — Doria alcançou o primeiro lugar depois de 20 dias. E, numa virada de fim de semana, este blog anunciou primeiro, surgiu a possibilidade de vencer no primeiro turno.

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Doria fez a mais antipetista de todas as campanhas do país sem disparar uma única ofensa contra adversários. O seu segredo esteve na clareza com que disse o que queria e o que não queria. O fenômeno ainda não parou de gerar frutos.

Ele sabe, e todos sabem, que a gestão é, até aqui, bem vista pelos paulistanos e que ele se tornou uma espécie de demanda que ultrapassa os limites da cidade. Está presente no interior de São Paulo e nos demais estados. Todos querem um “Doria” para resolver problemas, não para bordá-los com dificuldades novas. Sim, é verdade: ele ainda não teve tempo de resolver nada. Mas os sinais são bons.

Isso faz dele um candidatável à Presidência ou mesmo ao governo de São Paulo? Bem, meus caros, se existe um lugar em que o reino da necessidade se impõe sem pudor é a política. As dificuldades são imensas. Um prefeito bem avaliado que deixa a administração para se candidatar a outro cargo pode sofrer também prejuízo eleitoral. José Serra saiu aplaudido da Prefeitura em 2006 e se elegeu governador no primeiro turno. Em 2010, quando disputou a Presidência, aquela renúncia lhe custou caro.

Vivemos outros tempos, é claro. A Lava Jato tornou relativos todos os absolutos.

Para qualquer pessoa preocupada com o futuro do Brasil, o quadro eleitoral que se vislumbra é assustador. Sim, ainda é muito cedo, mas não há por que ignorar evidências. Que a direita xucra e a Lava Jato promoveram uma razia no processo político, que está recuperando as esquerdas dos escombros, eis um fato inegável. A destruição do que mal chamam “classe política” sempre serve a demagogos. Eis Lula em primeiro lugar numa pesquisa e Bolsonaro em segundo.

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Não dá para ignorar o fato de que Doria é parte, sim, dessa desconstrução em curso, mas é seu capítulo virtuoso. Não pode ser considerado um daqueles ditos políticos tradicionais que a Lava Jato gostaria de enforcar com a tripa do último burguês. Por isso se mostra infenso ao desgaste que hoje colhe a categoria.

Sim, tudo depende do fator… Lava Jato. Eu torço para que Doria conclua seu mandato à frente na Prefeitura porque quero ver essa experiência até o fim e o que vem depois. Escreverei outro post a respeito. Mas não seria eu a advogar que, para preservar a gestão de Doria em São Paulo, deve-se devolver o país às esquerdas.

Em política, as coisas devem ser lidas assim: Doria não quer ser candidato à Presidência. E não será. A menos que seja necessário.

Organizar-se, segundo as regras da democracia, para impedir a esquerda de chegar ao poder é um dever patriótico.

 

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