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Por Coluna
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Oscar 2017: O Forrobodó

“La La Land” teve de passar o Oscar adiante para “Moonlight”, mas seu produtor fica com o troféu de sujeito mais classudo da noite

Por Isabela Boscov 27 fev 2017, 16h19

Sinceramente, fiquei preocupada com o assistente de palco, o que nas fotos aparece junto de Warren Beatty, com fone no ouvido: o cara estava cinza, e achei que ele ia infartar ali mesmo. E é para menos? Aqui na home da VEJA você encontra uma matéria sobre gafes em cerimônias do Oscar, mas nenhuma se compara ao forrobodó que se armou no prêmio principal da noite de ontem. Warren Beatty estranhou o que leu no envelope; enrolou; Faye Dunaway pressionou para ele anunciar logo; ele mostrou o cartão a ela, para explicar o porquê de sua ensebação; ela não pegou a dica, leu o cartão, viu La La Land, e anunciou. Todo o time do filme subiu ao palco, feliz, e começaram os discursos – mas já rolava um zunzunzum ali no fundo do palco. E aí, Jordan Horowitz, o produtor de La La Land, perdeu a estatueta de melhor filme, mas ficou com o troféu de sujeito mais classudo da noite: fez questão de chamar ele mesmo o time de Moonlight ao palco e dizer que não, não era brincadeira – o Oscar era deles. Horowitz comemorou a premiação do filme rival. Haja classe, sangue frio, generosidade, serenidade, graça, educação e, repito, classe.

Foi o final de Oscar mais emocionante da história da Academia, mas isso não se faz. Torci por Moonlight e fiquei feliz com a reviravolta no enredo. Mas deixar um time levantar a taça e então informar que foi engano? Que crueldade. O pessoal de La La Land passou por um constrangimento sem fim; ficou ali, diante das câmeras, completamente sem rebolado. O pessoal de Moonlight subiu ao palco no susto, de um jeito atabalhoado, e nem pôde comemorar direito. A plateia, boquiaberta (pode ver as fotos: é só queixo caído), não sabia o que pensar nem como reagir. A PriceWaterhouse, que desde tempos imemoriais tabula a votação e é responsável pela distribuição dos envelopes aos apresentadores, assumiu toda a culpa. Disse que não sabe ainda como isso aconteceu, mas uma duplicata do envelope com o nome de Emma Stone foi entregue a Beatty e Faye Dunaway. Não estou totalmente convencida. Emma Stone saiu do palco sem o envelope vermelho na mão; Leonardo DiCaprio, que deu a estatueta a ela, ainda o segurava. Emma disse que o envelope ficou em seu poder todo o tempo; ainda não vi foto que comprove isso. Teria DiCaprio devolvido o envelope dela, sem querer, ao sujeito da PriceWaterhouse, disparando a confusão? Seria Miss Colômbia a verdadeira ganhadora de melhor filme?

Furdunço à parte, a virada de Moonlight sobre La La Land cumpre um roteiro que ameaça todo filme que “incha” muito rápido e muito cedo na altura das indicações, lá por janeiro: é difícil sustentar o ímpeto na mesma intensidade durante o restante da corrida, e fica fácil a filmes que começaram menos badalados e foram sendo vistos depois crescer. Foi assim quando Shakespeare Apaixonado deu uma rasteira em O Resgate do Soldado Ryan, em 1999, e quando Crash levou a melhor sobre O Segredo de Brokeback Mountain, em 2006 (dois episódios em que um filme comparativamente irrelevante saiu vitorioso sobre um filme de influência muito mais duradoura – ao contrário do que se passou neste ano, em que, acredito eu, o filme que tem mais chances de vir a ser lembrado é que foi agraciado). A outra parte dessa equação: nesses casos, o Oscar de melhor diretor vira prêmio de consolação. Steven Spielberg ficou com o Oscar de direção por Soldado Ryan. Ang Lee levou por Brokeback Mountain. E Damien Chazelle ganhou por La La Land. Há um quê de hipocrisia nessa repartição solomônica das honrarias. Não é o jeito certo de tratar nem os diretores (tanto faz se perdedores ou vencedores), nem de fazer jus à importância do prêmio.

Este post fica por aqui. Em outro, mais tarde, comento o resultado nas outras categorias.

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