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Por Filipe Vilicic
Crônicas do mundo tecnológico e ultraconectado de hoje. Por Filipe Vilicic, autor de 'O Clube dos Youtubers' e de 'O Clique de 1 Bilhão de Dólares'.
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Histórias do Vale do Silício que jamais ocorreriam no Brasil

Na revista que está nas bancas nesta semana, publiquei esta reportagem sobre empreendedores brasileiros que – em muito, diante da crise – se mudaram para o Vale do Silício. Leu, no link? Agora, compartilho três destaques de histórias dos bastidores da apuração, que são comuns ao ambiente do Vale (ou, como os profissionais do meio […]

Por Filipe Vilicic Atualizado em 30 jul 2020, 23h02 - Publicado em 12 abr 2016, 16h12

Na revista que está nas bancas nesta semana, publiquei esta reportagem sobre empreendedores brasileiros que – em muito, diante da crise – se mudaram para o Vale do Silício. Leu, no link? Agora, compartilho três destaques de histórias dos bastidores da apuração, que são comuns ao ambiente do Vale (ou, como os profissionais do meio gostam de falar, “ecossistema”), mas não no Brasil:

1 – Em meio a uma agradável conversa sobre idades, viradas de décadas da vida (ele, com 50, eu, com 30), com Marcelo Do Rio, fundador (dentre outras empresas) da Devassa, ele me mostrou como funciona o sistema de direção automática de seu Tesla S, carro elétrico de cerca de 70 mil dólares. O veículo se manobra sozinho, saindo da vaga e indo até seu dono (sem nenhum ser humano dentro dele). Nas ruas da cidade, acelera, breca, desvia, faz tudo, sem precisar de alguém no volante.

Por que não ocorreria no Brasil: 1º Não há Teslas por aqui 2º Carros automatizados, que se dirigem, ainda não são regularizados no país 3º mesmo se fossem, certa vez um engenheiro do Google, que trabalha no projeto do famoso automóvel que se dirige da empresa, comentou comigo que não daria certo no Brasil. Por quê? O trânsito é deveras imprevisível, cheio de irregularidades.

2 – Na entrevista com Gustavo Lemos, que fundou na Califórnia a empresa de gerenciamento de dados IDXP, ele me narrou um caso que, para ele, nunca teria sido possível no nosso país:

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“Era aluno de um curso em Stanford quando pedi a um professor para me ajudar com contatos no Vale do Silício. Ele, então, perguntou: o que você tem a oferecer em troca? Pensei, pela ‘mente de brasileiro’, que ele queria algo literalmente ‘em troca’. Na verdade, só queria saber de minha experiência, qual era minha ambição.

Logo, colocou-me em contato com Steve Ciesinski. Quando cheguei ao escritório do cara, descobri que ele era VP (hoje, tornou-se presidente) da SRI International (famoso centro de pesquisas de Stanford). Entrei na sala todo humilde, agradecendo o tempo do cara, mas ouvi de resposta um ‘fale obrigado depois de conversamos, quando você verá se realmente contribuí com algo’.

No início, falei de minha antiga empresa, e ele não se empolgou tanto. Quando comecei a detalhar o projeto que estava fazendo, do que hoje é a IDXP, ele adorou, pediu para a secretária desmarcar seus próximos compromissos, e continuou comigo. No fim, Steve se tornou um dos primeiros conselheiros de minha companhia. Isso jamais ocorreria no Brasil, onde pessoas que estão acima costumam se achar intocáveis, não dão bola ou crédito a empreendedores iniciantes.”

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– Isso não está no que lerá na revista, mas conto: Patrick Sigrist, fundador do iFood, é outro que decidiu rumar para o Vale do Silício após vender sua empresa no Brasil. Curiosidade: ele, porém, optou por virar “dono de casa” lá e até, segundo diz, cadastrou-se como motorista do Uber para matar o tempo. Mais uma situação que dificilmente aconteceria em terras brasileiras – até, convenhamos, por questões de segurança.

(Um empreendedor de sucesso dirigindo um Uber no Brasil? Não é a escolha mais segura a se fazer… já na Califórnia…)

Chama atenção como o Brasil, diante de dificuldades burocráticas (ou, seguindo uma piada costumeira, “burrocráticas”), empecilhos impostos por leis arcaicas, e pela falta de um cenário que motive empreendedores novatos, não constrói um ambiente adequado ao incentivo de novas tecnologias e de inovação, em geral – seja a vinda de laboratórios, ou da proveniente da iniciativa privada. Aí está o fator central (e desmotivador) que impossibilitaria histórias como as acima, só que encenadas em português, em nosso país.

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