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Brotheragem: Se o homem é um animal político, Renan é super-homem

O senador adere ao discurso de Lula e passa a atacar as reformas; é desespero eleitoral. Sua reeleição ao Senado é considerada hoje improvável

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 3 abr 2017, 07h07 - Publicado em 3 abr 2017, 05h31

E Renan Calheiros (PMDB-AL), hein? Agora ele decidiu ser adversário do governo. Michel Temer — que o senador hostilizou ao tempo em que era presidente do Senado, e o outro, vice-presidente — voltou a ser seu alvo fixo.

Mas, afinal, o que quer Renan? Certamente Freud responderia ser mais fácil saber o querem as mulheres, rsss.

Antes de tratar desses quereres, algumas considerações.

Super-homem
Vocês sabem como os gregos gostavam de deixar frases e conceitos para a posteridade. Parece até que sabiam que um dia, muitos séculos depois, um articulista qualquer escreveria: “Como disse Aristóteles…” — nesse caso, a citação tem de ser literal. Ou então: “Como diria Platão…” — aí é para quando você imagina o que diria o dito-cujo diante da situação que você enunciou.

Por que é que Aristóteles disse que “o homem é um animal político?” A resposta é simples. Porque ele ainda não conhecia Renan, hoje líder do PMDB no Senado. Se ressuscitado e privasse da intimidade do Napoleão de Murici, acompanhasse sua trajetória política, Aristóteles inescapavelmente diria: “Renan é um super-homem”.

Então ficamos assim: se o homem é um animal político, Renan Calheiros é um super-homem.

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Sua trajetória realmente impressiona. O homem é investigado em… 11 inquéritos: oito dizem respeito à Lava Jato; um é da Operação Zelotes; outro está relacionado a fraudes na usina de Belo Monte, e um último investiga operações financeiras suspeitas. E já é réu por peculato, naquele caso em que é acusado de ter pagado pensão a uma filha, nascida fora do seu casamento, com recursos de uma empreiteira.

Pois é… Até agora, apesar disso tudo, o sr. Rodrigo Janot, procurador-geral da República, denunciou o senador uma única vez, em dezembro do ano passado. O pedido para que se torne réu ao menos uma vez na Lava Jato está no tribunal desde 12 de dezembro. Todos se lembram da celeridade da PGR quando o assunto era Eduardo Cunha, não? Renan parece ter o incrível dom de fazer o tempo andar mais devagar.

Vamos nos lembrar. No fim de 2015, Renan se juntou a Dilma contra Michel Temer, e o Planalto dilmista decidiu destituir o então vice-presidente e seus aliados do comando do PMDB. Por que Renan agia daquela maneira? Apostava, por alguma razão, que, caso se mantivesse fiel à então presidente, iria se complicar menos na Lava Jato.

E hoje?
Renan está numa situação difícil. Seu mandato expira em 2018. É pouco provável que seja condenado, se vier a sê-lo, antes da disputa. A sua dificuldade, nesse particular, é com o eleitor. A chance de ganhar um quarto mandato no Senado — seriam 32 anos só nessa Casa! — é considerada remota.

Então Renan decidiu… Bem, Renan decidiu atacar o governo do presidente Michel Temer. E não por seus eventuais defeitos, mas por suas qualidades. Opôs-se, por exemplo, à sanção da lei das terceirizações. Já fez críticas à reforma trabalhista e está longe de ser um entusiasta da reforma da Previdência.

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Como esquecer? Antes de fazer o acordão com a turma da Dilma, ao qual se manteve fiel quase até o fim, Renan também atacou a então presidente. No dia 1º de maio de 2015, em rede nacional de rádio e televisão, criticou o ajuste fiscal proposto por Joaquim Levy. Os petistas diziam a mesma coisa…

De volta
Renan e Lula jamais se desentenderam. São “brothers”, entendem? E essa “brotheragem” pode resultar numa aliança política em Alagoas, mas, é certo, com repercussão fora de lá. Afinal, Renan é figura influente no PMDB — tanto é que se impôs como líder do partido no Senado. O “Rei dos Inquéritos” pode ser um primeiro sinal de que o petismo busca romper o isolamento a que foi relegado pela Lava Jato.

Num vídeo postado nas redes sociais neste domingo, disse o senador:

“A sanção presidencial da terceirização irrestrita e a insistência do governo em fazer essa reforma da Previdência, que pune trabalhadores e o Nordeste, significa dizer que o governo continua errático e, quem não ouve erra sozinho”.

Se disser isso com a voz rouca e grave e com a língua presa, só fica faltando a barba.

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É isto: Lula e Renan estão de “brotheragem”.

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