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Cuide do seu coração e viva melhor: evite o tabagismo

O consumo do tabaco é um fator de risco para seis das oito causas principais de morte no mundo

Por Roberto Kalil
Atualizado em 17 out 2017, 18h47 - Publicado em 16 out 2017, 12h21

A  doença cardiovascular é a primeira causa de mortalidade no Brasil e provavelmente nas próximas décadas continuará sendo a grande responsável por internação e custos relacionados à saúde. Dentre as doenças cardiovasculares, a doença aterosclerótica é a grande vilã da população, sendo responsável pela doença coronária (angina e infarto) e pelos acidentes vasculares cerebrais (AVCs ou derrames). São conhecidos os principais fatores de risco para doença cardiovascular: hipertensão arterial, diabetes mellitus, história familiar, dislipidemia e tabagismo. São fatores associados a obesidade, o sedentarismo e o estresse emocional.

O tabagismo é um dos hábitos de vida mais prejudiciais à saúde. A fumaça do cigarro consiste de substâncias químicas voláteis (92%) e de material particulado (8%) resultantes da combustão do tabaco. A nicotina, uma amina terciária volátil, é o componente ativo mais importante do tabaco. Os componentes do tabaco que mais contribuem para os riscos à saúde são o monóxido de carbono, elemento da fase gasosa, e a nicotina e o alcatrão, substâncias das partículas da fumaça. A nicotina é a droga psicoativa que mais causa dependência. É responsável por acelerar o ritmo cardíaco e a pressão arterial, além de estimular o sistema nervoso central, levando a agitação e a distúrbios de memória. O hábito de fumar é responsável por mais mortes do que todas as outras drogas psicoativas juntas.

O consumo do tabaco é um fator de risco para seis das oito causas principais de morte no mundo: doenças cardíacas isquêmicas, acidentes vasculares cerebrais, infecções das vias aéreas inferiores, doença pulmonar obstrutiva crônica, tuberculose e cânceres de pulmão, traqueia e brônquio. Usado de qualquer forma (cigarro, cachimbo, rapé), é responsável por 90% de todos os cânceres de pulmão. Além disso, o consumo do tabaco pode trazer prejuízos para a saúde daqueles que são fumantes passivos, e para bebês de mães fumantes que podem nascer prematuramente ou com baixo peso. A fumaça ambiental dos cigarros também é responsável por causar danos à saúde, principalmente em asmáticos, crianças e adultos com tendência às doenças cardíacas, além de comprometer significativamente a qualidade do ar.
O tabagismo é responsável por:

– 200 mil mortes por ano no Brasil (23 pessoas por hora);
– 25% das mortes causadas por doença coronariana;
– 45% das mortes causadas por doença coronariana na faixa abaixo dos 60 anos;
– 85% das mortes causadas por bronquite e enfisema;
– 90% dos casos de câncer no pulmão (entre os 10% restantes, 1/3 é de fumantes passivos);
– 30% das mortes decorrentes de outros tipos de câncer tabaco-relacionados (boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga e colo do útero);
– 25% das doenças vasculares (derrame cerebral, trombose).

O tabagismo ainda pode causar:

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– impotência sexual no homem;
– complicações na gravidez;
– aneurismas arteriais;
– úlcera do aparelho digestivo;
– infecções respiratórias;
As estatísticas revelam que os fumantes comparados aos não fumantes apresentam risco:

– 10 vezes maior de adoecer de câncer de pulmão
– 5 vezes maior de sofrer infarto
– 5 vezes maior de desenvolver bronquite crônica e enfisema pulmonar
– 2 vezes maior de ter derrame cerebral

A boa notícia é que ao parar de fumar, o risco de ter essas doenças vai diminuindo gradativamente e o organismo vai se restabelecendo. É normal, que, ao parar de fumar, os primeiros dias sejam os mais difíceis pela dependência que a nicotina causa por sua ação no sistema nervoso central, porém as dificuldades serão menores a cada dia.
A cessação do tabagismo resulta no restabelecimento progressivo da saúde corporal. Os efeitos imediatos do desaparecimento da nicotina no sangue são o controle da pressão arterial e dos batimentos cardíacos e a restauração do nível de oxigênio na circulação. Após 2 dias, o olfato tende a normalização, além do paciente perceber significativa melhora na respiração. Após 5 a 10 anos sem fumar, o risco de doenças cardiovasculares se igualar a de uma pessoa que nunca fumou. Assim, quanto mais cedo o indivíduo parar de fumar, menor o risco de câncer, doenças cardiovasculares e respiratórias.

Com o objetivo de parar de fumar sem sofrer, basta tomar a decisão de procurar por tratamento médico adequado. O tabagismo é uma doença. Não é doença do comportamento, ou hábito de vida. É doença do cérebro, com mais de 5 circuitos cerebrais envolvidos. Mudança comportamental não pode ser o único alicerce da interrupção. Estas tentativas frustram a maioria dos fumantes, e é um fator que atrasa a interrupção precoce do tabagismo. O fumante fica com a falsa ideia de que o problema é só dele, e que ele tem que resolver sozinho.
O recomendado é que o fumante seja avaliado pelo médico e este elabore a estratégia terapêutica, que pode envolver muito mais que abordagem comportamental, que é apenas parte do tratamento. Há médicos especialistas na área além de centros de controle do tabagismo em hospitais de referência. O acompanhamento médico (4 a 5 consultas) e o uso de medicação para o tratamento do tabagismo aumentam em 3 a 5 vezes chance de parar de fumar, e reduz chance de recaída precoce e ganho de peso.

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O tratamento atual do tabagismo prevê o uso da terapia escalonada que é a introdução gradual dos medicamentos, como se faz para tratar quem tem pressão alta, com a diferença que o paciente toma medicação por um período de 3 a 4 meses e depois são suspensos os remédios antitabaco. Assim como na hipertensão arterial, os pacientes são classificados com a doença em estágios como leve, moderada e grave. Na medida em que a doença é mais grave, mais medicação é necessária. Doença mais leve, às vezes, responde apenas à mudança no estilo de vida.
Não perca essa oportunidade de cuidar de sua saúde, de reduzir o risco de doenças graves – pare de fumar – ganhe vida.

 

Roberto Kalil Filho

 

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