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Sem espírito de porco: Olimpíada rotativa ainda é uma ideia viável?

Proposta a alternativa a começar tudo do zero, de quatro em quatro anos, é fazer da Grécia a sede permanente

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 5 dez 2016, 11h20 - Publicado em 3 ago 2016, 11h14
Tocha protegida: retornar os jogos à sede original teria algumas vantagens

Tocha protegida: retornar os jogos à sede original teria algumas vantagens

O que será escrito a seguir nada tem a ver com o que está acontecendo no Rio olímpico. O que tem que ser, será. Também não é motivado por um ânimo anti-capitalista que vê na grande competição apenas um culto a Nike, não a deusa grega da vitória, mas o império multinacional dos calçados esportivos.

Nem pelas manchetes sobre a situação pré-jogos, embora elas continuem mostrando menos espírito olímpico e mais espírito de porco. Apagaram a tocha. Jogaram extintor de incêndio na tocha. Caiu a mulher que levava a tocha. Caiu a rampa da vela. Não engulam água (para atletas aquáticos e turistas). Incêndio na vila. Outro incêndio na vila. Gisele Bündchen será “roubada” no show de abertura. Ao som de Garota de Ipanema.

A ideia é que os esportes olímpicos aumentaram de tal maneira que se tornaram um ônus insustentável para qualquer cidade. Mesmo que não houvesse falta de estrutura, de organização e de honestidade, construir instalações para 42 modalidades esportivas custa muito caro e redunda em poucos benefícios permanentes.

Qual a utilidade de um campo de golfe novinho em folha que sequer será usado pelos maiores campeões da modalidade, espantados pelo vírus da zika? Sem contar que fica mais difícil encontrar uma palavra em latim que descreva bolinha no buraco para acrescentar ao lema  olímpico clássico: Citius, Altius, Fortius (mais rápido, mais alto, mais forte).

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Num artigo de Andy  Bull para o Guardian, jornal que normalmente se dedica à causa preferida dos anti-olímpicos de esquerda – falar dos moradores pobres removidos para a construção de instalações esportivas -, um levantamento dos desinteressados em sediar os jogos mostra que tem um bocado de gente sem espírito olímpico.

Os Estados Unidos propuseram Boston como sede da Olimpíada de 2024, mas a cidade desistiu por falta de apoio da opinião pública – sem contar que o atentado terrorista na maratona de 2013 criaria um ambiente sinistro. Hamburgo caiu fora. A comissão de desenvolvimento de Toronto votou contra. Continuam na disputa Budapeste, Paris, Los Angeles e Roma. Nesta, a nova prefeita, Virginia Raggi, do Movimento Cinco Estrelas, já disse que é contra.

Christopher Gaffney, um especialista da Universidade de Zurique entrevistado pelo Guardian, estabelece uma relação entre desenvolvimento e desinteresse olímpico. “Onde existe uma população com bom nível de instrução que tenha uma imprensa relativamente livre, níveis relativamente altos de transparência administrativa e que tenha submetido a ideia a referendo, a Olimpíada sempre é rejeitada”, disse ele.

Vários defensores do movimento anti-olímpico propõem que a Grécia, berço da competição na antiguidade, seja transformada em sede permanente dos jogos. Dessa forma, seria evitada a eterna construção, a partir de zero, de instalações esportivas que acabam ganhando um ar de abandono mesmo em cidades como Londres, onde a competição foi um tremendo sucesso e os ginásios continuam a ser utilizados.

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Ninguém pode imaginar que o esporte de ponta volte a ser uma prática saudável e concomitante aos estudos universitários, pelo menos fora de Oxford (158 medalhas desde 1896). Também é tolice esperar que os prodígios alcançados pela ciência esportiva e pelo humano desejo de ser o melhor retornem a um estado de pureza original. Inclusive porque nos jogos da antiguidade existiam os mesmos componentes de egos surtados e exibicionismo. Orsipo, da cidade de Mégara, perdeu a tanga durante a competição de corrida do ano 720 BC, instaurando a novidade dos atletas despidos, embora o historiador Pausânia tenha escrito séculos depois que “na minha opinião, ele deixou cair de propósito”.

Com uma sede permanente para as modalidades esportivas, países concorrentes poderiam disputar o espetáculo de abertura. Por que não fazer um concurso, como o maravilhosamente brega Eurovision, uma disputa musical que engolfa países da Europa e adjacências? Os participantes iriam sendo eliminados por votação popular.

O Brasil poderia voltar a participar, com tempo de sobra para ter ideias criativas e originais. Gisele Bündchen, por exemplo. Ao som de Garota de Ipanema.

 

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