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Marcos Troyjo: Que sinais o Brasil pode captar do ‘brexit’?

Na fase de transição que agora se inicia, Londres quer mostrar, no âmbito do comércio, que está "aberta para negócios"

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h58 - Publicado em 1 abr 2017, 23h47

O governo britânico acaba de formalizar a Bruxelas sua decisão de deixar a União Europeia. O ‘brexit’ provavelmente representa o principal evento geopolítico desde a queda do Muro de Berlim.

Daqui a três anos e meio, os eleitores podem mandar o atual titular da Casa Branca de volta para a Trump Tower. Se isso acontecer, os EUA tenderiam a reassumir um discurso de liderança na abertura de mercados e na cooperação com seus aliados. Embora a eleição de Donald Trump carregue impactos globais potencialmente maiores —dada a própria envergadura do poder norte-americano—, ela não dispõe do mesmo grau de “perenidade” que o “brexit” implica.

Washington poderia reconectar-se a projetos como o TPP (Parceria Transpacífico) ou voltar a desempenhar um papel construtivo nas tratativas globais sobre o clima. O mal que Trump pode causar aos EUA e ao mundo, excetuando-se é claro o campo militar, é hipoteticamente enorme. Contudo, o próprio ciclo democrático tem condições de corrigi-lo.

O “brexit”, por sua parte, marca um divórcio de mais de quatro décadas entre Londres e o continente. E, ainda que acordos comerciais e políticos entre britânicos e a UE sejam possíveis e prováveis, nada será como antes. Uma reversão completa daqui a alguns anos —um “brentrance”— não é concebível num futuro próximo.

A separação entre Reino Unido e UE emite ao Brasil sinais importantes. Alguns tem a forma de aprendizado. Outros, de oportunidades que se abrem. As razões que conduziram ao “brexit” são diferentes das que levariam a um desmantelamento do Mercosul. Fica, porém, a clara lição de que a integração regional não é destino, e tampouco “estado natural” das relações internacionais.

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Na Carta Magna brasileira a integração dos povos latino-americanos configura objetivo constitucional. Em nosso passaporte, logo na capa pode-se ler a inscrição “República Federativa do Brasil” e, próximo a ela, “Mercosul”, como se esta fosse uma realidade inescapável da condição nacional.

As experiências de nossa participação no Mercosul e em outras dinâmicas de integração regional, muitas delas fracassadas, ressaltam no entanto que nada pode ser considerado eterno. O Mercosul estaria em melhor estado se houvesse algum avanço em áreas específicas, como liberalização comercial ou integração logística.

De pouco valeu o dispêndio de tempo e energia na busca de objetivos mais ambiciosos ou grandiloquentes, como o de uma moeda comum ou a emissão de comunicados em que os países do grupo se posicionam sobre o processo de paz no Oriente Médio. Os dois sócios de maior economia no Mercosul —Brasil e Argentina— continuam com enorme desafio de sua harmonização fiscal interna ainda à frente.

Mais do que ensinamentos, o ‘brexit’ também traz oportunidades bastante concretas para o Brasil. Na fase de transição que agora se inicia, Londres quer mostrar, no âmbito do comércio, que está “aberta para negócios”. Os governo britânico quer agilizar —ao menos é este o tom que Theresa May vem apresentando ao mercado— alguns resultados concretos em termos de acordos comerciais.

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Aqui, vale sublinhar que nas muitas e difíceis negociações dos países do Cone Sul com a UE, o ator europeu com menos restrições à liberalização em produtos agrícolas era o Reino Unido. Isso abre excelentes perspectivas para o Brasil, seja na dimensão país-a-país, seja num eventual acordo Reino Unido-Mercosul.

E o ‘brexit’ ainda tem o mérito adicional, da ótica brasileira, de “incitar” Bruxelas a também concluir rapidamente acordos comerciais. Isto já repercute num empenho maior dos europeus num acordo com o Mercosul.

O caminho adiante para o Reino Unido será acompanhado com atenção por todos os atores internacionais. Muitos apostam na transformação do “brexit” em mais isolamento —um outro caso na já preocupante escalada protecionista em diversos países. Outros enxergam no divórcio a chance do Reino Unido voltar a ser um “global trader”. Se para este lado penderem os britânicos, o Brasil também pode ter muito a ganhar.

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