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Como Donald Trump põe inimigos para trabalhar duro em seu favor

Protestos violentos e a tática do "falem mal, mas falem de mim" redundam em espaço cada vez maior para o candidato

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 5 dez 2016, 11h21 - Publicado em 1 Maio 2016, 14h08
Capitão México: votos indiretos para o candidato insultado no cartaz

Capitão México: votos indiretos para o candidato insultado no cartaz

Até metade de março, quando foi feito o último levantamento, os inimigos de Donald Trump já haviam investido quase 2 bilhões de dólares em sua campanha para ser o candidato republicano a presidente.

Desde então, essa contribuição aumentou muito, chegando ao ápice nos últimos dias, quando manifestantes fizeram extensos protestos, indo do ridículo ao violento, durante a convenção para as eleições prévias na Califórnia.

Ver gangues de origem mexicana pedindo não só a morte ou coisa pior para Trump, mas a instauração de um país, ou equivalente, com o antigo nome de Aztlán, a terra dos astecas, onde hoje ficam a Califórnia e outros estados vizinhos americanos não pega nada bem para uma boa parte do eleitorado.

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Não é preciso ser “branco” ou “capitalista”, dois dos insultos mais frequentes, para perceber que existe uma animosidade brutal contra cidadãos americanos dentro de seu próprio país. E não é preciso ser um gênio do marketing político para entender como isso produz um efeito positivo para Trump.

Quando ele diz que pessoas de origem mexicana são muitas vezes criminosas e pessoas assim agem exatamente da maneira descrita, atacam carros de polícia, bloqueiam estradas, agridem participantes dos comícios de Trump e queimam bandeiras americanas, quem pode sair ganhando?

Os últimos três dias foram simbólicos dessa ajuda involuntária porque na campanha anti-Trump que se transforma em pró-Trump participaram desde “latinos” tatuados com os símbolos da bandidagem até o presidente Barack Obama.

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Durante um jantar anual oferecido a jornalistas que cobrem a Casa Branca e tradicionalmente dedicado ao humor autodepreciativo, Obama disparou a maior parte de suas piadinhas contra Trump. Como, aliás, já tinha feito no jantar do ano passado, quando Trump nem era candidato.

Presidente em fim de mandato, Obama tem se concentrado em fazer o que quer, pois não tem mais eleição a disputar. E o que ele mais quer é falar mal de Trump. Ajuda, portanto, na incessante presença do candidato em todos os meios de comunicação.

É assim que se produziram os quase 2 bilhões de dólares dados pelos inimigos a Trump. Na lista de inimigos, inclui-se praticamente toda a imprensa e todo o mundo político, pois Trump é odiado principalmente por líderes do Partido Republicano.

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No levantamento feito quando o campo de disputa pela candidatura presidencial ainda não havia se estreitado, o hoje esquecido Jeb Bush, esperança dos conservadores tradicionais que enchiam seus cofres de campanha, estava no topo da lista de gastos com propaganda política, com 82 milhões de dólares.

Marco Rubio vinha em seguida, com 55 milhões. Entre os democratas, Bernie Sanders e Hillary Clinton praticamente estavam empatados na faixa dos 28 milhões de dólares. Por sua posição especial, Hillary também desfruta de enorme cobertura gratuita, que foi avaliada em 746 milhões de dólares. Agora, atenção para os números de Trump: tinha gasto 10 milhões de dólares até o fim de fevereiro, contra 1,89 bilhão em exposição gratuita.

É impossível cravar quanto do que Trump diz ou faz tem por objetivo exatamente maximizar essa cobertura. Seja de modo deliberado desde o início, seja por ter captado as tendências intuitivamente durante a campanha, Trump se tornou um especialista em explorar a ingenuidade de adversários, em especial jornalistas que acham que estão sendo espertos quando publicam uma foto do candidato com cara de mau, acusam-no de incitar a violência quando seus partidários são os atacados ou endossam acusações alucinadas, como a de que promove uma saudação fascista.

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Mas até quando não sabe que está aparecendo, Trump acaba tirando proveito. Na sexta-feira passada, ele teve que sair da comitiva de carros, numa estrada interrompida por manifestantes, e ir a pé até o hotel onde estava sendo realizada a convenção estadual republicana, em San Francisco.

No meio de uma fila indiana de agentes do Serviço Secreto, que dão proteção também a candidatos, Trump não parecia nada infeliz. Quando precisou de ajuda para descer um obstáculo, deixou transparecer o peso do colete a prova de balas que usa por baixo da camisa.

Imaginem o que poderia acontecer se Trump fosse alvo da violência proclamada, o tempo todo, por adversários que vão desde o megatraficante El Chapo até um colunista (conservador) do New York Times.

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Imaginem o que cidadãos brasileiros sentiriam se vissem imigrantes bolivianos queimando bandeiras nacionais. A hipótese é bem irreal, mas nossos vizinhos, trabalhadores esforçados que dão um duro danado quando procuram o sustento de suas famílias em São Paulo e outras cidades, poderiam teoricamente exigir a devolução do Acre ou alguma outra parte do Brasil.
Imaginem se um militante político de origem boliviana se fantasiasse de Capitão Bolívia, levando um cartaz com ofensas a um candidato presidencial brasileiro. Foi, por sinal, o que fez Erick Lopez, o Capitão México dos protestos de San Francisco.
Imaginem como Trump está adorando tudo isso.

Pelas pesquisas atuais, Trump perde para Hillary Clinton numa eleição presidencial – aliás, perde por margem maior se o candidato democrata fosse Bernie Sanders. Numa das pesquisas, Hillary tem 47% das preferências, contra 40% para Trump. Outros resultados: 46% contra 43%, 50% contra 39% e até empate, com 38%.

O rio da política eleitoral, portanto, continua fluído. E, como dizem todos os institutos, Trump perde se a eleição acontecesse no momento das pesquisas.

Imaginem como será uma campanha de Trump contra Hillary. Quem vai trabalhar a favor de quem, mesmo achando que está trabalhando contra?

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