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A nota asquerosa da embaixada do Irã em defesa de um molestador de crianças. Ou: A reação de uma ditadura que odeia as mulheres

A Embaixada do Irã no Brasil emitiu uma nota nojenta sobre o seu molestador de crianças. Leiam trechos de uma reportagem da Agência Brasil. Volto em seguida. A Embaixada do Irã reagiu às denúncias de abuso sexual, atribuídas a um diplomata, de 51 anos, do país. Em nota divulgada na quarta-feira à noite, a representação […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 09h04 - Publicado em 19 abr 2012, 16h44

A Embaixada do Irã no Brasil emitiu uma nota nojenta sobre o seu molestador de crianças. Leiam trechos de uma reportagem da Agência Brasil. Volto em seguida.

A Embaixada do Irã reagiu às denúncias de abuso sexual, atribuídas a um diplomata, de 51 anos, do país. Em nota divulgada na quarta-feira à noite, a representação diplomática informou que houve um “mal-entendido” na interpretação dos fatos devido às “diferenças culturais” entre iranianos e brasileiros. Também condenou a imprensa nacional por considerá-la tendenciosa e discriminatória no que se refere ao Irã.

“Essa missão diplomática declara que a acusação levantada contra o diplomata iraniano é exclusivamente um mal-entendido decorrente das diferenças nos comportamentos culturais [entre iranianos e brasileiros]”, diz a nota.
(…)
“Nesse sentido também expressamos energicamente o nosso protesto e indignação relativo ao tratamento e à maneira como a mídia, geralmente tendenciosa, trata as coisas relativas a alguns países, entre eles o Irã”, diz ainda o comunicado. “[A reação da mídia brasileira] demonstra nitidamente um comportamento intencional, propositado e imparcial“, acrescenta.

Na quarta-feira, o Ministério das Relações Exteriores recebeu informações da Polícia Civil do Distrito Federal sobre as acusações envolvendo o diplomata iraniano e decidiu notificar oficialmente a Embaixada do Irã no Brasil. Mas, antes, serão conduzidas investigações em relação ao caso. O iraniano dispõe de imunidade diplomática e não pode ser investigado nem incriminado como os cidadãos comuns.

Parentes das crianças estiveram no Itamaraty para pedir ao governo federal providências em relação ao caso. O diplomata iraniano é acusado de ter assediado sexualmente crianças e adolescentes de 9 a 14 anos na piscina de um clube da capital federal, localizado em área nobre da cidade.Segundo relato das famílias e dos salva-vidas do clube, o homem acariciou as partes íntimas das crianças quando mergulhava na piscina, no sábado passado (14). Pais e mães das crianças e adolescentes fizeram um boletim de ocorrência na 1ª Delegacia de Polícia Civil. O diplomata foi ouvido e liberado em seguida.

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De acordo com a Convenção de Viena, um diplomata não pode ser processado ou preso no Brasil. Nesses casos, pode sofrer punições somente se o país de origem retirar a imunidade diplomática ou for declarado persona non grata pelo governo brasileiro, sendo expulso do território e impedido de ingressar. No entanto, o diplomata não está isento de ser alvo de processo em sua terra natal. No Irã, crimes sexuais são julgados de acordo com a Sharia – código de conduta e moral regido pelo Alcorão, livro sagrado do islamismo. Desde a revolução islâmica em 1979, o país é uma república orientada pelos preceitos da religião.

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Reparem na palavra em negrito. Ou a Agência Brasil errou na transcrição de trecho da nota, ou a Embaixada do Irã no Brasil não sabe, a exemplo dos petralhas, a diferença entre “parcial” e “imparcial”. Eles vivem botando as patas na área de comentários do blog me exortando a ser “menos imparcial”, se é que vocês me entendem… Mas vamos ao caso.

“Diferenças culturais”??? Por quê? No Irã, a cultura permite que um canalha de 51 anos acaricie a genitália de meninas? Ou o taradão, de fato desacostumado a conviver em ambientes públicos com mulheres e crianças em trajes de banho — já que aquela ditadura asquerosa o proíbe —, achou que tinha o direito de manifestar sua “cultura diferenciada”? Por que, então, em nome dos seus valores, não ficou longe da piscina?

É muito atrevimento a embaixada de um país que vive sob uma ditadura religiosa, que trata a divergência na base da bala e do porrete, que discrimina as mulheres, que as condena ainda ao apedrejamento, criticar a imprensa de um país livre. Preconceito contra o Irã? É mesmo?

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O molestador, consta, já deixou o país. O Itamaraty não tem o que fazer nesse particular. Mas caberia, sim, uma manifestação de repúdio à nota da Embaixada, que representa, afinal, o governo do Irã. Ela é acintosa.

Aguardo a reação das ONGs e movimentos sociais que defendem crianças e mulheres. Ou vão silenciar diante da óbvia ofensa proferida pelo governo dos “companheiros” iranianos? E Lula? Resistirá à tentação de se solidarizar com seu amigo Mahamoud Ahmadinejad?

Para arrematar: antes dessa nota, vá lá, estávamos diante de um desvio de comportamento de um cidadão iraniano. Depois dela, temos o endosso do governo do Irã à ação do molestador.

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