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Estilista sai do armário: Trump e o fenômeno cisne negro

Filipino que fez o vestido trumpista de cantora para o Grammy é uma ave rara e imprevisível, como o próprio presidente americano

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 30 jul 2020, 21h02 - Publicado em 13 fev 2017, 14h03

No mar de incertezas por onde navegam atualmente os americanos, três coisas são garantidas. Muita gente sabe agora que existe uma cantora chamada Joy Villa, que usou na festa dos prêmios Grammy  um vestido com o slogan de Donald Trump bordado na frente – Make America Great Again, ou MAGA – e o nome do presidente resplandecendo na cauda. 

Mais pessoas também descobriram um estilista chamado Andre Siriano, responsável pelo vestido. Filipino, gay e jovem, Siriano é uma raridade espantosa no mundo da moda, cinema, música, cultura etc – basta verificar a quantidade de artistas que fizeram protestos explícitos ou indiretos contra Trump. 

Siriano disse que votou no presidente e ficou revoltado quando sua venerada Madonna declarou durante as manifestações no dia seguinte à posse que havia pensado em “explodir a Casa Branca”.

Sair do armário dessa maneira tão contra a corrente que pode ser comparado ao próprio Trump, cuja eleição foi colocada na categoria “cisne negro”, a de fenômenos altamente improváveis. A referência é ao livro de 2007 de Nassim Taleb, ensaísta, analista de risco, estatístico e pensador pouco convencional que trata de eventos raros e imprevisíveis e das explicações simplistas que provocam retroativamente. 

Taleb é o terceiro personagem que ficou mais conhecido recentemente- sem aparecer no Grammy e nem dar declarações sobre suas complexas teorias. Seu nome ressurgiu por causa de Steve Bannon, um dos responsáveis pela improvável vitória eleitoral de Trump, promovido a ideólogo e conselheiro presidencial.

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Bannon é um dos responsáveis pela formatação do ideário da nova direita populista e anti-sistema, erroneamente qualificado como defensor do “nacionalismo branco”, de teor racista. Com os cabelos desarrumados, o excesso de peso, o rosto vermelho e a ausência quase permanente de terno e gravata, parece estar sempre à beira de um ataque cardíaco e tem sido satirizado como uma apavorante eminência parda.

Leitor compulsivo, está longe de ser um teórico com formação profissional, mas se identifica com autores interessados em temas como a ruptura civilizacional provocada pelos avanços estonteantes da tecnologia. 

 É um assunto de enorme atualidade, evidentemente, e abordado por muitos autores. Mas bastou aparecer na lista de interesses de Bannon para que antitrumpistas falassem até em sua “perigosa lista de livros”. 

A má vontade se estendeu a Nassim Taleb, um dos “autores obscuros” da lista de Bannon. Nem a história original dele provou alguma curiosidade. Taleb é árabe, libanês, de família cristã ortodoxa. Seu sobrenome significa “estudante” e deu origem aos Talibãs – discípulos  das escolas que ensinam uma versão fundamentalista do Islã- no Afeganistão.

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O título do livro mais conhecido de Taleb foi tirado de uma das máximas de Juvenal, o  poeta romano. Uma mulher valorosa como as sabinas, as lendárias “mães” forçadas da Roma antiga, é uma  rara avis in terras nigroque similina cygnu. Ave rara como um cisne negro. 

Mas a maior fonte de inspiração para Bannon provavelmente veio de outro livro de Taleb, Antifrágil, Coisas que se Beneficiam com o Caos. O título é autoexplicativo, mas vale um resumo: “Algumas coisas se beneficiam com os choques; prosperam e crescem quando expostas à volatilidade, ao acaso, à desordem e a fatores estressantes; e amam a aventura, o risco e a incerteza”.

É praticamente uma definição da campanha e das primeiras semanas do governo Trump. Será que Joy Villa e Andre Siriano andaram lendo Nassim Taleb?

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