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Celso Arnaldo e a entrevista que virou piada: o jornalista português ainda está tentando entender como Dilma se tornou presidente

Por Celso Arnaldo Araújo Mea culpa: estávamos errados quando, sarcasticamente, dizíamos que a presidente Dilma, em suas andanças ou entrevistas internacionais, só não precisaria de intérprete em Portugal ou diante de um jornalista luso. Helena Chagas, titular da Secretaria de Comunicação Social de Dilma, cometeu um grave erro ao expor a chefe a um encontro, […]

Por Augusto Nunes
Atualizado em 31 jul 2020, 12h24 - Publicado em 1 abr 2011, 11h01

Por Celso Arnaldo Araújo

Mea culpa: estávamos errados quando, sarcasticamente, dizíamos que a presidente Dilma, em suas andanças ou entrevistas internacionais, só não precisaria de intérprete em Portugal ou diante de um jornalista luso.

Helena Chagas, titular da Secretaria de Comunicação Social de Dilma, cometeu um grave erro ao expor a chefe a um encontro, sem intermediários, com o premiadíssimo jornalista e escritor Miguel Sousa Tavares, oposicionista ferrenho do atual governo de seu país, um advogado com prosódia de Camilo Castelo Branco e porte de Lord Byron, que conhece o Brasil muito melhor do que sua entrevistada, mas que, depois da conversa, deve estar reconsiderando seu antigo desejo de morar aqui ─ pelo menos até dezembro de 2014.

Miguel fala português bonito, escorreito. O teratológico português de Dilma escorre miúdo de um raciocínio não-linguístico e não-lógico, o dilmês.

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A interpretação seria necessária, não para efeito da melhor compreensão das perguntas de Miguel ─ o que não melhoraria as respostas de Dilma ─ mas para verter a um idioma lusófono sadio as respostas de Dilma e assim poupar Miguel da tarefa estupefacta de tentar entender como a mulher à sua frente tornou-se presidente da República de um país tão querido de Portugal.

Uma intérprete do dilmês para o português não deixaria o grande jornalista e pensador luso voltar para casa com uma caravela de respostas sem nexo para exibir aos espectadores da SIC, Sociedade Independente de Comunicação, o primeiro canal de TV privado de Portugal.

(Aliás, vamos e venhamos ─ ou vênhamos, diria nossa presidente: uma estação de TV chamada SIC tem tudo a ver com Dilma. Sic, em latim, é “assim”, “deste modo” — uma expressão utilizada entre parêntesis após uma citação para indicar que uma ou mais palavras originais do texto estão reproduzidas fielmente, mesmo que estejam gramaticalmente ou ortograficamente erradas. Dilma é a presidente Sic ─ cada uma de suas falas, quando reproduzida fielmente, precisaria vir acompanhada de um piedoso sic entre parêntesis. No canal SIC, Dilma é Dilma por inteiro ─ sem necessidade de parêntesis.)

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Um intérprete habilidoso, versado em dilmês, tentaria converter para Miguel, em português que tivesse forma e sentido, os raciocínios tortos da presidente na penosa, mas risível, entrevista-piada:

“Nós sabemos, por experiência própria de mais de 20 anos, que a inflação não contribui para o desenvolvimento como muitas vezes alguns pensavam”.

“Nos tiramos da miséria em torno de 28 milhões de brasileiros, miséria ai considerada todos aqueles que ganham 70 reais, é, é, 70 reais de renda per capita”.

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“Tem uma parte da retirada das pessoas a partir de um determinado número da miséria que é como se você tivesse de customizá pra tirá”.

“Em qualquer território eu prefiro que não haja declaração de guerra”.

“O senhor Kadafi se enquadra numa situação fora de quaisquer princípios quando se respeita os direitos humanos”.

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“Eu não acho que Portugal é Europa. Eu acho que Portugal é Portugal”.

“Nós temos fronteiras bastante extensas no Brasil, tanto no que se refere à fronteira seca como a marítima, ou seja, o nosso litoral pro mar Atlântico”.

“Eu bloqueio a entrada de drogas pelas fronteiras e eu monto os esquemas de controle nas grandes cidades”.

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“Em duas grandes cidades do Brasil, o problema [das drogas] é simbólico – Rio e São Paulo”.

“Eu não diria que essa experiência do Rio de Janeiro é um grão de areia. Eu diria que já é uma quantidade de areia mais significativa”.

E então vem a passagem non sense do “mau feitio” de Dilma ─ que definitivamente contrapôs, na entrevista, usuários de idiomas e culturas diferentes. Nunca Brasil e Portugal estiveram tão distantes. E o mau feitio de Dilma deve ter sido a gota d´água que talvez faça Miguel Sousa Tavares rever o sentido do que disse sobre o Brasil, em 2009, profeticamente, numa entrevista ao Diário de Noticias de Lisboa:

“É um país novo, de que eu gosto há muitos anos. E sou muito bem tratado sem ser popular na rua, o que é óptimo. É um país optimista, não está cansado, não está desiludido, sem esperança. Mesmo que agora haja tanta asneira feita no Brasil, todos os dias, não é? Só que eles têm espaço e tempo para uma maior dose de asneira do que nós”.

Com Dilma no poder, e a ameaça real de muito mais constrangimentos, o feitio não é mau nem bom.

O feitio é de oração.

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