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A importância do relacionamento humano na medicina

O cenário já está mudando, mas ainda falta maior foco na relação médico-paciente. Mais do que a técnica, é isso o que faz verdadeiros médicos

Por Marianne Pinotti
21 ago 2017, 12h48

Recebi em meu consultório esta semana uma senhora em seus 70 anos que havia sido paciente de meu pai há cerca de 30 anos quando ele a operou de um câncer de mama, do qual ficou curada. Me contava com muita emoção tudo aquilo que este grande médico, palavras dela, fez por ela e por sua família durante o pior momento de sua vida.

Descreveu desde a maneira com a qual ele a cumprimentou na chegada, de como explicou com ciência, mas otimismo, sobre a doença que a acometia e até como a abraçou quando se despediu. Descreveu como “o abraço da segurança”. O mais bonito da história é que ele a tratou em um hospital público, com muita dignidade.

 

Este fato me fez refletir sobre a relação médico-paciente nos dias de hoje. Como este encontro quase mágico, entre quem sofre e quem tem a possibilidade de oferecer conforto e cura, vêm se dando em nossa sociedade. Pouco se ensina nos cursos de medicina sobre a abordagem do paciente, a ética, o respeito, proteção legal com pacientes e médicos, o direito ao sigilo, à participação nas decisões sobre sua saúde e seu corpo.

Os jovens alunos se deparam com uma quantidade enorme de informações, se deslumbram com a ciência, mas não são, em sua grande maioria, preparados para lidar com seu dia a dia de médicos no futuro. Se recorremos à literatura, bastante extensa e complexa sobre o assunto, as definições e conclusões são descritivas, pouco fiéis à realidade e quase na sua totalidade frias, quando o assunto é tão “quente”.

O problema da falta de comunicação

Cito como exemplo uma que divide as relações médico-pacientes em quatro modelos: o sacerdotal, o engenheiro, o colegial e o contratualista. Os autores discutem que uma relação médico-paciente pouco comunicativa pode implicar em danos físicos e morais irreparáveis ao doente, além de punições severas aos médicos decorrentes de processos judiciais. Mas pouco há sobre como evitar tudo isso.

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Muita técnica, pouco relacionamento

Cada vez mais a formação médica é muito técnica, as especialidades se multiplicam e a quantidade de ciência produzida em todo o mundo é difícil se absorver. Não há dúvida que os médicos precisam se formar de maneira adequada e estudar durante toda a vida, se atualizando em congressos, cursos, simpósios e pós graduações.

Várias sociedades médicas exigem reciclagem constante de seus associados para que haja renovação do título de especialista. Tudo isso visa garantir que do ponto de vista técnico, nós médicos estejamos atualizados. Creio que este sistema vem se aprimorando e oferece cada vez mais segurança técnica aos pacientes.

Nada disso porém visa melhorar a relação que temos com nossos pacientes, parte fundamental no diagnóstico, tratamento, aderência ao tratamento e que fica renegada a segundo plano. Precisamos falar mais disso, tanto médicos quanto pacientes discutir esta questão, aprimorar.

Cumplicidade

Meu pai dizia que técnica todos podem aprender, mas fazer a diferença na vida daquele ou daquela paciente vulnerável, respeitando seu sofrimento, sua forma de compreender o que está passando com seu corpo, suas crenças, sua cultura; isso faz de nós verdadeiros médicos.

Enfim, aprendi em casa que medicina é uma profissão que se mistura com missão, e cada dia quando me levanto proponho a mim mesma fazer o melhor por cada uma de minhas pacientes, e isso passa necessariamente por um relacionamento afetivo e de cumplicidade.

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Quem faz Letra de Médico

Adilson Costa, dermatologista
Adriana Vilarinho, dermatologista
Ana Claudia Arantes, geriatra
Antonio Carlos do Nascimento, endocrinologista
Antônio Frasson, mastologista
Artur Timerman, infectologista
Arthur Cukiert, neurologista
Ben-Hur Ferraz Neto, cirurgião
Bernardo Garicochea, oncologista
Claudia Cozer Kalil, endocrinologista
Claudio Lottenberg, oftalmologista
Daniel Magnoni, nutrólogo
David Uip, infectologista
Edson Borges, especialista em reprodução assistida
Fernando Maluf, oncologista
Freddy Eliaschewitz, endocrinologista
Jardis Volpi, dermatologista
José Alexandre Crippa, psiquiatra
Ludhmila Hajjar, intensivista
Luiz Rohde,
psiquiatra
Luiz Kowalski, oncologista
Marcus Vinicius Bolivar Malachias, cardiologista
Marianne Pinotti, ginecologista
Mauro Fisberg, pediatra
Miguel Srougi, urologista
Paulo Hoff, oncologista
Paulo Zogaib, medico do esporte
Raul Cutait, cirurgião
Roberto Kalil – cardiologista
Ronaldo Laranjeira, psiquiatra
Salmo Raskin, geneticista
Sergio Podgaec, ginecologista
Sergio Simon, oncologista

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