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Marcos Troyjo: Estamos vivendo num mundo ‘pós-ocidental’?

A ordem — e o sistema — contemporâneos apresentam feições fluidas demais

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h46 - Publicado em 2 set 2017, 23h39

A Grande Recessão de 2008, Trump, brexit, o baixo crescimento recente de EUA, Europa e América Latina (que o diplomata francês Alan Rouquié chamava de “Extremo Ocidente”) estão a simbolizar uma potencial transição.

Estaríamos migrando, em sincronia com a ascensão da Ásia-Pacífico, a uma “ordem pós-ocidental”. Este é um dos temas da importante conferência ‘Brazil+China Challenge 2017’ que se realiza nos dias 1 e 2 de setembro em Pequim.

‘Ordem” é uma espécie de “radiografia” de como se encontram distribuídos no mundo os fluxos de poder, riqueza e prestígio (soft power). Muitos estudiosos da cena global tratam as noções de “ordem” e “sistema” como sinônimos. No entanto, para melhor compreendermos as mudanças em curso, talvez seja útil adotar aqui uma diferenciação.

“Sistema” é o conjunto de instituições e normas lideradas e erigidas pelas principais potências de modo a refletir interesses e visões de mundo que emergem da “ordem”.

Nesse quadro, a ordem pós-Segunda Guerra Mundial exibia os EUA hegemônicos. Tratava-se não apenas do principal poderio militar, mas também de uma economia a representar metade do PIB mundial. E, claro, uma influência cultural em todos os quadrantes em marcada expansão.

Em mais de um sentido, interesses norte-americanos sobrepuseram-se ou aliaram-se aos dos europeus a partir de 1945, e é de tal confluência que se extrai o sentido contemporâneo de “Ocidente”.

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Mais do que a uma ideia de geografia, o termo “ocidental” remete a critérios amplos de economia de mercado, democracia representativa e Estado de direito. Dessa “ordem” ergueram-se as normas e instituições do “sistema” — FMI, Banco Mundial, Otan, etc.

Agora, quando se cogita um mundo “pós-ocidental”, as perguntas que devemos formular são portanto: “EUA e Europa não ocupam mais posições dominantes nos campos estratégico-militar, da prosperidade e dos valores?” Ou: “as instituições ocidentais encontram-se em declínio?”

No nível da ordem, interpretar a transição a uma fase pós-ocidental não é simples. Na esfera político-militar, EUA e a Otan continuam incontestes seja em forças convencionais ou poder de dissuasão.

Claro que o “clube nuclear” inclui países potencial ou abertamente antagônicos (como Rússia, Paquistão e, óbvio, Coreia do Norte) e hoje o dano fragmentário do terrorismo é perturbador. Nada emerge contudo, na forma de Estado-nação ou pacto internacional que possa equiparar-se à Aliança Ocidental (apesar das conhecidas críticas trumpianas ao Tratado do Atlântico Norte).

No plano da riqueza, aí sim, nos grandes agregados, Ocidente (the West) vê sua posição relativa diminuída ante a ascensão dos “outros” (the Rest). A emergência de China, Índia e demais coadjuvantes do Sudeste Asiático redimensionam o meridiano geoeconômico.

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No campo do prestígio (soft power), é visível o declínio ocidental, mas não surge em seu lugar uma alternativa de contornos claros e potencialmente universalizáveis. O “sonho americano”, por exemplo, não está sendo substituído por um “sonho chinês”.

E, seguro, no âmbito “sistêmico” é inegável que a arremetida do “Rest” e particularmente da China traz consigo a criação de uma família de instituições a refletir as novas realidades de capacidade econômica.

Mesmo assim, o Novo Banco de Desenvolvimento (Banco dos BRICS), e as diferentes agências criadas recentemente sob liderança chinesa na Ásia-Pacífico e na Eurásia não substituem as instituições arquitetadas no período de patente predomínio ocidental.

Apenas aumentam o leque de opções para o financiamento do desenvolvimento no qual, ainda assim, as necessidades em muito superam as fontes de investimento.

A ordem — e o sistema — contemporâneos apresentam feições fluidas demais. Não é uma hegemonia “chinesa”, “asiática” ou “emergente” a substituir o paradigma ocidental.

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Trata-se, sim, de uma dimensão “polimorfa” em que protagonistas (EUA e China) e uma série de coadjuvantes (Rússia, Alemanha, Japão, Índia) nada desprezíveis disputam um jogo ainda plenamente em aberto.

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