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Carlos Eduardo Sobral: A Lava Jato fez a lei valer para todos

Na entrevista com o presidente da Associação Nacional de Delegados da Polícia Federal foram abordados temas como o papel da PF no combate à corrupção

Por Augusto Nunes Atualizado em 1 ago 2017, 15h38 - Publicado em 1 ago 2017, 15h17

O convidado do Roda Viva desta segunda-feira foi o delegado Carlos Eduardo Sobral, presidente da Associação Nacional de Delegados de Polícia Federal. Paulista de Taquaritinga, onde nasceu há 40 anos, ele assumiu a Superintendência Regional da Polícia Federal em Rondônia logo depois do concurso público em que ingressou na carreira.

Antes de exercer a presidência da entidade que comandará até o fim deste ano, Sobral chefiou o Serviço de Repressão a Crimes Cibernéticos, em Brasília, e o Serviço de Análise de Dados de Inteligência Policial da Coordenação-Geral de Polícia Fazendária. Também participou da equipe que estruturou o projeto de Tecnologia da Informação da Olimpíada “Rio-2016”. A pauta de assuntos incluiu, entre outros, a Operação Lava Jato, o papel da Polícia Federal no combate à corrupção e as principais necessidades e reivindicações da instituição. Confira trechos da entrevista:

“O Brasil decidiu vencer um mal histórico que é a corrupção. Ainda não conseguimos vencê-lo, mas demos um grande passo com a Lava Jato. Essa operação conseguiu mostrar que a lei vale para todos, tanto os que corrompem quanto os que são corrompidos. E não podemos interromper esse processo sob o risco de acontecer o que houve na Itália, com a Operação Mãos Limpas”.

“A mensagem que o ministro da Justiça passou na semana passada, ao dizer que não haverá recursos para as operações da Polícia Federal, não é a que a sociedade quer ouvir. Uma operação não é algo que você para hoje e recomeça amanhã. Se você interrompe, é difícil retomar”.

“Combater a corrupção é enfrentar os grupos que estão no poder. Portanto, é natural num ambiente de corrupção generalizada, de um modelo de governança viciado, que esses grupos tentem interferir no bom andamento das operações. Não é uma interferência direta. Ela é feita por meio de uma desmotivação, da contingência de recursos”.

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“Quando entrei para a polícia federal, em 2001, estávamos em franco crescimento. Depois de alguns anos, começou a faltar recursos para capacitação de delegados e para a mobilização de pessoal para as operações, entre outras coisas. A grande demanda dos delegados foi por um diretor-geral que levasse a público essas dificuldades e isso não aconteceu”.

“A PEC 412 é muito simples. Ela diz que a Polícia Federal terá uma lei orgânica que a organize e garanta sua autonomia orçamentária para que a nossa prioridade não seja desviada. Gostaríamos de ter mais recursos para investir no combate à corrupção, por exemplo, mas muitas vezes isso é desviado para outros setores uma vez que não temos o controle”.

“O Ministério Público brigou para ter o direito de investigar. Por que agora, depois de conquistar isso, ele quer tirar da Polícia Federal o direito de ouvir a delação? De qualquer forma, em ambos os casos, quem estipula as penas e os benefícios é o juiz”.

“Os polícias envolvidos na Lava Jato fizeram diversas críticas às delações dos executivos da Odebrecht obtidas pelo Ministério Público porque consideraram que muitas estão incompletas. O teor da colaboração é insuficiente”.

“Nós não teríamos o combate à corrupção que temos hoje se não fosse o instrumento da delação premiada. Ela ainda é a melhor forma de se descobrir o funcionamento de uma organização criminosa, porque, quanto mais organizada ela é, mais distante está o líder dos atos de infração. Como investigar esse tipo de crime se não tiver a ajuda de alguém de dentro? Não tenho críticas ao instrumento da delação, mas à forma como algumas foram feitas”.

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“A colaboração premiada é um depoimento. Um meio para a obtenção de provas, mas insuficiente para uma condenação. Depois da colaboração é preciso que se inicie uma investigação que leve à descoberta de outras provas. Por isso ela precisa permanecer em sigilo, para que quando denunciarmos existam elementos suficientes”.

“Temos muito orgulho do respeito e carinho com que a população trata a Polícia Federal. Num passado recente, quando resolvemos que o combate à corrupção seria a prioridade da Polícia Federal, percebemos que era necessário acabar com a corrupção interna. Para isso, construímos uma grande área de inteligência. De 2001 a 2004 foi uma fase que olhamos para dentro e fizemos muitas operações que tiveram como alvo delegados de polícia. Hoje, conseguimos transformar a corrupção interna numa exceção”.

“O Brasil tem 8,5 mil quilômetros de fronteira seca e 7,5 mil quilômetros de fronteira marítima. Imaginar que é possível fiscalizar isso com pessoas é absurdo. Isso tem que ser feito com inteligência e monitoramento de rotas. Descobrir quem organiza, o que produz, sufocar o depósito, saber da estrutura de distribuição. Nossa solução foi investir nos veículos aéreos não-tripulados, os Vants”.

A bancada de entrevistadores reuniu os jornalistas Laura Diniz (Jota), Walter Nunes (Folha), Flávio Freire (O Globo), Julia Affonso (Estadão) e Murilo Ramos (Época). Com desenhos em tempo real do cartunista Paulo Caruso, o programa foi transmitido ao vivo pela TV Cultura.

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