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Por Coluna
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Malasartes e o Duelo com a Morte

“Comédia-cordel” enche os olhos, mas carece de ligeireza

Por Isabela Boscov 12 ago 2017, 19h36

Presente no folclore brasileiro, português e ibero-americano em geral, Pedro Malasartes é o matuto cheio de astúcia e de manhas, que trapaceia a todos e se safa sempre com um novo expediente e também com sua graça – e, encarnando esse tipo, Mazzaropi fez uma carreira de sucesso sem paralelo no cinema nacional (sem paralelo mesmo; nem os Trapalhões venderam tanto ingresso quanto Mazzaropi). Na produção dirigida por Paulo Morelli, do filme e série Cidade dos Homens, porém, Malasartes entra na toada da “comédia-cordel” – um jeito de batizar o gênero em que, nos anos 2000, Selton Mello e o diretor Guel Arraes formaram uma dupla invencível com filmes como O Auto da Compadecida e Lisbela e o Prisioneiro. O saldo, no entanto, deixa a desejar: apesar da boa ideia de ressuscitar um tipo tão brasileiro, ao mesmo tempo ingênuo e malandro, Malasartes e o Duelo com a Morte ensaia várias decolagens, mas não alça voo de fato.

Malasartes e o Duelo com a Morte
(Paris Filmes/Divulgação)

Interpretado por Jesuíta Barbosa com um tiquinho mais de simplicidade do que seria desejável, Malasartes está na mira do furioso Próspero (Milhem Cortaz), a quem deve dinheiro e nunca paga. Malasartes, além disso, anda enrabichado pela formosa Áurea (Isis Valverde), irmã de Próspero, mas a enrola sem nenhuma intenção séria. Sua aposta para resolver os problemas está na visita que seu padrinho lhe fará naquele dia, seu aniversário de 21 anos. Malasartes nunca viu o padrinho, e sabe apenas que ele é algum tipo de figurão. Nem imagina quanto: trata-se, na verdade, da Morte (Júlio Andrade), que 2 000 anos antes roubou de um trio de mulheres, as Parcas, o direito de ceifar vidas, mas agora cansou-se da atribuição. Seu plano é que o afilhado o substitua. Nem as Parcas lideradas por Vera Holtz nem o assistente da Morte, o acovardado Esculápio (Leandro Hassum), gostam da ideia. Preferiam ficar eles mesmos com a incumbência, e vão assim tentar sabotar as tramoias da Morte – enquanto, do lado de lá, Malasartes se aproveita dos poderes que o padrinho lhe conferiu para ganhar uns trocados não muito honestos.

Malasartes e o Duelo com a Morte
(Paris Filmes/Divulgação)

Em suma, é um cenário um bocado intrincado esse que o filme tem de armar. Mas, curiosamente, ele rende pouco enredo. Com tanta coisa a explicar, Malasartes se alonga nos trechos passados no reino da Morte (aliás, criado com efeitos bons e bonitos), que são meio aborrecidos. E daí tem de passar correndo pela parte da trama ambientada na roça, na qual Malasartes arma suas confusões e trapaças – justamente a parte mais atraente e divertida, e a razão de ser do filme. Encher os olhos da plateia com visual bacana não é má ideia, claro. Mas, no frigir dos ovos, o que ela gostaria mesmo é de ser entretida com o humor e a manha dos personagens (e aí se destaca o meigo e crédulo Zé Candinho de Augusto Madeira), e a esperteza e a ligeireza dos diálogos. Não é por outra razão que, de Mazzaropi a Compadecida, passando por tantas outras criações do cinema nacional, o público nunca parou de achar graça nos finórios de bom coração.


Trailer

MALASARTES E O DUELO COM A MORTE
Brasil, 2017
Direção: Paulo Morelli
Com Jesuíta Barbosa, Isis Valverde, Júlio Andrade, Milhem Cortaz, Vera Holtz, Augusto Madeira, Leandro Hassum, Julia Ianina, Luciana Paes e a narração de Lima Duarte
Distribuição: Paris Filmes
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