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Dora Kramer: Da Omertà a Murici

Guerra à "sangria" vira tiroteio nos pés

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 21h00 - Publicado em 11 mar 2017, 13h47

Publicado na edição impressa de VEJA

Fazer tudo errado esperando que sempre dê certo é um risco. A tal história: o crime compensa até o dia em que a legalidade vai buscar sua recompensa e desorganiza o cenário, aturde os personagens, desnorteia a direção. Assim está o ambiente no Planalto Central, adjacências ou em qualquer parte por onde circulem excelências da política e habitantes do mundo de negócios escusos.

O atordoamento atinge em especial o coração do governo. Aquilo que de maneira horrível se convencionou chamar de “núcleo duro”. Ali reina a mais absoluta confusão, a despeito da calma aparente do senhor presidente. Estivesse realmente tranquilo, a cuidar da economia e de administrar com a eficácia dos experts uma base de proporções amazônicas no Congresso, Michel Temer não teria permitido que o amigo José Yunes lançasse ao mar o penúltimo sobrevivente do time de ministros da estrita confiança, deixando-o à mercê da segunda divisão e só a ponto de depender de uma história mal contada para tentar tirar o corpo fora.

Não passa pelo crivo do bom-senso a ideia de que Yunes dissesse ter sido usado por Eliseu Padilha como “mula” – termo pesado, aplicado ao tráfico de drogas – sem o conhecimento e o aval da chefia. Aplicou-se, ali, a velha lei de murici, cujo artigo único manda que cada um cuide de si. O problema é que os personagens o fazem ligados no modo barata-voa, acostumados que estavam a outro tipo de regra. Aquela de origem italiana, cujo artigo primeiro manda que se calem, o segundo que não colaborem com as autoridades e o terceiro que um não interfira nos negócios do outro.

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O uso do cachimbo da omertà os deixou com a boca e a mente tortas para o exercício dos ditames de murici. São péssimos inventores de enredos, piores ainda no quesito construção de escapatórias. A cada tentativa de “estancar a sangria”, o sangue verte com maior força. Diríamos das veias abertas pela Lava Jato se não soasse a literatura barata. Os truques resultaram em recuos forçados e exposição de mentiras deslavadas. Um exemplo: seus autores reivindicam anistia para usuários de caixa dois no financiamento das respectivas campanhas e, no entanto, todos afirmam que as doações foram legais, por registradas na Justiça Eleitoral. Se estivesse tudo nos conformes da lei, não haveria razão para discutir anistia.

Outro: Marcelo Odebrecht se autointitula um “bobo da corte” em conveniente versão que complica as contas eleitorais da rainha deposta e alivia a situação do rei posto. Segundo ele, um interlocutor apenas protocolar, como se protocolo houvesse a ser cumprido em conversa entre presidente de partido (no caso também vice da República) e empresário financiador de campanhas e beneficiário de contratos com o governo.

Essas e outras manobras foram, são e serão inúteis no que tange aos objetivos de seus autores, não obstante prestem um grande serviço à nação ao se desnudar num inédito, porém civicamente didático, strip-tease (a)moral.

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